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‘Ela esquece que o povo não tem memória curta’

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Por Edilson Damasceno – Do jornal de Fato

Se dependesse apenas do senador José Agripino, DEM, PMN, PSDB, PP, PV, PR, PMDB e PCS fariam uma frente única nas eleições deste ano, com alianças nas chapas majoritária e proporcional. Apesar de entender que esse seria o quadro ideal, o senador afirma que a decisão depende das conveniências do PV, PR e PMDB. “Gostaria que o PV fizesse parte da coligação oficial, tanto da majoritária quanto na proporcional. Gostaria que o senador Garibaldi Filho, que declarou claro apoio à senadora Rosalba, trouxesse o PMDB oficialmente para a coligação. E o próprio PR”, diz Agripino, acrescentando: “O que posso garantir, preliminarmente, é que Democratas, PSDB, PMN, PSC e PP farão aliança no plano majoritário e se inclinam fortemente para, também, fazerem aliança no plano da eleição proporcional para deputados estaduais e federais. A inclusão de outros partidos é desejada, mas não está na nossa capacidade decidir pelo sim ou pelo não”. Nesta entrevista, o líder estadual do Democratas responde às críticas feitas pela ex-governadora Wilma de Faria e se há a afinidade entre eleitores agripinistas e wilmistas.
José Agripino, senador
O senhor partirá para a disputa da reeleição, disputando com o senador Garibaldi Filho e com a ex-governadora Wilma de Faria. O fato dos eleitores agripinistas e wilmistas terem o mesmo perfil seria uma preocupação?
Desconhecer que José Agripino apoiou Wilma, que foi sua secretária de Bem-Estar Social e que teve apoio em eleições diversas e provocou afinidades que foram cultivadas no exercício do voto, quando meus eleitores votaram nela, é desconhecer uma realidade. As afinidades existem e fazem parte da cultura do eleitor. Agora esse perfil é apenas um dos componentes do voto, o que vai ser dado por preferência. O eleitor votará por perfil do passado, mas também por preferências de futuro, que vão se resumir, na minha opinião, ao voto que o eleitor vai dar em alguém que não envergonhe a sua escolha, pela atuação do candidato, pelo padrão de probidade, pela capacidade de representar o Estado, pela defesa de sua atitude e pelas ações parlamentares e na política. Por essa razão, isso não me preocupa. Claro que reconheço que na cabeça do eleitor está presente a questão das afinidades, do agripinismo estar vinculado a Wilma e pelo fato do eleitor lembrar-se de que, quando ela foi candidata à prefeita, duas vezes em Natal, estive ao seu lado, mandando votar nela, inclusive na eleição para Governo. Isso criou afinidades, mas afinidades se completam por uma coisa que colocaria como conceito geral: o eleitor votará em alguém em quem não se envergonhe de votar ou ser votado.

A ex-governadora Wilma de Faria, quando deixou o cargo, saiu do governo criticando os três senadores, dizendo que o senhor, Garibaldi e a senadora Rosalba Ciarlini não tinham feito nada pelo Rio Grande do Norte. Como o senhor recebeu essa acusação?
A governadora, espertamente, procura polarizar com quem está na frente, contra mim e contra Garibaldi. O Estado do Rio Grande do Norte sabe muito bem o que Garibaldi fez e o que eu fiz. Ela tem visível incômodo com a posição privilegiada da senadora Rosalba, que na disputa pelo Governo está lá na frente. E ela incorpora e faz o mesmo raciocínio como forma de também polarizar atenções para ela, debatendo com Rosalba, José Agripino e Garibaldi, vir para o mesmo patamar dos três. Ela esquece uma coisa apenas: o povo não tem memória curta e lembra-se do que ela foi capaz de fazer em dois governos, no plano real e vendo em cada local o que foi feito por ela e sabe o que Rosalba fez, o que José Agripino fez e o que Garibaldi fez, e não correspondem à essa infantil acusação feita pela ex-governadora.

Garibaldi Filho divulgou uma carta, na qual convidava o presidente estadual do PMDB, deputado federal Henrique Eduardo Alves, a se engajar no lado peemedebista que apoia a candidatura de Rosalba ao Governo do Estado. O senhor tem conversado com Henrique sobre essa possibilidade?
Tenho conversado muito com Garibaldi, o tempo todo. A aliança que Rosalba e Robinson montaram, e participei muito dessa montagem, está feita com Garibaldi, que é uma liderança expressiva do PMDB. Gostaria de ter a sigla do PMDB dentro da nossa aliança, mas respeito o posicionamento do partido. O deputado Henrique tem conversado sobre esse assunto com seu correligionário, que é Garibaldi. A tarefa do posicionamento do PMDB está entregue a Garibaldi e a Henrique. Apenas torço para que, mais do que o apoio de Garibaldi, Rosalba possa ter o apoio do PMDB, incluído aí a figura importante do deputado Henrique.

O senhor tem acompanhado as discussões relacionadas a projetos que dependem de verbas federais. No caso específico do Complexo Viário da Abolição, cuja obra foi lançada em Mossoró pela ex-ministra Dilma Rousseff, quais as informações que o senhor tem acesso em Brasília?
A obra do complexo é a conclusão de uma luta de três anos ou mais, que começou com a primeira visita, no primeiro mandato de Fafá Rosado, que trouxe o anteprojeto, ela e o deputado Leonardo Nogueira. Foi apresentado ao ministro dos Transportes na minha companhia, do senador Garibaldi, da senadora Rosalba e dos deputados Betinho Rosado, Felipe Maia e João Maia, e, em um segundo momento, da deputada Sandra Rosado. Depois, da governadora Wilma, que esteve na segunda ou terceira audiência. Ficamos acompanhando o tempo todo. Primeiro a elaboração do projeto, depois a licença ambiental, edital, locação de recursos em emendas parlamentares, que dependem da posição de deputados e senadores. Depois da alocação de recursos do Ministério dos Transportes, uma decisão do ministro Alfredo Nascimento. Depois da concorrência, com a definição de uma construtora potiguar, que ganhou a execução da obra. Apesar desse esforço, o que me preocupa é que apesar da luta toda, a obra está caminhando muito vagarosamente, e sobre este assunto pretendo, a curtíssimo prazo, me reunir com os parlamentares que lutaram tanto para que a obra saísse. Voltaremos ao Ministério para ver o que está faltando para que a obra ande, já que tem projeto, licença ambiental, recurso garantido e o que falta é fazer a obra.

Com relação à campanha eleitoral deste ano no Rio Grande do Norte, como o DEM tem estudado a questão da chapa proporcional? É possível sair uma chapa com a união de todos os partidos?
Eu gostaria, assim como a prefeita Micarla se dispõe a apoiar quem a apoiou com tanta determinação quando ela foi candidata a prefeita, que foi a senadora Rosalba… Ela está agora retribuindo esse apoio, de apoiar Rosalba para o Governo. Gostaria que o PV fizesse parte da coligação oficial, tanto da majoritária quanto na proporcional. Gostaria que o senador Garibaldi, que declarou claro apoio à senadora Rosalba, que trouxesse o PMDB oficialmente para a coligação. E o próprio PR. Agora isso não depende de mim. Depende das conveniências do PR, do PV, do PMDB. O que posso garantir, preliminarmente, é que Democratas, PSDB, PMN, PSC e PP  farão aliança no plano majoritário e se inclinam fortemente para, também, fazerem aliança no plano da eleição proporcional para deputados estaduais e federais. A inclusão de outros partidos é desejada, mas não está na nossa capacidade decidir pelo sim ou pelo não.

O deputado estadual Leonardo Nogueira afirmou que, dependendo da coligação, é possível se fazer de 13 a 14 deputados estaduais e 5 a 6 federais. O senhor acha que é possível?
Se a coligação fosse feita, ou se conseguir fazer, unindo o PV, PMDB e até o PR, o deputado Leonardo tem absoluta segurança e está correto na sua afirmativa, mas depende da disposição desses partidos em fazer aliança no campo proporcional e que remete à aliança no campo majoritário. Na hora em que fizer aliança no campo proporcional, pela atual legislação, você remete a obrigação desses partidos de também estarem unidos na composição da chapa majoritária. Isso é uma condicionante que só o PMDB, PR e o PV podem decidir.

Como o DEM vai se comportar na candidatura do ex-governador José Serra à presidência da República?
De apoio integral. Acho que o Serra é o que o Brasil está precisando. É um administrador que já foi capaz quando foi ministro da Saúde. É um homem de visão moderna e que guarda, na sua vida pública, o princípio da moralidade e da probidade intocados, e que já mostrou pelo seu passado, como governador, senador e ministro, uma enorme capacidade de fazer aquilo que o Brasil está precisando, a começar pela Saúde, que é o “calcanhar de Aquiles” da administração pública do Brasil.

Até que ponto o presidente Lula poderá transferir a popularidade dele para a candidata do PT?
Uma coisa é exercer função administrativa de Ministério. Outra coisa é ter como administradora, o apoio político de um presidente que goza de grande popularidade. Não estou seguro de que será capaz de transferir essa popularidade para o candidato. A experiência me mostra que, por mais prestígio que se tenha e mais popular que seja, só se consegue transferir votos ou a capacidade eleitoral para alguém que tenha capacidade para receber esses votos. Se o candidato não tiver esta capacidade, por mais desejo que o líder popular, como é Lula, de transferir seus votos para uma candidata como a Dilma, vai ser difícil. A ministra Dilma, nos primeiros passos que deu como candidata, não demonstrou muita habilidade política. Ela chegou a Minas Gerais e foi ao túmulo de Tancredo Neles, que não teve o voto do PT quando foi candidato a presidente da República. Ele teve o meu voto. O voto do PT, ele teve contra. E a ministra Dilma foi, num gesto que o Brasil não compreende. Ela foi a Minas Gerais, em busca demagogicamente do voto mineiro, reverenciar a memória de um brasileiro que, enquanto vivo, o PT não apoiou. Ela saiu dizendo, pelo fato de entender no governador Aécio Neves uma figura muito popular em Minas, e Aécio apoia Anastásia, saiu pregando o voto “Anastadilma”, sendo infiel aos candidatos do PT e do PMDB, que são seus aliados em Minas Gerais, recebendo, imediatamente, uma admoestação forte, tanto do PT, de Patrus Anania e do Pimentel, e do Hélio Costa, candidato do PMDB ao Governo do Estado. Deu uma rateada política, que foi a primeira na sua primeira investida na campanha sem a companhia de Lula. Quem é que pode me assegurar que esse não vai ser o comportamento de uma candidata que não está suficientemente adestrada para ser candidata a presidente da República?  O apoio de um líder, por si só, não define uma eleição. É preciso que um candidato reúna condições para receber a disposição do líder popular em transferir os seus votos.

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