Ainda que nomes como o da deputada Tabata Amaral
(PDT-SP) tenham ganhado projeção após enfrentar o partido e votar pela
reforma da Previdência, deixar o mandato e disputar as eleições de 2020
contraria o que grupos de renovação política como o RenovaBR – do qual a
parlamentar faz parte – preveem para quem passa por seus cursos de
formação.
“Afastar-se do mandato para disputar outra eleição enquanto desempenha
seu primeiro mandato eletivo representa um descompromisso com nossa
instituição”, afirmou o fundador do RenovaBR, o empresário Eduardo
Mufarej. O grupo tem apoio de nomes como o apresentador Luciano Huck.
Antes de Tabata contrariar a orientação do PDT sobre a reforma da
Previdência, líderes do partido cogitavam uma candidatura da deputada
para disputar a Prefeitura de São Paulo no ano que vem.
Após votar a favor de mudanças na aposentadoria, ela foi suspensa pela
legenda. Pesquisa da consultoria Ideia Big Data mostrou que sua
aprovação subiu de 30% para 61% em julho, após a votação da Previdência
na Câmara. A parlamentar já negou que pretende concorrer à Prefeitura
paulistana em 2020.
Entre os nove integrantes da “bancada do RenovaBR” na Câmara, apenas a
deputada Joênia Wapichana (Rede-RR) foi contrária à reforma da
Previdência. O RenovaBR disse que não influencia o voto de parlamentares
e apoia a formação de quadros “independentemente da ideologia”. Segundo
Mufarej, “atritos” não vão mudar a forma como os candidatos são
selecionados pelo RenovaBR. “Ninguém foi pego de surpresa, o cenário
real da política sempre foi apresentado”, disse. “Não formamos
lideranças para uma bolha.”
‘Clandestinos’
Nesta semana, o ex-ministro Ciro Gomes, que disputou a Presidência pelo
PDT no ano passado, chamou grupos de renovação de política de “partidos
clandestinos”. A economista e conselheira do movimento Livres, Elena
Landau, rebateu. “Não adianta falar em clandestinidade. Eu também não
sei como os partidos gastam o dinheiro do fundo público”, disse. Para
ela, os grupos devem ser transparentes. “É importante que os movimentos
digam como são seus estatutos, como as pessoas são escolhidas e prestem
contas.”
Presidente do Livres, Paulo Gontijo afirmou que “movimentos políticos
sempre lançaram candidatos”. “Queremos melhorar os partidos, não
extinguir ou sabotar.” O presidente do Transparência Partidária, Marcelo
Issa, defendeu alterações nas legislações partidárias para haver
mecanismos de democratização dos processos internos de tomada de
decisão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Estadão Conteúdo