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Eles balançaram as redes (1)

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ARTILHEIROS - Jorginho ainda no primitivo estadinho Maria Lamas, em Petrópolis

Everaldo Lopes – Repórter e Pesquisador

Se em vez do distante 1946, o mossoroense Jorge Tavares chegasse hoje ao complexo “Maria Lamas Farache” e se apresentasse a um dirigente do clube  pedindo uma oportunidade para mostrar suas qualidades técnicas, com certeza este desconfiaria das intenções daquele jovem de apenas 19 anos. É que Jorginho, além de franzino, media apenas 1,58m, além de um biotipo nada condizente com o de um atleta. Ombros não tanto largos para um candidato a futebolista profissional, pouca massa muscular, e pernas relativamente pequenas, que o ajudassem a pelo menos ter velocidade  para ser um bom atacante.  Mas, para sorte do jovem Jorge Tavares, além de revelar logo cedo vocação para craque, encontrou no ABC seu irmão João Tavares de Moraes, apelidado de Tidão, dois anos mais velho do que ele, já familiarizado no clube e, estranhamente, alguns centímetros mais alto do que o mano Jorginho.

Só que, aquele jovem que chegou para testes no ABC, com o tempo se tornaria um dos grandes ídolos da torcida abecedista, praticamente imperando no clube durante 20 anos. Um verdadeiro recorde de amor e dedicação ao clube, jamais tendo vestido outra camisa senão a do ABC, a não ser quando tentou vôos mais altos indo a Recife a chamado do Santa Cruz, e São Luís/MA, atuando também no Auto Esporte/PE, Sampaio Correa/MA. Numa época em que era comum emprestar jogador para jogos amistosos interestaduais, ele atuou três vezes pelo Santa Cruz de Natal.    

O sucesso de Jorginho defendendo o ABC não se restringe apenas ao fato de ter jogado pelo Alvinegro durante duas décadas, mas também pelo homem-gol que sempre foi, registrando na sua longa carreira nada menos de duzentos e setenta e dois gols, apesar de atuar como homem de meio de campo, vestindo a camisa 10 alvinegra.

É justamente a figura do craque que sabia dar assistência a seus colegas com bolas verdadeiramente “açucaradas”, mas que também fazia muitos gols, que motivou a editoria de esportes da TN publicar a série de oito matérias focalizando os oito principais goleadores que vestiram as camisas do ABC, América, Alecrim, entre outros clubes.

Para se chegar ao total de jogos e gols de Jorginho, foi necessária a conferência nos jornais do Recife, de São Luis/MA, jornais de Natal, “O Mossoroense”, além do Arquivo Público de Pernambuco e Biblioteca Pública do Maranhão, lugares aonde o jogador atuou, levantamento feito pela equipe da TN e de um dos seus filhos, o professor Jorge Tavares de Moraes. É evidente que a maior quantidade de jogos e gols do ídolo norte-rio-grandense aconteceram em Natal, e o  ABC FC, único do RN como jogador.

É evidente que,nesses quase 20 anos como ídolo abecedista, Jorginho participou de muitas goleadas, às quais ajudou a realizá-las ora como autor de gols, outras vezes dando assistência a seus colegas de equipe. Eis algumas dessas goleadas: em 1947 um sonoro 6×0 no Clube Atlético Potiguar e 5×1 no Juventus/RN, em 1948  7×2 no mesmo Juventus, em 1949 como atacante do Sampaio Correia participou da goleada sobre o Tupan por 8×1(fez três gols), em 1950 4×0 sobre o Alecrim FC, em 1951  ABC 9×1 Atlético de João Machado(fez um gol), no mesmo ano  7×0 no Riachuelo e ele deixou o seu,  8×0  também no mesmo Atlético, com Jorginho anotando quatro gols. Jogando pelo Auto Esporte/PE, na goleada sobre o Ibis, em  1952 ele participou e fez um gol. No ano de 1953, novamente no ABC, atuou na goleada diante do Atlético por 8×0 marcando quatro gols, e nos 7×2 sobre o Santa Cruz/Natal, fazendo dois gols.

Com uma equipe afinada e cheia de bons jogadores, o ANC não poupava os pequenos: em 1954, dforam muitas as goleadas:  jogando pela seleção potiguar aplicou 5×3 no Piauí (seleção), com um gol de Jorginho, defendendo o ABC  fez seis gols na goleada de 8×0  diante do Riachuelo, outra de 6×2 frente o Santa Cruz outro 6×2 em cima do Botafogo/PB, e – acreditem, 10 x 0 no chamado Atlético de João Machado (CAP), , porém sem gol do pequeno ídolo Jorginho. Mas, nem sempre o ABC aplicou goleada. Dia 14/08/54, o ABC foi goleado pelo Ceará SC por 6×3, Jorginho deixando o seu nas malhas alencarinas.

Parece até que os adversários não tinham sistema de jogo, tantas as goleadas a cada temporada, com escores raros hoje em dia. Em 1955,  ABC 10 x 02 no Santa Cruz de Natal, Jorge deixando seu “carimbo” no Tricolor. Em 1955, outros 10 gols (10 x 0) em cima do  , sem gol de Jorge. Finalmente, em 1955, seleção do RN 6×1 num time misto do ABC como preparativo para o Brasileiro de Seleções, Jorginho marcando dois gols. E assim continuaram acontecendo as goleadas, como  ABC 7×0 no Rio Tinto/PB,7×1 no Alecrim FC. Em compensação, dia 05 de fevereiro de 1961, Sport Recife 9×0 ABC, na pior derrota fora de casa (Ilha do Retiro) sofrida pelo ABC em toda a sua existência de 93 anos. Jorginho participou dessa partida. Curiosamente, alguns dias antes o ABC havia empatado em 1×1 com o Fluminense do Rio, no “Juvenal Lamartine”.  (Colaborou o pesquisador Newton Alves)

Conheça os 500 jogos de Jorginho ano a ano

Estreando no ABC dia 26 de outubro de 1946, há portanto exatos 62 anos, o mossoroense Jorginho despediu-se do seu clube do coração, dia 14 de fevereiro de 1965, 19 anos após a estréia. Ano a ano, eis as partidas em que o “professor Jorginho” esteve presente em campo atuando pelo ABC (a grande maioria dos 500 jogos), e também no Auto Esporte/PE, Sampaio Correia/MA, Santa Cruz/PE e Seleção do RN.

Vê-se, pois, que Jorginho teve o maior número de jogos nos anos 55/56 ambos com 48 partidas, seguido de 1959 quando disputou 44 jogos, em 60 foram 43 e em 63, já se aproximando das despedidas, chegou a participar de 41 jogos.

Em 1964 chegou a anunciar o adeus, mas acabou retornando em 65 e se despedindo dia 14 de fevereiro na vitória sobre o Alecrim FC por 3×1, porém não fez gol nessa partida. Jorginho não teve o famoso jogo do adeus, como os ídolos sempre merecem e realizam. Como nota curiosa, constatar que Jorginho enfrentou o rival América, 51 vezes, só não sendo o número maior porque o clube alvirrubro esteve licenciado da FNF, de 1959 a 65.

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