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Eles moram longe

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Vicente Serejo

Livros

Outro dia, em encontro casual de livraria, um intelectual do tipo conterrâneo e irônico perguntou, só para estranhar, se nossos livros vivem aqui no apartamento. Moram longe, a uns quatro quarteirões, respondi. Numa casa alpendrada, meio colonial, derramada em telhas vãs que se abrem para os morros, e de jardins que amenizam as grades de ferro que a insegurança impõe. Cheia de livros, quadros e teréns que amaciam os dias e as noites. Nada rico de nada.

Expliquei que um dia uniram-se, numa trama, as manias e os livros e, juntos, deram o ultimato. Rejane, calma, de um calmo amor prestante, como no verso terno de Vinícius de Morais, nos viu carregados de teréns dos avós, dos pais e das viagens, e com o garbo de uma valente amazona topou o desafio de reformar nossa antiga casa sem mexer no desenho original. Olho e fico besta. Fez tudo, depois de renegar dois projetos feitos por arquitetos.
O fato é que, em 2007, a reforma estava pronta. As salas da frente ficaram para a ‘Verbo’, o escritório de eventos de Sylvia, nossa filha mais velha que também é jornalista. Os seis outros espaços, enchemos com livros velhos, teréns e móveis. As salas parecem arrumadas aos olhos de quem chega, mas nelas há um Diabo, como o da Livraria do Cônego, o livro de Eduardo Frieiro, que em alguns dias misteriosos resolve esconder o que não é dele. 

Expliquei que há vantagens e desvantagens. É bom um espaço para trabalhar e reunir amigos, embora poucos, em algumas tardes e noites. Mas, distantes, e até que o dia amanheça nada se pode consultar.  Assim, às vezes, fica travado o ritmo do texto se exige uma citação literal. Mas, ao mesmo tempo, é bom saber que no dia seguinte há um encontro desejado e marcado. As coisas se acomodam, como barreiras naturais. O hábito é bom companheiro.

Cada um sabe da fortuna que merece e a vida oferece. A nossa foi essa, juntar livros velhos. Desde muito tempo. De tê-los como bons amigos silenciosos que aguardam a nossa visita todos os dias. É como se alguns deles já sentissem o alisado dos olhos correndo sobre os seus dorsos, os dedos a sacá-los das estantes. Ou os intensos ciúmes quando, às vezes, não se sabe encontrá-los. Os livros fogem, ficam escondidos, rindo da ignorância dos seus donos.

E na verdade ninguém é dono de suas almas. De vez em quando, criam asas e vão pousar em mãos mais encantadoras que as nossas, se é justo abrir a gaiola e libertá-los para os amigos. E há – não negaria – umas poucas ilhas inacessíveis, mesmo que numa biblioteca nada seja muito justo de se estranhar. São inúteis na sociedade feérica, principalmente se feita por quem só acredita na tecnologia moderna. Só são úteis a quem tem a alma antiga e meio vadia.

VIDA – Padre José Freitas Campos lança depois do carnaval a biografia da vida e da coragem do Miguelinho, herói da Revolução de 1817 que preferiu a forca a negar a liberdade cidadã.

NOMES – A edição será do Senado Federal com prefácio de Valério Mesquita, apresentação do padre João Medeiros e posfácio de Jurandyr Navarro, representando a Academia de Letras.

DATA – Dia 21, sexta-feira, a data dos 60 anos de sacerdócio do Monsenhor Ausônio Tércio de Souza que ao longo de 40 anos educou várias gerações no Colégio Diocesano de Caicó.

LUTA – O padre Francisco Franklin de Araújo, pároco de Santa Maria, vai licenciar-se do ministério sacerdotal para disputar a eleição de prefeito de Ielmo Marinho. Ele tem liderança.

VENENO – Anotem: o velho ‘já ganhou’ não vai contaminar o prefeito Álvaro Dias. Matreiro e mateiro, criado nos sertões do Seridó, ele conhece a manha das cobras na caatinga política.

JOGO – Sem fazer alarde, Dias joga em todas as posições e protege suas jogadas com uma espessa camada de silêncio para vencer o tempo e só retirar o punhal do colete na hora certa.

NÍSIA – Vem ai, edição Ubu, a ‘Antologia do Conto Romântico’, seleção de Hélio Seixas e Vagner Camilo, da Universidade de São Paulo. Nísia Floresta está entre os grandes nomes.

MIMO – O Xanana, sexshop que é sucesso no chão profano do Beco da Lama, tem algemas próprias para os jogos eróticos da submissão. E para que os parceiros não fujam no carnaval.

ESTILOS – Os astrólogos que observam o plenário fazem suas previsões e anunciam que o ano legislativo será marcado por dois estilos de oposição ao governo: Gustavo Carvalho e Kelps Lima. O segundo mais contundente do que o primeiro, mas ambos de tacape no alto.

MAIS – Segundo os leitores dos astros sobre a Praça Sete de Setembro, Carvalho manterá sua estratégia de começar a sedimentara a renovação do mandato a partir da eleição municipal. E Lima está convencido de que precisa derrotar o PT para disputar o segundo turno com Álvaro Dias.

TÁTICA – Para os astrólogos leitores dos búzios e que dizem conhecer o mistério dos anéis de Saturno, Álvaro não precisa alterar sua estratégia para disputar com Hermano Morais, Kelps Lima e o candidato petista. Nenhum deles chega ao segundo turno como um invencível.

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