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Em 5 anos, Zona Norte ganha 1.059 empresas

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Pouco mais de mil empresas foram abertas na zona Norte de Natal em cinco anos. Entre 2013 e 2018, o número de negócios cadastrados na Junta Comercial do Estado do Rio Grande do Norte (Jucern) com endereços na área subiu de 4.417 para 5.476. Mas, meio à crise econômica do país vivida com mais gravidade nos anos de 2015 e 2016 e a concorrência com os grandes negócios, os pequenos proprietários relatam dificuldades para sobreviver financeiramente.

Grandes empreendimentos, como o Partage Shopping, UnP e grandes redes de supermercados, alteraram o uso do bairro e têm impulsionado mais crescimento

Grandes empreendimentos, como o Partage Shopping, UnP e grandes redes de
supermercados, alteraram o uso do bairro e têm impulsionado mais
crescimento

#SAIBAMAIS#Maria Valdelisse, 42 anos, é proprietária de uma loja de roupas infantis localizada no início da avenida Tomaz Landim, uma das principais da zona Norte. A área onde a sua loja está localizada é uma das mais antigas de comércio de rua da zona e tem movimento intenso de pessoas por causa das paradas de ônibus próximas. Abriu a loja há quatro anos e teve sucesso no início, mas hoje vende pouco.

A reportagem encontrou Valdelisse sozinha na sua loja. A proprietária arrumavam algumas peças de roupas e foi entrevistada por mais de 20 minutos. Nesse período ninguém entrou no local para dar uma olhada nos produtos. Segundo conta, tem sido assim no último ano. “Para o comércio está muito ruim. A maioria das pessoas que vinha aqui eram pessoas da zona Norte, mas cada vez mais estão preferindo comprar no shopping, onde tem grandes liquidações”, relatou, externando os planos de fechar a loja. “Eu não fechei ainda porque tenho material para vender e não posso me desfazer dele assim, mas dispensei funcionário, diminui o tamanho do espaço”.

A pequena empresária relata e profetiza a situação da loja com tranquilidade. Moradora da zona Norte há 20 anos e dona do local onde o comércio está instalado, tem confiança na leitura que faz do futuro da área. Não é a primeira vez que deve trocar de negócio: durante 20 anos, entre 1994 e 2014, manteve no mesmo local uma oficina de refrigeração tocada pelo marido. Fecharam, dividiram o espaço no meio e abriram a loja e uma escola profissionalizante.

A escola profissionalizante vai como o esperado pelo casal. Para Valdelisse, a grande crise do local está mesmo no comércio de rua. A poucos metros da sua loja, Mariah Siloneide, 28 anos, faz a mesma queixa. Funcionária da loja do irmão para venda de acessórios e conserto para celulares, abriu o ponto um mês atrás esperando um bom movimento, mas não é o que está vendo. “Não tem movimento de venda nenhum e a concorrência é muito grande. Aqui a gente disputa até com os ambulantes, que vendem capinhas de celulares”, disse.

O irmão de Mariah  alugou o ponto de vendas da avenida Tomaz Landim herdado de um outro lojista que também tentou vender o mesmo produto. Seria a primeira filial da sua marca, que é conhecida em São Gonçalo do Amarante, cidade vizinha. “Mas lá na loja de São Gonçalo o movimento é grande porque ele é conhecido, não tem concorrência”, conta a irmã. “Aqui ele está faz um mês e já está desanimado”.

Antes de encerrar a conversa com a reportagem, Mariah também se queixou que grande parte dos consumidores hoje preferem ir ao shopping. A perspectiva das duas entrevistadas é de que a chegada desses grandes empreendimentos transforma o comércio de rua que antes existia na zona Norte. No entanto, o atual secretário de urbanização e meio ambiente de Natal, Daniel Nicolau, e empresários ouvidos fazem outra avaliação.

Para Daniel Nicolau, “o grande empreendimento altera o uso do bairro, mas não altera totalmente a vida dele”. O empresário Augusto Vaz, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas, tem um entendimento semelhante. “Vai ter sempre cliente com característica de comprar no pequeno comércio por ter uma proximidade maior com o dono, mais facilidade de conseguir uma ‘condição diferenciada’. Em qualquer bairro de Natal, e não só na zona Norte, você sempre vai ter o comércio pequenininho, de rua, e o grande. Tem espaço para todos”, afirmou.

Bate-papo: Augusto Vaz, presidente da CDL

Augusto Vaz, presidente da CDL Natal

Augusto Vaz, presidente da CDL
Ainda há potencial do crescimento na zona Norte?
A zona Norte tem característica de ‘cidade-dormitório’ e também de ‘cidade-comércio’, ou seja, a gente tem ali pessoas que muitas vezes residem na zona Norte, mas trabalham em outras zonas de Natal e também tem um fluxo muito grande de comércios: tem grandes supermercados, avenidas comerciais. Então, a zona Norte é muito forte, assim como outra qualquer zona de Natal.

O consumidor da zona Norte mudou com essa transformação?
É interessante que você tem na zona Norte pessoas que preferem consumir dentro dela. Você tem um shopping, um supermercado. Fica muito mais fácil para essas pessoas por questão de deslocamento, do próprio conforto e comodidade, de consumir ali.

Os grandes empreendimentos chegaram fortes na zona Norte. Isso altera o perfil do comércio, ofuscando o comércio de rua?
Sempre terão clientes com características de comprar no pequeno comércio, de ter um relacionamento muito próximo no dono, e sempre a pessoa que prefere comprar no grande negócio. Terá sempre espaço para todo tipo de comércio. Qualquer bairro da cidade você vai ver o comércio do pequeno funcionando bem e o comércio do grande funcionando bem também. É lógico que a zona Norte tem essa característica de ter um comércio de rua muito forte, mas não vai perder força com a chegada dos grandes.

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