O município de Ceará-Mirim, na Região Metropolitana de Natal, tem pouco mais de 73 mil habitantes e um excepcional crescimento dos casos de violência. Nos primeiros 52 dias deste ano, foram 33 assassinatos, o que representa um terço de todas as mortes registradas no ano passado – 88. Em janeiro deste ano, a Polícia Civil registrou uma chacina com características semelhantes às mortes desta semana. Bando com mais de cinco integrantes invadiram uma casa e mataram as quatro vítimas com tiros à queima-roupa.
A cada ano, segundo explica o especialista em segurança pública e um dos coordenadores do Observatório da Violência do RN (OBVIO), Ivênio Hermes, Ceará-Mirim tem notáveis aumentos nos índices de homicídios. Em 2015, foram 55 casos contra 88 no ano passado e, se continuar nesse ritmo, o OBVIO projeta que poderá chegar ao final de 2017 com 147 casos.
“Tem tudo a ver com o adensamento do policiamento em Natal e a ausência do Estado em Ceará-Mirim. A criminalidade tende a migrar para onde o Estado não está presente. Além disso, grupos de extermínio e milícias promovem “limpezas sociais” porque assumem o protagonismo da segurança diante do espaço deixado pelo Estado em certas localidades. O modus operandi é o de extermínio”, disse o especialista.
O delegado-geral de Polícia Civil, Cleiton Pinho, disse nessa quarta-feira que as autoridades notaram o aumento no número de casos de homicídios no município, com características semelhantes de execução e que é preciso investigar para saber se há alguma correlação entre os assassinatos, ocorridos doze horas após a morte do sargento da Polícia Militar Jackson Sidney Botelho Matos, 42 anos, e aqueles registrados anteriormente na região. As 14 pessoas executadas com tiros na cabeça, em um intervalo de 24 horas, segundo a Polícia Civil, foram vítimas da ação de uma milícia.
A investigação, segundo Cleiton Pinho, está sendo tratada como prioridade para descobrir quem participou e o que teria motivado a chacina. Equipes da Divisão de Homicídios e Proteção a Pessoas (DHPP) e da delegacia distrital do município atuam no caso e começaram a fase de oitiva de testemunhas. Uma das possibilidades admitidas pelas autoridades policiais é que os crimes praticados entre a madrugada da terça-feira e a madrugada de quarta-feira tenha como motivador uma suposta retaliação ao assassinato do sargento.
Vítimas identificadas
Jacson Sidney Botelho Matos, 42 anos (PM)
Emanuel Klaiton Silva de Andrade, 18 anos
Kleberson Wendel Pereira da Silva, 25 anos
Eudes Costa de Andrade, 40 anos
Adelmakson Nascimento Sena, 25 anos
Marcos Antônio de Oliveira, 34 anos
Luciano Duarte Júnior, 27 anos
José Soares dá Silva, 17 anos
Marcílio Maurício Damasceno do Nascimento, 24 anos
Paulo Henrique Josué Soares, 19 anos
Wendison Silva Ferreira, 21 anos
Wanderson Emanuel Ferreira, 22 anos
Francisco Alexsandro Miranda de Freitas, 28 anos
P.S.H.D, 20 anos (masculino)
