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Em cena, as Trilhas da vida de Danilo Guanais

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Ramon Ribeiro
Repórter

O  compositor, violonista e professor de música da UFRN Danilo Guanais, 51, completa em 2016 três décadas de carreira – uma carreira musical que se mistura com a história do teatro potiguar. São dele, por exemplo, as trilhas originais de praticamente todos os autos de natal promovidos pelo Estado e pelo município de Natal.
Experiência em criar trilhas originais para os autos marcou a trajetória do compositor
Para lembrar grande parte dessa trajetória, o músico se juntou com a amiga e parceira de muitas montagens cênicas, a diretora e produtora cultural Diana Fontes, para desenvolver o espetáculo “Pelas Trilhas da Vida”, que faz uma retrospectiva pelos seus 30 anos de composições musicais para teatro. A apresentação acontece na quinta-feira (20), às 20h30, no Teatro Riachuelo. O espetáculo é gratuito e os ingressos podem ser retirados no dia da apresentação, a partir das 12h, na bilheteria do teatro. Depois do Teatro Riachuelo, o espetáculo será apresentado nos dias 22, 23 e 24, na Escola de Música da UFRN.

Com um trabalho marcado pela mistura do erudito, popular e folclórico, Danilo musicou a história cênica de importantes cidades do RN, como em Chuva de Bala no País de Mossoró, Presente de Natal, Asas da História (Parnamirim), Terra de Santana (Caicó), Auto de São João Batista (Assu). Além desses, o músico também assinou os arranjos de outras importantes peças, como “A Mente Capta”, os musicais “Bye Bye, Natal” e “Beco da Alma”, o infantil “Seu Sol, Dona Lua”. Para o espetáculo “Pelas Trilhas da Vida”, ele uniu letras, musicalidade e dramaturgia ao percorrer 20 das montagens que participou ao longo dos anos.

A direção cênica é de Diana Fontes, amiga cuja parceria teatral beira os 25 anos. Foi ela a responsável por dar unidade ao espetáculo. “São muitas trilhas, muitas delas com temáticas distantes. Foi um desafio costurar esses trabalhos. São muitas informações, muita gente no palco, projeção mapeada, para dar unidade focamos no ‘menos é mais’”, diz Diana, que dirigiu ou produziu muitos dos espetáculos lembrados no musical agora apresentado. “A experiência foi riquíssima. Tivemos contato com pessoas da música que nunca tinham feito nada cênico. E são eles que dão cara ao espetáculo”.
O infantil “Seu Sol, Dona Lua” foi um dos últimos a receber trilha
No palco serão 25 atores em cena, uma mini orquestra, coral, projeção mapeada, das participações especiais de Valéria Oliveira, Igor Fortunato, Plínio Sá, além de instrumentistas do estado.

Na apresentação também será feita uma homenagem ao diretor e dramaturgo Carlos Nereu, responsável por conduzir Danilo no teatro. “Foi numa mistura de brincadeira com realidade que ele me jogou no teatro. Eu devo isso a ele. Ele já não está mais com a gente, sinto muita saudade dele. Quem é do teatro sabe a referência que ele foi”, diz o músico. “A primeira canção que compus para teatro foi  ‘O Dom de Iludir’, em parceria com Nereu. Coloquei ela nesse que é o meu mais recente espetáculo”, comenta.

“Pelas Trilhas da Vida” tem patrocínio do Visual Praia Hotel, Rifólis Praia Hotel, Pontamar Praia Hotel e Esmeralda Praia Hotel, via Programa Djalma Maranhão da Prefeitura de Natal.

Bate papo com Danilo Guanais, violonista e professor de música da UFRN

Como funciona seu trabalho de composição de trilhas para o teatro?
Pego o texto e leio várias vezes até começar a visualizar uma linha dramática. A partir daí a música vai se encaixando de acordo com as intenções de cada momento. Na montagem, às vezes os diretores precisam de um aspectos historiográficos, de velocidade, aí eu levo pra casa e faço os ajustes. A música não sai de uma vez só, ela faz parte de um processo onde o texto também pode mudar, acarretando mudanças na trilha.
Danilo Guanais celebra nesta montagem uma parceria com Diana Fontes: “Foi um desafio costurar esses trabalhos”
O que você tem acompanhado do teatro local?
Tem uma turma nova fazendo muita coisa boa, como a Cia Máscara, de Mossoró, a Cia Ventura, de Parnamirim, de Natal, o trabalho de Nara Kelly é muito bom, assim como o de Caio Padilha, com contação de histórias. Tem os Clowns também que são um orgulho pra gente. É sempre uma luta fazer teatro e a turma daqui é incansável. Não canso de me surpreender com as coisas que são feitas hoje. Vejo com muita alegria essa renovação do teatro potiguar.

O que existe de diferente entre as montagens de antes e as de agora?
Hoje o que me chama mais atenção é a subjetividade. As ideias são muito originais. Outro aspecto que percebo nas montagens de hoje é a disposição para o tecnológico. Não dá para comparar com o que era antes, seja na iluminação, som, projeção mapeada. Chama atenção também, o engajamento na pesquisa da linguagem, nos materiais, no gestual, no uso da palavra, nos acessórios do teatro de rua. O teatro de hoje está num plano de profundidade bem maior agora.

Você está envolvido em algum novo projeto?
Estou escrevendo uma versão de Romeu e Julieta, onde a história do romance estará relacionada com a Cidade Alta e a Ribeira. Serão as cenas originais de Shakespeare trazidas para a nossa cidade. Estou na pesquisa ainda para encorporar os elementos que Câmara Cascudo estudou e estão na história de Natal. Vai virar um musical chamado “Xarias e Canguleiros”. Quero apresentá-lo em 2017.

Trilhas comentadas

Chuva de Bala no País de Mossoró
“É um dos mais representativos espetáculos que participei na carreira. A simbologia que ele envolve é muito forte. O texto de Tarcísio Gurgel é muito convidativo para o compositor. Ele, assim como Racine Santos, escreve pensando na música”.
Beco da Alma  marcou a criação mais recente de Danilo Guanais
Presente de Natal
“A edição de 2005 foi a que me marcou mais. Foi uma encenação forte e de ousadia. Cláudia Magalhães criou um texto muito denso, o que me proporcionou criar uma trilha muito densa também”.

Terra de Santana (Caicó)
“Texto belíssimo sobre Santana, baseado no folclore e nas lendas em volta dela. Mostra também a questão do retirante que sai em busca de uma terra menos sofrida e que no final volta para o seu lugar de origem porque acredita que vai chover e no espetáculo dirigido por Diana Fontes realmente chove”.

Auto de São João Batista (Assu)
“O espetáculo é baseado num poema de Paulo Varela sobre o padroeiro de Assu. Foi onde mais coloquei letras minhas”.

Beco da Alma
“Esse musical me marcou demais. A dramaturgia é baseada no livro ‘Esquina do Mundo’, de Cláudia Magalhães”.

A Mente Capta
“Foi a partir desse espetáculo que entrei no teatro, através do diretor Carlos Nereu. Foi minha primeira trilha”.

Bye Bye, Natal
“Meu primeiro musical. O texto é de Racine Santos. Foi apresentado no Teatro Alberto Maranhão em 2005. Tem um aspecto mais dos musicais da Brodaway”.

Quem
Danilo Guanais nasceu em São Paulo, mas veio ainda no colo para Natal. É violonista, compositor e professor de Linguagem Musical na Escola de Música da UFRN. Iniciou sua carreira no teatro nos anos 1980, quando fez parte da Stabanada Cia de Repertório, ao lado de nomes como Carlos Nereu, Chico Vila, Marcos Bulhões, João Marcelino, Castelo Casado, dentre outros. É autor de praticamente todos os autos de natal promovidos pelo Estado e pelo município, além de arranjos para montagens importantes da cidade, como “Beco da Alma”, “Bye Bye, Natal”, “Seu Sol, Dona Lua”, dentre outros.

Serviço
Espetáculo “Pelas Trilhas da Vida”, de Danilo Guanais. Dia 20 de outubro, às 20h30. Teatro Riachuelo. Ingressos gratuitos (retirada no dia do espetáculo, a partir das 12h, na bilheteria do teatro). Depois do Teatro Riachuelo, o espetáculo será apresentado nos dias 22, 23 e 24, na Escola de Música da UFRN.

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