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Em cinco anos, Aeroporto de Natal perde 253 mil passageiros

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Ricardo Araújo
Editor de Economia
Projetado para transportar mais de 10 milhões de passageiros por ano, o Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante, não atingiu, cinco anos e meio após o início da sua operacionalização, a estimativa estabelecida pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), no início da década passada. Na contramão dessa perspectiva, o terminal aeroviário, o primeiro concedido à iniciativa privada no Brasil, acumula queda na movimentação de aeronaves e passageiros. De 2015 para 2019, o volume de passageiros transportados caiu 9,81% e o de movimentação de aeronaves, 21,08%. Os dados foram tabulados pela TRIBUNA DO NORTE a partir de pesquisas no portal do Aeroporto de Natal na internet. 
Nos cinco anos, terminal teve queda de 9,81% no quantitativo de passageiros transportados
Nos cinco anos, terminal teve queda de 9,81% no quantitativo de passageiros transportados
#SAIBAMAIS#No período em destaque, o terminal aeroviário perdeu, em números absolutos, 253.630 passageiros. Deixaram de pousar e decolar, no Aeroporto de Natal, nos cinco anos, 4.771 aeronaves. O pico de movimentação de passageiros no terminal foi registrado em 2015: 2.584.355. Desde que foi inaugurado, em junho de 2014, o terminal aeroviário não se aproximou da capacidade de movimentação de passageiros estimada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e publicada pela TRIBUNA DO NORTE em reportagem datada de 16 de outubro de 2011. 
Na ocasião, a Anac informou que o aeroporto teria capacidade de transportar 5,8 milhões de passageiros e, de 2014 a 2024, ampliaria o quantitativo para 11,4 milhões de passageiros por ano, incremento de 96,5%. Os altos custos das passagens aéreas são apontados como os principais vilões nessa história. No ano passado, o Governo do Estado reeditou o decreto que concede redução da alíquota do ICMS que incide sobre o querosene de aviação com o objetivo de estimular a ampliação no número de assentos e destinos a partir do Aeroporto Int. Gov. Aluízio Alves. 
Em resposta aos questionamentos da TRIBUNA DO NORTE, a Inframérica, administradora do empreendimento, alega que a crise econômica e a falência da companhia aérea Avianca Brasil, “além da troca de equipamentos  (aeronaves menores foram substituídas por aeronaves maiores, ou seja, aeronaves que atendiam um número menor de passageiros foram substituídas por aeronaves com capacidade maior)”,  reduz “o número de aeronaves, mas não a quantidade de assentos.”
A Inframerica enfatiza a questão da crise econômica nacional, que perdurou mais efetivamente de 2014 a 2017, como motivadora da queda na movimentação no aeroporto potiguar no período analisado pela reportagem. “A crise econômica que afetou o Brasil impôs resultados negativos ao setor aéreo nacional que perdeu cerca de oito milhões de passageiros só no ano de 2016. A perda do poder aquisitivo da população e o aumento dos custos operacionais para gestão da infraestrutura resultaram na retração do setor que iniciou em 2015 e perdurou até meados de 2019. Desde então, nota-se um leve crescimento”, destaca a administradora do terminal aeroviário.
No mesmo período, entretanto, aeroportos vizinhos receberam amplos investimentos de companhias aéreas nacionais e estrangeiras. A companhia aérea francesa Air France KLM anunciou, em setembro de 2017, parceria com a aérea brasileira Gol Linhas Aéreas para operacionalização de um hub no Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza, concedido à iniciativa privada em leilão realizado também em 2017. Os voos da Gol transportam passageiros com destino a Europa, fazendo conexão em Fortaleza, e embarcando nas aeronaves da Air France KLM. Um ano antes, em 2016, a Azul Linhas Aéreas instalou, no Aeroporto Internacional Gilberto Freyre, em Recife, um hub que conecta voos nacionais e internacionais. Desde então, a empresa triplicou a operação no sítio aeroviário pernambucano. 
Na mesma nota enviada à TRIBUNA DO NORTE,  a Inframerica argumentar que “as companhias aéreas também estão muito conservadoras nestes anos de crise. Com o dólar alto, as operações aéreas tendem a reduzir. Além do combustível, o leasing dos aviões é calculado em dólar, e, com uma economia estagnada, não há investimento. Natal é uma cidade turística e durante o período de crise econômica foi afetada diretamente com esta queda na demanda. Como reflexo da Recuperação Judicial da Avianca em 2019, o terminal aéreo potiguar teve uma retração na movimentação de passageiros de -4% de 2018 para 2019. A empresa aérea chegou a representar 12% dos assentos ofertados do Aeroporto.”

Estimativa superdimensionada
Questionada sobre as razões pelas quais o Aeroporto de Natal não atingiu o número de passageiros estimado pela Anac, a Inframerica diz que a realidade é diferente.
“A realidade foi muito diferente do que foi projetado pelos estudos de viabilidade que o governo apresentou na época das concessões para o Aeroporto de Natal e dos demais aeroportos. Além disso, a crise econômica e a Recuperação Judicial da Avianca mudaram as circunstâncias”, relata a empresa.
Ressalta, contudo, que  “cabe ao Aeroporto disponibilizar capacidade e qualidade de infraestrutura para as empresas aéreas e passageiros, o que é plenamente atendido pela Inframerica. A decisão com relação à implementação de voos é das empresas aéreas. A divulgação também é essencial para fomentar o turismo da cidade. A Inframerica em parceria com a Emprotur está divulgando Natal nas mídias do Aeroporto de Brasília e no Aeroporto de Montevidéu.”
Evolução numérica
Veja abaixo a oscilação nos números de movimentação de aeronaves, passageiros e cargas no Aeroporto Int. Gov. Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante. Elaboração: TRIBUNA DO NORTE
2019
à Aeronaves: 17.854
à Passageiros: 2.330.725
à Carga: 12.981.228kg
2018
à Aeronaves: 18.812
à Passageiros: 2.429.389
à Carga: 15.420.366kg
2017
à Aeronaves: 18.835
à Passageiros: 2.403.135
à Carga: 12.389.187kg
2016
à Aeronaves: 18.553
à Passageiros: 2.316.349
à Carga: 12.076.973kg
2016
à Aeronaves: 22.625
à Passageiros: 2.584.355
à Carga: 10.895.847kg
Comparativo/De 2015 a 2019
à  -253.630 passageiros transportados
à  -9,81%
à -4.771 aeronaves movimentadas no terminal
à -21,08%
à +2.085.381kg de cargas transportadas pelo terminal
à +19,10%
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