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Em favor da leitura

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Diógenes da Cunha Lima 
Advogado, escritor e presidente da ANL
O melhor amigo do homem é o livro. Ele transcende em muitas qualidades: dá conhecimento e conselhos úteis, está sempre disponível para ajudar, é companheiro na solidão, custa pouco e normalmente só dá despesa uma vez na vida, não trai e nem tem ciúmes de outros livros, revela toda a sua intimidade. E tem, sobretudo, vida mais longa que qualquer outro amigo.
Além do mais, ele serve à toda humanidade, não só lhe fornece cultura, mas foi e é, a força motriz da civilização.
A origem da palavra leitor, do latim legere, nos esclarece. O termo era aplicado na agricultura significando colher, recolher e também escolher. Ganhou novo sentido passando a significar a colheita pelo cérebro através dos olhos. Da mesma origem é a palavra inteligência – inter + legere – que seria ler internamente. A leitura é o maior estímulo da inteligência. Também cognato é eleger, eleição. Nos escolhe os amigos.
A leitura faz saber escolher, pode trazer emprego e renda, autoconhecimento, aumenta o poder de crítica para separar o falso do verdadeiro, pode dar prazer, encontrar razão da alegria e mesmo felicidade. A gente lê para humanizar-se.
O bom leitor privilegia os livros de excelência, fundacionais, fundamentais, os tornados clássicos, eleitos através do filtro do tempo. Num certo sentido, quase todo livro é de autoajuda. Os Evangelhos, há dois mil anos fornecem autoajuda. O leitor mais inteligente tira sempre novas vantagens nas releituras dos clássicos. 
É verdade que ler é uma experiência única, personalíssima. O texto lido ganha uma nova vida com as condições pessoais de cada leitor. O amor ao livro é também muito variável, de que temos exemplos admiráveis. 
Letícia Carvalho formou-se com grande dificuldade, lendo com dedicação e esforço tudo que podia. Sentia-se gratificada até com o tato nos livros, acariciando-os, identificando a melhor lição que eles lhe davam. Depois do doutorado, conquistou a função de professora universitária. Foi à São Paulo, depois de avisar ao marido que o primeiro salário destinar-se-ia todinho à compra de livros. E realizou o sonho.
O livro é essencial à aprendizagem e ao ensino. Estimula a criatividade e a imaginação, ajuda o controle emocional, liberta. É o único estudante que pode fazer até um prisioneiro sentir-se fora das grades.
A leitura pode amenizar o estresse da vida diária, tornar os seus momentos de ócio ou de espera necessária em algo produtivo, melhorar a capacidade de reflexão e de análise.
O hábito de leitura tem também função terapêutica, previne ou retarda o aparecimento do Mal de Alzheimer, já há muitos estudos universitário comprobatórios. 
Paulo Freire baseava o seu ensinamento ao estabelecer que a leitura do mundo precede à leitura da palavra. Tem toda a razão. Podemos acrescentar que a leitura de livros torna melhor a leitura do mundo, a leitura da própria vida.
Eu mesmo, tento entender a vida através da leitura. Reconheço que sou leitor compulsivo, não sirvo de exemplo para ninguém. Tenho verdadeira necessidade de ler, pelo menos, duas horas por dia. Acordo cedo e depois da higiene física, faço a higiene mental, lendo poemas selecionados.
Depois, busco encontrar nos jornais, pela internet, alguma coisa de útil e agradável. Tenho ainda a necessidade de aprender todo dia alguma coisa da ciência do Direito. Só então estou pronto para trabalhar. 
Quem não lê tem uma espécie de cegueira. Enxerga, mas não vê. Ler torna o homem mais capaz, em outras palavras, lhe dá poder.
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