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Em seis anos, Petrobras fecha 6,9 mil vagas de emprego no RN

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Ricardo Araújo
Editor de Economia

Uma relação iniciada no início dos anos 1950 já não é mais a mesma quase 70 anos depois. Após explorar os campos de petróleo em terra descobertos no Rio Grande do Norte a partir da década de 1970 quase à exaustão, a Petrobras iniciou um processo de cortes que reduziu investimento, produção de petróleo e gás e mão de obra efetiva e terceirizada no Rio Grande do Norte. Somente de 2012 a 2018, a queda nos investimentos da companhia no Estado caíram R$ 931,7 milhões (63,03%). No mesmo período, a empresa cortou 6,9 mil postos de trabalho de funcionários efetivos e terceirizados que atuavam, principalmente, nos campos do Oeste potiguar. De olho no pré-sal, cuja produção é maior e consequentemente mais rentável, a Petrobras colocou polos de produção maduros no RN à venda.
Em Natal, alguns setores da Petrobras perderam grande parcela de colaboradores nos últimos anos
Em Natal, alguns setores da Petrobras perderam grande parcela de colaboradores nos últimos anos

#SAIBAMAIS#Os dados acima foram repassados com exclusividade à TRIBUNA DO NORTE pelo Sindicato dos Petroleiros e Petroleiras do Rio Grande do Norte (Sindipetro/RN). Eles foram extraídos, via Lei de Acesso à Informação, do Sistema Eletrônico de Serviço de Informação ao Cidadão (e-SIC).  Procurada via assessoria, a Petrobras respondeu aos questionamentos enviados pela reportagem no sábado, 17. 

A estatal limitou-se a declarar, em nota, que “está focada na gestão de portfólio com objetivo de priorizar projetos que criem valor e gerem recursos para mais investimentos, criando um novo ciclo de crescimento sustentável. O desinvestimento de campos maduros abre oportunidades para outras empresas investirem no potencial dessas áreas e extraírem mais valor dos ativos”.
Fontes da TN junto à companhia confirmaram, entretanto, que há um plano de redução extrema das atividades da empresa no Estado, reforçado pelo presidente Roberto Castello Branco semana passada.  No RN, a Petrobras deverá se concentrar somente nas atividades desenvolvidas no Ativo Industrial de Guamaré, onde está situada a Refinaria Potiguar Clara Camarão (RPCC).

“Há uma esvaziamento completo. A Petrobras sempre esteve numa corda bamba no Rio Grande do Norte. As iniciativas para a saída do Estado não são recentes. Isso se comprova com a queda nos investimentos, que é o que gera emprego com o aumento da perfuração de poços de petróleo. A curva da produção de petróleo, em queda, segue esse raciocínio”, declara o secretário-geral do Sindipetro/RN, Pedro Lúcio Góis.

Na última década, o auge de investimentos feitos pela Petrobras nas unidades de produção e beneficiamento de petróleo no Estado ocorreu em 2011, quando foram investidos R$ 1,885 bilhão. Em 2018, o volume recuou para R$ 546,3 milhões. Em relação ao número de trabalhadores (efetivos e terceirizados), em 2012 eles eram 2.837 e 12.660 respectivamente. Em 2018, não passaram de 1.750 entre os servidores próprios e 6.779 entre os prestadores de serviços contratados via empresas diversas. Queda acumulada de 44,96% – quase o dobro da registrada nos níveis nacional e internacional da companhia que, no período em análise, reduziu o efetivo em 25,51%.

“A situação dos terceirizados é mais sensível. As empresas tradicionais e grandes que eram contratadas pela Petrobras estão sendo substituídas por outras menores e sem muitas garantias trabalhistas. Mas a Petrobras já confirmou que irá efetuar demissões entre os efetivos, concursados. Não há vagas para todos os trabalhadores nas bases da região Sudeste”, adverte Pedro Lúcio Góis. Profissionais da estatal, sob a garantia do anonimato, afirmam que setores como o de Tecnologia da Informação, Contabilidade e Jurídico já não funcionam mais no Rio Grande do Norte e sim no Rio de Janeiro e/ou Salvador.

Desinvestimentos
Quedas acumuladas
Conforme dados do Sindicatos dos Petroleiros e Petroleiras do Rio Grande do Norte (Sindipetro/RN) extraídos do Sistema Eletrônico de Serviço de Informação ao Cidadão (e-SIC) a Petrobras reduziu, ao longo dos últimos anos, a produção de petróleo e gás, o número de empregados efetivos e terceirizados, bem como os investimentos na exploração dos campos terrestres e marítimos espalhados por municípios das regiões Central, Oeste e Alto Oeste do Rio Grande do Norte.
Investimentos
R$ 931,7 milhões é o valor do recuo dos investimentos da Petrobras no RN de 2012 a 2018, correspondente a 63,03% de queda.
Trabalhadores
De 2012 a 2018, a Petrobras aposentou ou demitiu 6.968 trabalhadores próprios (concursados) ou terceirizados. A redução do efetivo no Rio Grande do Norte, no período, foi de 44,96%. Veja abaixo a evolução ano a ano.
2012
Controladora** – 2.837
Subsidiárias*** – 12.660

2013
Controladora – 2.747
Subsidiárias – 11.250

2014
Controladora – 2.525
Subsidiárias – 11.009

2015
Controladora – 2.407
Subsidiárias – 10.293

2016
Controladora – 2.126
Subsidiárias – 6.443

2017
Controladora – 1.822
Subsidiárias – 6.592

2018
Controladora – 1.750
Subsidiárias – 6.779

2019
Controladora – 1.740****

*Valor informado pelo presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, à governadora Fátima Bezerra durante audiência no dia 28 de maio deste ano, no Rio de Janeiro.
**Servidores efetivos da Petrobras
***Servidores terceirizados
****Até fevereiro deste ano


Texto alterado às 12h55 do dia 18 de agosto para acréscimo de informações. 
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