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Emparn refaz previsão sobre o inverno no RN

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PRODUÇÃO - Agricultores começam o plantio de milho no interior do Estado

Os meteorologistas da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn) refizeram as previsões e afirmam que o inverno deste ano será regular. O parecer, com base principalmente em imagens de satélite, ratifica o que os agricultores das regiões Seridó e Oeste potiguar têm comentado nas duas últimas semanas de constantes precipitações.

Gilmar Bristot, meteorologista da Emparn, afirma que até janeiro passado as condições do Oceano Atlântico Norte indicavam um inverno abaixo do normal. Previsão que deixou a população e os prefeitos dos municípios seridoenses em estado de alerta. “As chuvas da segunda quinzena de fevereiro e início de março mostram que teremos, sim, chuvas regulares. Isso fez aumentar o otimismo do agricultor”, afirma.

Os especialistas da Emparn dizem que as informações obtidas a partir de satélites mostram a anomalia da temperatura da superfície do mar dos Oceanos Pacífico e Atlântico. As chuvas que começaram antes do carnaval e abrangem a maioria dos municípios do Rio Grande do Norte têm relação direta com a temperatura do Oceano Atlântico Tropical Norte.

A estação chuvosa começou pela região Oeste potiguar, onde Gilmar Bristot considera que o agricultor tem motivos para plantar porque as informações permitem falar em consolidação do inverno. As nuvens carregadas se deslocaram do estado do Ceará, passaram por municípios potiguares como Alexandria, Baraúna e Patu até chegar à região Seridó. A Emparn registra precipitações acima de 100 milímetros em 51 municípios do Rio Grande do Norte até a sexta-feira passada.

As nuvens que caracterizam um inverno com chuvas regulares, no Estado, precisam estar alinhadas à linha do Equador. “É uma situação que existe, hoje, e com áreas de instabilidade rumo ao hemisfério Sul. Essa instabilidade é importante”, afirma o meteorologista da Emparn. No verão, essa nuvens tendem para o hemisfério Norte.

A análise dos modelos de previsão de chuvas indica que haverá chuvas moderadas, principalmente nas regiões Oeste e Central do Estado, até a próxima terça-feira. A partir da quinta-feira, dizem os meteorologistas, ocorre uma redução na quantidade de precipitações.

O inverno deste ano, segundo Gilmar Bristot, começou praticamente um mês antes dos primeiros registros de chuvas do ano passado. O otimismo dos agricultores, a partir da segunda quinzena de março de 2005, levou-os a aproveitar as primeiras chuvas para plantar. A maioria deles perdeu quase toda a lavoura, especialmente as de milho e feijão, porque no mês seguinte ocorreu um veranico (interrupção das precipitações).

Gilmar Bristot afirma que as chances de isso ocorrer, este ano, são mais difíceis. “Mas não são impossíveis”, ressalta. Ele justifica que no ano passado as condições, segundo as informações do serviço de meteorologia, eram piores. As chuvas que alegram e aliviam o caos provocado pela seca caem em quase todos os estados da região Nordeste do País. A estação se estende até o próximo mês de junho, na região litorânea. Mas onde começou mais cedo – Oeste, Seridó e sertão Central – termina em maio.

A distribuição das chuvas em quantidades superiores a 100 milímetros e a regularidade apresentada nas duas últimas semanas são, segundo os especialistas da Emparn, são fatores importantes para as conclusões de que o agricultor pode e deve plantar. A maior média acumulada (no ano) ocorreu no município de Alexandria, com 304,7 mm. Em Currais Novos, município da região Seridó, choveu 295 mm de janeiro até a sexta-feira passada. Em outros 32 municípios potiguares o acumulado superou os 30 mm.

Seridó se prepara para o plantio

Os agricultores da região Seridó potiguar não esperaram pela confirmação dos meteorologistas quanto ao inverno deste ano – até ignoraram a previsão feita no mês passado. Enquanto alguns preparam a terra, outros já plantam milho e feijão. O sertão do Rio Grande do Norte está verde, os rios e riachos com água sob as pontes e as famílias de camponeses esperançosas que este ano a lavoura vai “vingar”, crescer e produzir. A água abriu caminho sobre o solo rachado pelo tempo seco e trouxe de volta a esperança de fartura nas regiões mais castigadas pela estiagem.

A paisagem mudou, no caminho do litoral ao interior do Estado, a partir da primeira quinzena de fevereiro. Os pequenos açudes de barreiros estão cheios nos municípios da região Seridó. Os agricultores João Ferreira Duarte, 53 anos, e José Ari Umbelino de Oliveira, 32 anos, chegaram ao roçado antes das 7h da manhã no município de Lajes Pintadas (120 Km de Natal). Enquanto José Umbelino fazia as covas, João Ferreira semeava os grãos de milho e feijão de corda, na roça da qual pretendem colher entre 80 e 100 sacos de cereais.

“Tenho esperança que esse ano não vamos perder tudo. Foi assim no ano passado”, afirmou João Ferreira Duarte. A cena se repete a cada município, especialmente nos sítios e fazendas, onde a alegria vai além dos reservatórios cheios ou na iminência de transbordar. “Nós não sabemos o que seria dos animais – o gado e os animais da lida – se não fosse essa água mandada por Deus”, afirmou o agricultor Severino Rafael Neto, 30 anos, enquanto arava um dos lotes onde vai plantar milho e feijão, no município de Campo Redondo.

Severino Neto e os três irmãos de uma família de sete pessoas, dividem a tarefa na roça para aproveitar melhor a terra molhada. No ano passado, a família colheu menos de um terço da área cultivada. Ao longo do ano, os dois bois usados para capinar a terra foram tratados de forma diferenciada. “Eles não podiam morrer, como os outros”, disse o agricultor.

As chuvas que caíram entre a segunda e a quinta-feira da semana passada fizeram sangrar alguns pequenos açudes em Currais Novos, município, cujo reservatório que abastece a cidade estava seco. Na manhã da quinta-feira, algumas pessoas deixaram a cidade ou os sítios vizinhos para ver a quantidade de água retida pelo reservatório. A estrada que cruzava o leito do Dourado, usada pela população para encurtar caminhos até as comunidades vizinhas, desapareceu e a expectativa é que até ele transborde ainda na primeira quinzena deste mês.

O açude Sussuara, à margem da BR-226, transbordou e atraiu a curiosidade dos motoristas que trafegavam rumo ao município de Currais Novos. A poeira deu lugar à lama, no caminho para as comunidades rurais ou sítios. Para agricultores como Maria de Lourdes Braz Silva, 53, a maior alegria é ver as nuvens escuras sobre a caatinga. “Agora tem água perto de casa, no barreiro que encheu com a chuva da quarta para a quinta-feira, e não vou mais andar tanto para pegar água salobra”, afirma a agricultora que aproveita a terra molhada para plantar. “Um alívio para nós e os pobres dos animais”.

Governo assegura as sementes

As sementes para o plantio são asseguradas pelo Governo do Estado e começaram a ser entregues nos bancos de distribuição no mês passado, conforme reivindicação dos agricultores através da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetarn). O presidente da Fetarn, Manoel Cândido, afirma que a logística torna mais eficiente a distribuição dos grãos necessários ao plantio e evita o desvirtuamento do programa.

Segundo o secretário da Agricultura, da Pecuária e da Pesca (Sape), Laíre Rosado, o Governo do Estado vai investir este ano cerca de R$ 2,8 milhões na compra de 370 toneladas de sementes e 300 mil mudas de cajueiro anão precoce.

A entrega das sementes, como acontece sempre, começou pela região dom Alto Oeste, por onde inicia o inverno no Rio Grande do Norte. Laíre Rosado confirmou que inicia a distribuição por Pau dos Ferros, no próximo dia 17, no dia seguinte em Mossoró e Assu; no dia 19, em João Câmara; no dia 24 em São Paulo do Potengi; dia 25, em Currais Novos e Santa Cruz e no dia 26, em Nova Cruz.

Este ano o Governo do Estado já adquiriu 30 toneladas de milho Cruzeta; 60 toneladas de milho “São Francisco”; 40 toneladas de “feijão Rouxinol”; 35 toneladas de feijão Riso do Ano; 40 toneladas de sorgo granífero e 30 toneladas de sorgo forrajeiro que serão entregues aos bancos de sementes. Além disso, os produtores nas áreas de plantio de cajueiro receberão 300 mil mudas para melhorarem ou criarem os pomares.

Laíre Rosado lembra que os agricultores familiares selecionados pela Emater para continuar produzindo algodão, mamona e girassol vão receber dez toneladas de sementes de mamona; 120 toneladas de algodão e 5 toneladas de semente de girassol, este último dentro de uma experiência que está sendo realizada pela Associação Regional de Comercialização para a agricultura familiar (Arco), na região do Mato Grande.

A Secretaria de Agricultura implantou a estrutura dos bancos de sementes. Laíre Rosado diz que já foram adquiridos e passarão a ser distribuídos para os organizadores selecionados dos bancos de sementes 400 balanças, 1.443 “bombonas” de 200 litros e 70 batedeiras de cereais que foram adquiridos através de convênio firmado entre o Governo do Estado e o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Benefício por intermédio do Pronaf, no valor de R$ 560 mil. Na região Seridó, muitos agricultores plantam com as sementes da última distribuição realizada em 2005, enquanto a remessa deste ano não chega.

Pelos dados conseguidos, no ano passado, foram criados no Rio Grande do Norte cerca de 600 bancos de sementes que começam a receber os equipamentos necessários para o funcionamento além do abastecimento com sementes.

Manoel Cândido ressalta como mecanismo importante o fato de o agricultor precisar repor as sementes captadas através do programa quando concluir a colheita. “Isso assegura o programa e evita utilização indevida. Ressalta o compromisso”, afirmou o presidente da Fetarn.

Ele orienta os agricultores a plantar e não temer um eventual veranico. “Quem plantar agora, aproveitando as primeiras chuvas, assegura uma boa colheita e garante o alimento”.

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