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Empresariado exige real mais fraco

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Paula Puliti – Agência Estado

São Paulo (AE) – Diante da possibilidade de o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) desacelerar para 0,5 ponto percentual o ritmo de corte da taxa Selic, os empresários brasileiros, que estiveram reunidos ontem no Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), em São Paulo, voltaram a lembrar que, apenas com juros menores, será possível frear a valorização contínua do real e impedir a queda do nível de emprego.

Os empresários disseram não ter intenção de ir ao governo pedir medidas compensatórias ao câmbio, como estão fazendo os calçadistas e a indústria automotiva. “Defendemos uma política homogênea e horizontal e não a ajuda a um ou outro setor mais organizado, como é o caso do automobilístico”, disse Josué Gomes da Silva, presidente da Coteminas, do Iedi e filho do vice-presidente da República, José Alencar.

Para ele, as soluções individualizadas acabam “saindo mais caras” para o País. Com o dólar cotado ao redor de R$ 2,00, a possibilidade de desemprego na indústria vem ganhando peso especial na defesa que os empresários fazem de um câmbio mais favorável – algo em torno de R$ 2,40 e 2,60. “Se o Banco Central reduzir o ritmo de corte da Selic para 0,5 ponto, o câmbio vai romper a casa de R$ 2,00, e chegará a R$ 1,80. A única atitude que pode mudar o quadro é a redução mais rápida dos juros”, defendeu.Gomes da Silva afirmou que as compras de moeda estrangeira pelo Banco Central não têm efeito sobre o câmbio. Para ele, na verdade, o BC acaba comprando dólares para mostrar ao País que não vale a pena adotar esse mecanismo.

O vice-presidente corporativo da Marcopolo, José Antônio Fernandes Martins, acredita que os juros altos motivam as operações de arbitragem entre os próprios exportadores, que acabam puxando para o alto a cotação do real. Além do corte drástico da Selic, ele propõe a adoção de impostos para as operações de curto prazo em dólar. “O grosso da moeda estrangeira é especulativo”, acredita.

A Marcopolo iniciou seu processo de internacionalização em 1990, em Portugal. Tem operações no México, na Colômbia, África do Sul e, recentemente, fechou um acordo com a Índia. Martins argumenta que a intenção do grupo sempre foi montar, e não produzir, as carrocerias no Exterior, importando peças do Brasil. Mas, agora, o câmbio inviabiliza as importações da empresa no Exterior, forçando a Marcopolo a adquirir componentes no país onde opera. “Acabamos criando vagas lá fora”, afirmou. “A questão do emprego vai mexer de forma indelével no País”, completou Décio da Silva, presidente da Weg.

Segundo ele, o efeito do câmbio sobre o emprego se dá de várias formas: pela queda das exportações, pelo aumento da concorrência das importações e pela instalação de operações no Exterior, que geram empregos fora do País. “O empresário não termina embaixo da ponte, mas parte importante da sociedade brasileira termina”, emendou o diretor de Pesquisas Econômicas da Fiesp, Paulo Francini.

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