A nomeação do ex-deputado Luiz Almir como novo diretor operacional da Empresa Potiguar de Promoção Turística (Emprotur) foi recebida com surpresa e, de certa forma com lamento, pelo “trade” turístico potiguar. Eles argumentam que o ex-parlamentar não tem experiência suficiente para gerenciar a pasta que ficará sob sua competência. O presidente do Natal Convention & Visitors Bureau, George Costa, destacou que “efetivamente nós preferiríamos um nome técnico para a Emproturn, entendendo que essa função é técnica, porque os recursos não são fáceis e para maximizá-los é preciso conhecer a área de maneira profunda.” Ele enfatizou que esperava o anúncio de uma equipe alinhada com o diretor-presidente, Ramzi Giries Elali, que acumula a função de secretário de Turismo; e também do vice-presidente, Francisco Barbosa de Albuquerque, ambos figuras cativas no meio turístico.
“Não esperávamos de forma alguma essa indicação política até porque eu não conheço nenhum trabalho ou projeto do deputado para o segmento do turismo. Não se sabe de algo relevante que o levasse a diretor de operações”, observou George.
A diretoria que será ocupada por Almir havia sido extinta no governo passado. Ela é responsável pelos planos e ações de marketing para a área. “Eu não sei exatamente como o deputado Luiz Almir vai realizar ações em uma área que ele não conhece. A partir do momento de uma indicação a gente tem que cobrar dele ações efetivas no cumprimento das funções”, assinalou George Costa.
Através de nota, o presidente da Associação da Indústria de Hotéis no RN (ABIH/RN), Habib Chalita, pronunciou-se com o mesmo entendimento do representante da Natal Convention & Visitors Bureau. Ele enfatizou a necessidade de um técnico para operacionalizar a Emprotur. “O empresariado espera sempre a indicação de um técnico, seja na Prefeitura ou nos governos Estadual e Federal. Um profissional que conheça o perfil do setor, que saiba dos gargalos que temos de resolver, porém, sabemos que é uma decisão política do governante”. Ele disse que a expectativa, a partir de agora, é que a nova diretoria e o corpo técnico da Emprotur invistam em planejamento para o turismo, buscando alcançar resultados mais consistentes para o segmento em solo potiguar.
O presidente da Cooperativa de Desenvolvimento da Atividade Hoteleira e Turística (COOHOTUR), a mesma que administra o Centro de Convenções de Natal, Sérgio Gaspar, deu uma pitada maior de otimismo à indicação que chamou de política. “Eu não tenho nem o que dizer. Vamos torcer que pelo menos ele seja animado nos eventos turísticos. Nos pegou com surpresa mas vamos torcer para ele fazer um bom trabalho. Competente ele é. Esperamos que ele realmente siga a cartilha do secretário e mostre que veio para somar”, comentou Sérgio Gaspar.
Luiz Almir reconhece que não tem experiência para o cargo
Apesar das críticas e de reconhecer a pouca experiência no ramo do turismo, o ex-deputado Luiz Almir disse que se sente preparado para comandar o cargo de diretor operacional da Emprotur. Ele afirmou acreditar, inclusive, que não foi convidado para secretário “porque não abandonaria os trinta anos de rádio e televisão”. “Ficaria difícil para viajar, ver os eventos internacionais, e aí eu não podia. Modesta a parte me acho preparado para ir para essa diretoria”, enfatizou o ex-parlamentar.
Sobre a pouca experiência no ramo, afirmou que se unirá aos demais diretores da Emprotur e buscará realizar as ações necessárias para contribuir com o ramo turístico do estado. “Tenho humildade suficiente para, com 59 anos e minha experiência, dizer que tenho muito a aprender. Esse foi um convite que a governadora me fez e eu aceitei. Não estou chegando no lugar de ninguém e nem para ser melhor do que ninguém”. Ele assinala ainda que tem um “excelente relacionamento” com os empresários do trade, o que, espera, facilitará o convívio e as ações.
Luiz Almir garantiu que não ressente-se das ressalvas que os representantes do trade turístico potiguar apontam sobre sua indicação na pasta da Emprotur. Ele enfatiza que tal prática é exercício da democracia. “É essa a liberdade das pessoas de acharem e pensarem o que quiserem”, disse. Sobre a renúncia ao cargo de comandante da Urbana, enfatizou que na pasta municipal havia uma crise sem precedentes, advinda inclusive de governos anteriores. “Eu tenho responsabilidade. Não ficaria num lugar onde a multa imposta pelo Ministério Público, quando não se consegue cumprir uma determinação judicial, é de três mil reais por dia. Como é que eu ia ganhar nove mil por mês e pagar três mil em multa judicial por dia?”, indagou.
De olho na Emprotur, destacou que a meta é realizar um trabalho de interiorização do turismo, como é o caso dos eventos de inverno em Martins e Cerro Corá, e também o São João da capital. “É algo mais leve e mais fácil de se fazer do que o outro”. O outro, no caso, é a Urbana. A nomeação do novo diretor de operações da Emprotur deve sair no Diário Oficial do Estado de hoje ou de amanhã.
