Ramon Ribeiro
Repórter
“O projeto surgiu da necessidade contemporânea de olhar para o nosso entorno, o meio ambiente, perceber a relação que o homem tem com a natureza, buscando relações mais afetivas e menos destrutivas”, comenta Estrela, que assina a curadoria.
Nascida em São Paulo, a professora vive em Natal há dez anos. Percebeu cedo que o rio, embora tão importante para a cidade, não despertava muito o interesse das pessoas. “O Potengi é o grande rio de Natal, tem valor histórico, deu início a cidade, deu nome ao Estado. Carrega memórias e histórias que a gente nem imagina que tem”, diz Estrela. “Nossa objetivo foi o de fazer com que os visitantes passem pela exposição reconhecendo o rio como algo da vida da cidade, da nossa vida”.
A exposição é composta por 14 obras de 13 alunos. São experiências artísticas em diversas linguagens e partindo de diferentes percepções, mas ressaltando o lado afetivo do rio com a cidade. Há instalações sensoriais, fotografias, produções audiovisuais, registro de performances e até um protótipo artístico ambiental. “É um projeto de barco que navegaria pelo rio Potengi promovendo troca de conhecimento com a comunidade, com eventos, biblioteca a bordo, distribuição de sementes”, explica a professora, docente das disciplinas “Produção Tridimensional”, “Tópicos em Arte Contemporânea”, e “Corpo e Espaço”.
O processo criativo levou seis meses, começou em sala de aula com estudo de pesquisas já realizadas sobre o rio Potengi e levantando referências prévias de cada um aluno. Depois a turmas das três disciplinas partiram para as aulas de campo. “Visitamos a Gamboa Jaguaribe, um braço do rio. Mas alguns alunos sentiram necessidade de um contato melhor com o rio e fizeram outras visitas, como Soraya Lima, que realizou uma foto performance”, conta Estrela.
Participam da exposição os alunos Christina Bakker, Darliany Quirino, Geovana Grunauer, Guilherme Santos, Iara Machado, Laura Souza, Marcone Soares, Neto Ferreira, Lucas Rodrigues, Luan Sales, Rodrigo Carlos, Soraya Lima e Ygor Anario. A exposição fica em cartaz até o final de junho.
Diálogos sobre Natal
“Uma semana é muito pouco para um trabalho que levou seis meses de pesquisa. Achamos que merecia mais tempo de exposição. E acredito que o MCC também tem essa missão de ser vitrine para o que tem sido feito na UFRN”, conta o professor Everardo Ramos, diretor do Museu.
Everardo cita outra exposição que não nasceu como iniciativa do MCC, mas que surgiu de pesquisas da UFRN e que mereceu ganhar espaço no Museu. Trata-se de “Vibrantes Caminhos”, em cartaz desde dezembro. A exposição funciona como um passeio por diversos momentos da história de Natal a partir do viés urbano e arquitetônico, partindo desde a fundação da cidade até o início da década de 60, apresentando tanto o legado deixado quanto o que já desapareceu. O trabalho é do grupo de pesquisa História da Cidade, do Território e do Urbanismo (HCUrb), do Departamento de Arquitetura.
Exposição “Confluências”
Museu Câmara Cascudo (Avenida Hermes da Fonseca, 1398, Tirol).
Funcionamento de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 12h, e das 13h às 17h; nos sábados, domingos e feriados, das 12h30 às 18h. Entrada gratuita.