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Energia alcooleira

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Alcyr VerasEconomista e professor universitário

Como os poetas, os homens de ciência têm a sensibilidade à flor da pele, enxergam coisas que a grande maioria dos mortais não consegue ver. Diante dos olhos destes, muitos fenômenos interessantes passam inteiramente desapercebidos. Pois, existe diferença entre ver e enxergar.

Há pouco mais de dois séculos, o cientista inglês James Watt, estudioso dos assuntos da física, fez o invento de sua máquina a vapor partindo de um fato muito simples e curioso. Ele observou que durante a fervura da água, os vapores liberados, por serem mais leves que o ar, subiam e forçavam a tampa da panela para cima.

Imediatamente, Watt preparou um recipiente maior e mais robusto, fechou-o hermeticamente, deixando, porém, uma espécie de válvula de saída, e o pôs no fogo. Os vapores, agora presos, exerciam uma forte pressão no interior do recipiente e, através da força da compressão, se transformavam em energia mecânica. Estava, assim, inventada a caldeira. Entretanto, o funcionamento da Caldeira dependia essencialmente do carvão (mineral ou vegetal) e com o passar do tempo a exploração desse produto causou profundas agressões ao meio ambiente.

Com a invenção do motor, a explosão, a demanda por combustível fez nascer a gigantesca e dominadora indústria mundial do petróleo, a qual já motivou guerras, arbitrários embargos econômicos, explosivos conflitos diplomáticos, golpes de Estado, e até deposições e assassinatos de ditadores e presidentes.

O início do século XX viu nascer um amplo e exuberante processo de industrialização, crescendo a um ritmo acelerado, em todas as partes do planeta, cujo combustível que lhe garantia o desordenado expansionismo era o petróleo e seus derivados.

Como a atividade econômica está sempre sujeita às variações cíclicas, o primeiro choque do petróleo levou o governo brasileiro não só a autorizar a mistura do álcool à gasolina, como também a incentivar a fabricação de carros movidos exclusivamente a álcool. A resposta foi rápida. Entre 1983 e 1988, cerca de 90% dos novos veículos vendidos utilizavam o etanol puro como combustível. A mistura à gasolina que começou na proporção de 3 a 5 %, hoje está em torno de 24%.

Atualmente, a produção mundial de álcool é de aproximadamente 40 bilhões de litros anuais. Desse total, o Brasil responde por 15 bilhões de litros. Segundo o Plano Nacional de Agroenergia, o Brasil é o único país do mundo que utiliza o álcool exclusivamente como combustível, e é também o país mais avançado, tecnologicamente, na produção e no uso de álcool combustível, seguido dos Estados Unidos e, em menor escala, pela Argentina, México, Índia, Quênia, Colômbia e recentemente o Japão.

A seguinte informação, porém, não é agradável a nós, nordestinos, principalmente quando temos em conta que, no período áureo canavieiro, fomos a maior região produtora do país. Cerca de 85% da cana-de-açúcar produzida atualmente no Brasil está situada na região Centro-Sul. São Paulo, sozinho, concentra 60% da produção. O Nordeste participa apenas com 15%.

Preocupados com a especulação, os ministros da área econômica tiveram recentemente uma conversa em tom firme e direto, com os usineiros que queriam provocar o aumento dos preços do produto.

Agora, que o álcool despertou o interesse de grandes investidores estrangeiros, o Brasil pode se tornar o celeiro mundial da plantation canavieira. Até o papa da Microsoft, o megaempresário Bill Gates, está apostando na idéia.

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