quinta-feira, 18 de abril, 2024
28.1 C
Natal
quinta-feira, 18 de abril, 2024

Enfim, todas as obras de Bethânia

- Publicidade -

BEM-SUCEDIDA - Em sua trajetória, Bethânia teve coragem, liberdade e talento para criar

Por Lauro Lisboa Garcia

Maria Bethânia completou 60 anos no domingo. Isso não mudou muita coisa em sua vitoriosa trajetória marcada por liberdade, coragem e independência. Masacaba sendo uma oportunidade a mais para refletir sobre seu papel na música brasileira. Os traços fortes da personalidade artística, para a saúde de sua carreira e prazer dos eternos fãs, mantêm-se intactos, o que faz com que continue gerando expectativa a cada novo trabalho.  

Neste aspecto os fãs têm muito o que comemorar. Ela já começou a gravar no Rio seu 40º álbum, que terá a água como tema, com lançamento previsto para o segundo semestre, quando também chega o DVD o mediano documentário “Maria Bethânia:  Música É Perfume”, do suíço Georges Gachot.  A melhor notícia em torno de sua nova idade é que outros 34 álbuns, desde “Maria  Bethânia” (1965) até “Maricotinha” (2001), serão relançados até o fim de julho.  É a primeira vez na história do mercado discográfico brasileiro que um artista  tem todos os seus discos reeditados simultaneamente em projeto conjunto de três  gravadoras: Universal, EMI, Sony-BMG. A iniciativa, claro, não partiu delas,  mas de um pesquisador minucioso, o jornalista carioca Rodrigo Faour. 

Para comemorar os 60 anos, Bethânia recolheu-se no colo de Santo Amaro da Purificação,  ao lado da mãe Dona Canô, uma entidade baiana. A filha mais nova herdou dela  essa vocação. Bethânia encerra em si um mundo à parte dentro da categoria artística  que escolheu. Surgida entre dois pólos de ebulição cultural nos anos 60 – o  engajamento do teatro e da música de protesto e o tropicalismo -, cultivou o  próprio plantio.

Era também o auge da era dos festivais, mas ela figurou em apenas um, cantando “Beira-Mar”, de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Tomou a decisão de não mais participar  quando soube que a música, lindíssima, tinha sido desclassificada por motivo  banal. O júri, carioca, não teria concordado com um verso que dizia não haver  mar mais bonito que o da Bahia. 

Como revelou Caetano, muitas das realizações do movimento tropicalista partiram  de sugestões de Bethânia. Ela já misturava o kitsch, como o bolero “Lama”, ao  repertório chique, antes deles. Essa foi uma das muitas atitudes corajosas de  Bethânia, que em 1983 partiu para sua primeira iniciativa de independência,  fora do esquema das grandes gravadoras, ao produzir por conta própria o álbum  “Ciclo”. 

A Bethânia de hoje mantém a soberania a partir desse impulso. Antes de qualquer  pretensão, prevalece a consistência. Por isso é irresistível ir ao seu encontro  das águas.

Com direito a encartes originais 

A maior parte da generosa discografia de Maria Bethânia  estava fora de catálogo havia mais de dez anos e teve edições desleixadas em CD. Agora, foram todos remasterizados e virão com encartes recheados de textos  informativos e históricos, curiosidades, ficha técnica completa.   

Os do acervo da Universal, que tem “Edu & Bethânia”, de 1967, e todos do período  de 1971 a 1984, trarão também as letras de todas as canções. Os da EMI serão  reeditados em formato digipack. Todos serão vendidos separadamente, mas é bom  os fãs prepararem o bolso. “Quem tem alguns desses CDs pode esquecer e comprar de novo”, avisa o jornalista Rodrigo Faour. “Aquele som abafado que os discos tinham melhorou muito com a remasterização.”  

Isto não é tudo. Detalhes de ilustração das capas e encartes originais dos LPs também foram agora reproduzidos. Faour supervisionou todos os encartes e  escreveu os textos sobre cada título, inclusive tirando dúvidas com a própria  Bethânia.

Quer saber por que não ela, mas Caetano Veloso canta sozinho “Pássaro  Proibido” no fim do álbum homônimo de 1976? A história está lá.  Como esta, a letra de “Gema”, dele também, do belo “Talismã” (1980), originou-se  de um sonho dela. Além dos álbuns oficiais, Faour preparou uma compilação de  compactos que a cantora gravou na RCA no início da carreira. Vai se chamar “Maria  Bethânia Canta Noel Rosa e Outras Raridades”.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas