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Enquanto correr a barca

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Yuno Silva
Repórter

Trilha sonora de toda uma geração, o disco “Acabou Chorare”, lançado em 1972, o segundo e definitivo disco dos Novos Baianos, continua mais atual que nunca. E para festejar as quatro décadas de um dos principais álbuns de todos os tempos da MPB, Moraes Moreira e Davi Moraes estão na estrada “matando a saudade de uns e a curiosidade de outros”, como bem disse o próprio Moraes por telefone ao VIVER. Pai e filho desembarcam em Natal nesta sexta-feira (31), às 19h, no Teatro Alberto Maranhão, trazendo na bagagem clássicos como “Preta Pretinha”, “Tinindo Trincando”, “Mistério do Planeta”, “A Menina Dança” e “Besta é Tu”, entre outros que até hoje fazem a cabeça da moçada de todas as idades.
Moraes Moreira e Davi Moraes mostram a atualidade da obra dos Novos Baianos em “Acabou Chorare”
No topo da lista organizada em 2007 pela revista Rolling Stone, onde foram elencados os 100 principais discos da música popular brasileira, e tido como “obra prima” pela mesma publicação, o álbum unem pais, filhos e netos em torno de um repertório que soa delicado, roqueiro, contemplativo e suingado, uma ode à alegria que, como querem os românticos, têm o poder de harmonizar as diferenças. Essa é a proposta afetiva do show “Acabou Chorare”, que a princípio teria apenas uma única apresentação (acústica e intimista) no Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro em 2012.

“A repercussão foi enorme, muita gente ficou do lado de fora, começaram a surgir convites para fazermos mais shows. E nisso lá se vão dois anos”, lembrou Moraes Moreira, que quando vinha a Natal nos anos 1980 sempre tinha um tempo para visitar o sítio do saudoso Chico Miséria, “grande amigo”, onde o baiano tomava “banho de rio e pegava caju ao mesmo tempo”.

Além de recriar as composições do disco histórico, Moraes também conta ao público um pouco sobre o LP, as gravações, a convivência com os Novos Baianos e com João Gilberto. O artista ainda irá declamar cordeis de sua autoria, cantar músicas da carreira solo e abrir espaço para Davi mostrar seu lado instrumentista – a dupla vem acompanhada por banda completa: Augusto Albuquerque (baixo), Marcos Molleta (guitarra, guitarra baiana e cavaquinho), Cesinha (bateria) e Repolho (percussão). A turnê circula pelo país com patrocínio do Programa Petrobras Cultural, que subsidiou parte dos custos e permitiu a venda de ingressos por um valor menor do que deveria ser.

A turnê que comemora os 40 anos do “Acabou Chorare” provou ter fôlego, vocês estão há dois anos na estrada, como tem sido a receptividade do público?
O Brasil continua pedindo e querendo ouvir esse show. Estava faltando passar aí por Natal, e ainda vamos fazer Recife e depois Belém (PA). Já cobrimos quase todo o país e a receptividade tem sido absurda. O bacana é que é a garotada que está comparecendo em peso. É um momento de matar a saudade de uns e a curiosidade de outros.

Esse show no Teatro Alberto Maranhão é parecido com o que você apresentou aqui em Natal durante o Carnaval?
Não, será bem diferente. No Carnaval cantamos algumas do “Acabou Chorare”, mas agora, na primeira parte do show, tocamos o disco completo (nove músicas). Na outra metade do show faço músicas da minha carreira solo, Davi também canta e apresenta temas instrumentais. O programa ainda inclui “São João na Estrada”, que fala de Natal, clássicos de artistas consagrados como Ary Barroso, e canções do meu disco mais recente “A Revolta dos Ritmos” (2012). Também aproveito para declamar cordeis. Sempre fiz cordel, mas agora me assumi como cordelista. Inclusive, notícia quente, fui convidado para ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Literatura de Cordel (vale lembrar que o mossoroense Antônio Francisco também faz parte desse grupo).

Voltando ao “Acabou Chorare”, imaginava que o álbum (lançado em 1972) iria se tornar um clássico e se perpetuar dessa maneira?
Quando gravamos o disco pensamos em fazer um trabalho que ficasse, que marcasse, que fosse importante para música brasileira. Recebemos uma super influência do Tropicalismo, mas queríamos mostrar algo novo, nosso, que pudesse misturar o rock internacional com a música brasileira que ouvíamos na época. As letras continuam atuais e muitas se tornaram eternas como “Preta Pretinha” a “Menina Dança”… “Preta Pretinha” vou morrer cantando. Esse disco tem um astral altíssimo, sempre uma delícia de cantar.

E onde entra João Gilberto nessa história?
O João foi o produtor espiritual do “Acabou Chorare”. Ele foi se chegando devagar e começou a nos mostrar Ary Barroso (1903-1964), Herivelton Martins (1912-1992), Assis Valente (1911-1958). E quando cantou “Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor” tivemos certeza que era esse nosso caminho.

E essa parceria com seu filho, Davi Moraes, vai render algum projeto novo?
Sem dúvida que sim. Já começamos a trabalhar no disco “Moraes e Davi”, que também vai sair pelo Programa Petrobras Cultural. Davi nasceu na época do “Acabou Chorare”, ouvia os ensaios do berço, e quando começou tocar não deu outra: “Acabou Chorare”.

Durante a turnê rolou participação de algum parceiro seu daquela época?
Não. E não temos nenhum projeto de voltar para um novo show ou disco. Já fizemos isso com “Infinito Circular” (1997), e acho bom não ter esse compromisso.

Serviço
“Acabou Chorare”, com Moraes Moreira e Davi Moraes.
Sexta (31), às 19h, no TAM.
Ingressos:
R$ 100 e R$ 50 (meia) – o desconto vale para assinantes da TRIBUNA DO
NORTE estudantes, idosos, professores  e funcionários da Petrobras.

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