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Entrada de novas empresas anima pesquisadores da UFRN

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Além de instituições como o Senai e o CT-Gás, que possuem cursos na área de energias, o Rio Grande do Norte conta com outro diferencial que chamou atenção dos investidores: a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que há anos recebe investimentos da Petrobras para financiar pesquisas, laboratórios e cursos voltados para a área de petróleo e gás.

Um exemplo disso é o curso de Química do Petróleo, criado no ano de 2007 como uma resposta à necessidade de mão de obra especializada para atuar no setor que crescia no Rio Grande do Norte. No passado, o curso chegou a receber 80 bolsas de graduação, mestrado e doutorado financiadas pela Petrobras para o desenvolvimento de pesquisas e profissionais. No entanto, a desaceleração do mercado também teve um impacto na academia, e a maior parte das bolsas financiadas pela estatal deixou de existir com os desinvestimentos.
Laboratório do Núcleo de Pesquisas em Processamento de Reúso de Água Produzida e Resíduo, que integra o Instituto de Química da Universidade, desenvolve pesquisas na área de petróleo e energia

Laboratório do Núcleo de Pesquisas em Processamento de Reúso de Água Produzida e Resíduo, que integra o Instituto de Química da Universidade, desenvolve pesquisas na área de petróleo e energia

#SAIBAMAIS#“Existia uma demanda muito grande das empresas contratadas pela Petrobras que queriam pessoas já formadas, com uma certa base, e não pegar pessoas formadas em outras áreas que teriam de passar por um treinamento específico”, explica a professora do curso de Química do Petróleo Amanda Gondim.

Diante do cenário atual, de chegada de novas empresas, os pesquisadores estão otimistas tanto para garantir a empregabilidade dos egressos do curso, como para tentar retomar os investimentos em pesquisas na área. É o caso do Núcleo de Pesquisas em Processamento de Reúso de Água Produzida e Resíduo (NUPRAR), laboratório que integra o Instituto de Química da Universidade, criado para atender às demandas do setor de petróleo, especialmente na área ambiental.

O coordenador do Núcleo e professor do Instituto, Djalma Ribeiro, conta que eles atendem, hoje, toda a demanda da Petrobras na área de controle de água e resíduos para os órgãos ambientais. “Apesar do NUPRAR ser um núcleo de pesquisas aplicadas, o fato dele estar dentro do ambiente universitário o possibilita a prestar o serviço e, também, desenvolver pesquisas para a área”, explica o professor.

O laboratório também é responsável por analisar a balneabilidade na parte orgânica, dos pescados coletados em Estados atingidos pelas manchas de óleo que começaram a chegar em julho às praias do Nordeste. Hoje, ele analisa amostras enviadas dos Estados da Paraíba, Piauí e do próprio RN.

Hoje, a UFRN conta com cerca de 40 grupos trabalhando em diferentes áreas de petróleo e energias renováveis, do direito do petróleo à automação e tecnologia da informação. “A estrutura que existe hoje na Universidade para a área de petróleo atende a demandas não apenas do Rio Grande do Norte, mas de vários estados do Nordeste, tanto em pesquisa como prestação de serviço”, diz Djalma.

Ele relata que, até  2015, os recursos que eram aplicados pela Petrobras e ANP para os Centros de Pesquisa nacionalmente girava em torno dos R$ 40 milhões. A partir de 2016, no entanto, os recursos caíram drasticamente. “Praticamente não entrou mais recurso, mas em 2018 e 2019 estamos tendo uma recuperação muito boa”, destaca. Apesar disso, novas parcerias, com empresas como a Shell, também estão surgindo, e os pesquisadores esperam diálogo com as novas empresas.

Curso de química do petróleo volta o olhar para energias renováveis
Diante da tendência mundial a uma preferência pelas fontes de energia renováveis, o curso de Química do Petróleo, criado para formar profissionais habilitados para atuar diretamente no segmento de petróleo e gás, além das demais áreas da química, busca inserir as energias renováveis dentro de seu plano acadêmico.

“O curso forma para a indústria de petróleo, mas você sai com uma formação de química completa, mas com uma ênfase em petróleo. Acompanhando a tendência mundial, de falar cada vez mais em ‘energias’ e ‘combustíveis limpos’, também estamos buscando inserir a parte de energias renováveis dentro do curso”, conta a professora Amanda Gondim, também do Instituto de Química da Universidade.

Apesar disso, eles não esperam que a indústria do petróleo vá perder a importância em nenhum futuro próximo. “Esperamos que essa mudança maior para as energias renováveis vá acontecer a partir de 2050, e por isso mantemos o olhar voltado para isso”, afirma a professora. Ela destaca, ainda, que essa é uma tendência do próprio mercado do petróleo, que em geral é dominado por empresas de energia que investem nas diversas fontes existentes, como é o caso da própria Petrobras. “Isso é visível pelo fato de que a maior parte de linhas de pesquisa em energias renováveis que temos na Universidade é financiada por indústrias petrolíferas”, destaca Gondim.

Hoje, a professora desenvolve pesquisas tanto na área de beneficiamento de resíduos da indústria de petróleo como na área de energias renováveis, coordenando a Rede Brasileira de Bioquerosene e Hidrocarbonetos Renováveis para Aviação. “Essa é uma coisa nova que está despontando. Em janeiro, vai ser liberado pela ANP o Diesel verde, que não é o biodiesel, estamos trabalhando nisso. São grandes pesquisas que são de interesse direto da indústria”, conta Amanda.

Tamires Monteiro, de 19 anos, é aluna do quinto período do curso de Química do Petróleo, e é uma das pesquisadoras de Iniciação Científica que atua no NUPRAR, pesquisando os hidrocarbonetos renováveis. “Antes de entrar, eu sabia muito pouco sobre o curso, e vi que poderia trabalhar com algo que fosse voltado para reduzir os impactos ambientais da indústria de petróleo, que é também o que pesquisamos aqui”, conta a estudante. Tamires ingressou no curso em um momento de baixa da indústria, o que a princípio foi uma fonte de preocupação. “Bateu aquele desespero de não saber se estaria estudando para ser desempregada”, relata a jovem. Entretanto, as perspectivas mostradas pela área de energias renováveis a tranquilizaram sobre o futuro após o curso. “Vi que havia uma gama de possibilidades dentro dessa área, que ainda tem muito o que crescer”, completa.

Nesse contexto, a situação do Rio Grande do Norte é favorável: além de por muito tempo ter sido líder de produção onshore no País, o Estado também é líder na produção nacional de energia eólica, com previsão para iniciar a produção em mar, e também tem visto despontar a energia solar fotovoltaica, que também tem grandes potencialidades na região.

“Como as empresas de petróleo são empresas de energia, elas também estão preocupadas com essa transição gradual da sociedade, e investem nesse tipo de pesquisa. Hoje, o mercado na Europa está investindo nisso intensamente, especialmente na energia solar”, diz o professor Djalma Ribeiro.

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