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Entraves para o desenvolvimento

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Melhoria na malha viária estadual, ampliação do porto de Natal, mais investimento na preservação do meio ambiente e igualdade na distribuição de renda para os potiguares, foram assuntos abordados durante o painel apresentado dentro do seminário: “A UFRN e as eleições 2010 no RN: Desafios e Perspectivas para o próximo governo”. O evento, que se encerrou ontem, teve a participação de lideranças políticas, candidatos e estudantes universitários.

Seminário promovido pela UFRN e Tribuna do Norte se encerrou ontem e teve a participação de lideranças políticas e estudantesDesenvolvimento Econômico, Infraestrutura e Meio Ambiente foi o tema da palestra apresentada pelos professores Francisco Wellington, Enílson Santos e Eliza Xavier. Eles apresentaram aos presentes no auditório da Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, os principais problemas a serem enfrentados pelos próximos governantes em cada uma das áreas que compunham o tema central do painel.

“São vários os problemas de meio ambiente que devem ser resolvidos em breve: saneamento básico, qualidade da água e investimentos em pesquisas de meio ambiente em si”, destacou a professora do Centro de Biociências, Eliza Xavier. Ela pontuou que os problemas apresentados se estendem a todos os municípios do Estado, sendo um dos mais críticos o processo de desertificação da região do Seridó. Na capital, ela apontou o crescimento e ocupação desordenada de áreas de proteção ambiental como um dos motivos do desequilíbrio ecológico local. Além disso, Eliza denunciou que a biodiversidade do Parque da Cidade deve ser preservada e a prefeitura tem a obrigação de zelar pelo patrimônio ecológico. “Existem espécies naquele parque que não são encontradas em nenhum outro lugar do mundo. A prefeitura deveria parar com essa troca de farpas com a gestão anterior e concluir as obras do parque”.

   As questões relacionadas ao desenvolvimento econômico do estado, foram esclarecidas pelo professor Francisco Wellington, do Departamento de Economia. “O RN vive numa encruzilhada. Cresceu muito nos últimos 40 anos e depois se estagnou. As mesmas empresas responsáveis pelo crescimento em outras décadas se mantém aqui e não investem em expansão”. Wellington diz que a pasta de exportações do estado é precária por exportar apenas produtos primários, como o camarão, e variar de acordo com a cotação do dólar.

A má distribuição de renda e os entraves políticos visualizados hoje no Estado, formam os gargalos que impedem o crescimento das exportações e instalação de empresas de grande porte que trabalhem num regime de cadeia produtiva, movimentando a economia estadual.

Uma política arrojada de desenvolvimento é aguardada pelos professores da universidade que expuseram seus pontos de vista durante o evento. “É necessário que indústrias de alto valor agregado se encaminhem para o RN e gerem uma cadeia de produção”, salienta Wellington. A desarticulação da economia estadual é apontada pelo professor como um dos pontos que devem ser consertados pelos próximos governantes.

A infraestrutura da malha viária estadual e as recentes mudanças no porto de Natal foram discutidas superficialmente. O professor Lenílson Santos fez elogios às melhorias feitas nas BR´s que cruzam o estado e apontou algumas mudanças que devem ser feitas o mais breve possível. “É preciso que o próximo governo recupere a conexão das vias ferroviárias estaduais com a Transnordestina, pois é de suma importância para o escoamento da produção através dos portos e rodovias”.

O professor comenta que o crescimento do porto de Natal deve acontecer para a outra margem do Rio Potengi, ou seja, na zona norte de Natal. Ele afirma que seria uma boa opção devido à logística de transportes que poderia ser realizada com o aeroporto de São Gonçalo do Amarante, além da rede ferroviária que cruza a zona norte de Parnamirim à Ceará-Mirim. Em relação ao transporte público na capital, o professor diz que é de inteira responsabilidade da prefeitura estudar e traçar planos de expansão.

No geral, os palestrantes enfatizaram a necessidade de maiores investimentos em pesquisa e responsabilidade ambiental. Para eles, o crescimento econômico depende da infraestrutura adequada e do cuidado na preservação do meio ambiente. “O crescimento sustentável deve ser explorado pelos próximos governantes. A expansão econômica e estrutural devem levar em consideração a fauna, a flora e as pessoas que estão inseridas neste contexto”, frisa a professora Eliza.

Propostas precisam garantir eficiência

O descaso do poder público e o desconhecimento dos candidatos em relação às necessidades dos setores de saúde, assistência social e de esporte e lazer foram as críticas mais comuns nas palestras realizadas na tarde de ontem. Os participantes do seminário lamentaram que as propostas dos postulantes ao cargo de governador sejam direcionadas pelo marketing e não baseadas na análise da real eficácia dos projetos.

A primeira palestra tratou dos avanços e desafios do Sistema Único de Saúde (SUS). A professora do Centro de Ciências da Saúde, Elizabeth Fagundes, apontou os obstáculos enfrentados desde a criação do sistema, há 22 anos. “Existem dois SUSs que convivem, um que dá certo, outro que não.” Ela lembrou que enquanto a mídia retrata pontos negativos, como as filas, desvios de verbas e ineficiência na atenção básica; o SUS também representa avanços, como a ampla cobertura vacinal, uma maior participação popular e melhor entendimento da saúde como um direito dos cidadãos.

Já a professora do departamento de Serviço Social da UFRN, Iris Oliveira, alertou: é preciso dar mais atenção à assistência social e separa-la das práticas de clientelismo e assistencialismo, ainda comuns nos dias de hoje. A palestra destacou detalhes do Sistema Único de Assistência Social (Suas), criado em 2003, mas cuja implantação ainda é incipiente no Rio Grande do Norte. Entre os desafios a serem enfrentados pelo futuro governante do estado, ela destacou a necessidade de a assistência social ganhar um espaço maior e mais racional na estrutura administrativa.

O terceiro palestrante da tarde, o professor do Departamento de Educação Física, João Roberto Liparotti, destacou que grandes eventos estimulando as pessoas a praticarem exercícios físicos são importantes, porém é fundamental fazer da prática esportiva uma educação diária. Ele lembrou que há três anos Natal vem sendo apontada como a campeã do ranking nacional de “inatividade física” e considera a redução de duas para uma aula por semana, de educação física nas escolas, como uma das razões desse desempenho negativo.

Liparotti também destacou a necessidade de incluir educadores físicos nas equipes de Saúde da Família e lamentou a forma equivocada e limitada como a educação física ainda é vista.

Bate-papo

» Eliza Xavier Freire – professora

“É preciso investir em proteção”

Desertificação, investimentos e qualificação de mão de obra. Estes foram alguns dos pontos críticos apresentados pela professora do Centro de Biociências da UFRN, Eliza Xavier Freire, durante uma palestra dentro do seminário: “A UFRN e as eleições 2010 no RN: Desafios e Perspectivas para o próximo governo”, realizado pela UFRN em parceria com a TRIBUNA DO NORTE. Confira a entrevista concedida pela professora à TRIBUNA DO NORTE.

Quais os principais problemas a serem enfrentados pelos próximos governos em relação ao meio ambiente?

São vários, mas eu pontuaria os seguintes: saneamento básico, quantidade e qualidade da água, os altos índices de nitrato em Natal, o processo de desertificação do Seridó, a falta de conservação dos recursos naturais e biodiversidade. Além desses, a falta de investimentos em ações de conscientização e preservação da biodiversidade local.

De que forma a questão ambiental é discutida atualmente pelos gestores municipais e estaduais?

O problema do meio ambiente não é de apenas um profissional, como é visto pelos gestores hoje. O meio ambiente deve ser visto como um problema multidisciplinar, que inclui inúmeros profissionais de outras áreas que podem e devem dar suporte às decisões da administração pública quando necessário. O governo deve investir mais em ações de proteção ambiental e desenvolvimento de pesquisas que só proporcionam melhorias ao ambiente e, consequentemente, à população.

Como a UFRN trabalha na formação dos profissionais dessa área?

A universidade está criando um Núcleo Interdisciplinar do Meio Ambiente para ajudar os órgãos ambientais municipais e estaduais, além da própria população. Estamos montando um banco de profissionais em diversas áreas do conhecimento para atendermos a quem nos solicitar. Nosso objetivo é disseminar a ideia e as ações do desenvolvimento sustentável. Economia e meio ambiente em harmonia.

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