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Entre cartas de amor e imagens da 2ª Guerra

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Marcelo Lima
Repórter

Mais fragmentos que ajudar a reconstruir as memórias da 2ª Guerra Mundial retornaram ao solo potiguar depois de mais de 70 anos. Fotos, caps militares, correspondência, insígnias e documentos que um dia foram sigilosos vieram dos Estados Unidos e devem ser exposto em breve no Núcleo de Arte e Cultura  da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Por enquanto, as peças do acervo da Fundação estadunidense Under The Southern Cross (Sob o Cruzeiro do Sul) estão com o pesquisador Fred Nicolau, da Fundação Rampa.

O colecionador uruguaio Carlos Meyran e Fred Nicolau: Fundações e acervos contam histórias
O colecionador uruguaio Carlos Meyran e Fred Nicolau: Fundações e acervos contam histórias

A maior parte do acervo foi obtido a partir da compra de artigos pessoais a parentes de militares que estiveram em Parnamirim Field (Campo Parnamirim). Uma pequena parte foi obtida por meio de doação. Segundo o presidente da Fundação Under The Southern Cross, Carlos Meyran, o acervo deve ficar em Natal por tempo indeterminada com a possibilidade de exposição pelas instituições que tiveram interesse, assim como para pesquisa.

Além de ajudar a reproduzir as mudanças no cotidiano de uma cidade de 55 mil  em razão de um conflito mundial,  as peças do acervo recontam histórias humanas, ou pelo menos uma parte delas. Toda correspondência de militares estadunidenses com os parentes passava por um censor. “Tudo que pudesse dar uma indicação do lugar onde ele (militar) estava era rasgado pelo censor. Por exemplo, se ele dissesse que estava num lugar com muitos coqueiros e sol, isso era rasgado pelo censor”, explicou Fred Nicolau.

Pesquisador tem correspondências militares e oficiais
Pesquisador tem correspondências militares e oficiais

A comunicação era  repleta de mensagens genéricas como, “estou bem” ou “feliz aniversário” quando fosse o caso. As cartas eram enviadas pelo correio militar com uma identificação do local de origem codificada. Cada força armada, registrava um número diferente para a capital norte-rio-grandense.   Mas, no acervo próprio de Fred, há cartas mais detalhadas, uma vez que foram enviadas por militares radicados em Natal após a guerra. Portanto, sem censura. O pesquisador tem inclusive cartas de amor. “Só não tive coragem de ler ainda”, disse.

No conjunto de peças recém-retornadas ao Brasil, há também manuais de aviação com mapas e informações sobre o caminho para chegar a Natal pelos ares. À época, esses documentos eram sigilosos. Também existem álbum de fotos de autoria dos militares e de fotógrafos locais em Natal e Parnamirim; distintivos utilizados pelos militares atuantes na América do Sul; caps militares variados.

Fotografias registram o cotidiano dos americanos em Natal
Fotografias registram o cotidiano dos americanos em Natal

Boa parte desse acervo que chegou a Natal neste mês só foi possível graças a cultura de se preservar a memória pessoal. “Nos Estados Unidos, eles guardam tudo por 5 ou 6 gerações”, disse Carlos Meyran. Apesar disso, não há pudor em vendê-los em leilões. Na avaliação de Vasconcelos, artigos capazes de reconstituir a memória pessoal e pública não tem o mesmo valor no Brasil. “Todo mundo vem me contar o que tinha no passado, mas quando eu pergunto onde está, dizem que está na casa de fulano, não sabem onde, ou seja, jogam fora”, afirmou Fred Vasconcelos.   

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