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Entre muros e páginas

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Alexis Peixoto – repórter

Com um coquetel molotov de ideias, informações e linguagens na  ponta do lápis e na cabeça, Raom Benarez quer deixar sua marca nos muros e nas páginas da província. Alimentado desde cedo com arte, ele se divide entre a ilustração, o design e o grafite, sempre carregando nas tintas autorais, onde revela um pouco de uma viagem profunda e particular a seu próprio universo, como ele próprio faz questão de ressaltar. Participando de atividades e projetos ligados à arte de rua e também preparando alguns trabalhos de cunho autoral, Raom é um dos principais representantes da nova geração de artistas potiguares, que coexistem tanto nas galerias de arte refrigeradas, quanto nos muros das principais ruas da cidade e nos canais virtuais da internet.
Raom Benarez, artista: Existe um espírito de coletividade dos artistas, com a facilidade de comunicação via internet. A nova geração tem é que aproveitar esse momento e começar a escrever uma nova história
Raom está conectado desde cedo ao cenário cultural da cidade, por meio do pai, o cantor e compositor Cleudo Freire. Aliás, foi graças a um show de Cleudo, no projeto Quarta Musical, na Casa da Ribeira, que Raom estreou profissionalmente. Aos 16 anos, assinou sozinho o cenário do espetáculo, ilustrados por sketches seus.

“Sempre gostei de desenhar, desde criança mas na época desse show, nem pensava em levar isso como profissão. Encarei como um trabalho, uma atividade extra”, lembra Raom. “Só fui me encontrar mesmo como artista quando entrei na faculdade de design. Aliás, ainda estou me encontrando”.

A decisão de fazer do hobby um ofício artístico pode ter demorado um pouco, mas o gosto e interesse pela história da arte  está presente desde sempre. Ainda criança, os futuro artista devorava livros com ilustrações de  Rembrandt, Millôr Fernandes, Goya, Basquiat e Egon Schiele. Desenhos animados e quadrinhos também entravam na dieta.

Apesar das referências coletadas de vários lugares, Raom conseguiu criar um estilo próprio, uma interpretação particular que foge às citações óbvias dos artistas que admira.

“Digamos que eu e eles estamos conectados num universo parecido, o que não significa que coletei intencionalmente estas influências. Eu confio no meu jeito de fazer e depois que eu mergulho no meu mundo, acabo me encontrando com muitos artistas e/ou estilos”, diz.

O trabalho do artista pode ser conferido no site www.raombenarez.tumblr.com.

Arte urbana

Um dos estilos de escolha de Raom Benarez é o grafite. Trabalhos seus podem ser vistos em vários locais da cidade: em muros espalhados pelo centro da cidade ou Petrópolis, em murais feitos sob encomenda para escolas ou estabelecimentos comerciais ou na  fachada do espaço de ensaio do grupo Gira Dança, na Ribeira. Mas apesar da boa aceitação em alguns lugares, o preconceito e a incompreensão ainda imperam em outros.
A obra de Raom Benarez divide-se entre a ilustração, o design e o grafite
“O pessoal ainda tem muito preconceito contra o grafite, muita gente ainda confunde com pichação”, diz. “É possível mudar isso, mas é uma via de mão dupla: os artistas e as instituições públicas precisam se esforçar para isso acontecer”.

Raom cita como bom exemplo da inclusão do grafite no plano de políticas públicas a mostra organizada pela Funcarte em abril desse ano, em alusão ao dia do grafite, da qual ele participou ao lado de outros 17 artistas natalenses. Ele também reforça a importância dos artistas se organizarem, em coletivos ou grupos que possam desenvolver projetos e ações.

“Para mim, 2013 tem sido o ano da união, o ano em que as coisas estão finalmente acontecendo aqui”, opina. “E acredito que muito disso tem a ver com o espírito de coletividade dos artistas, com a facilidade de comunicação via internet, principalmente. Os artistas da geração nova têm mais é que aproveitar esse momento e começar a escrever uma nova história”.

Próxima exposição terá parceria com fotógrafa

Atualmente, Raom Benarez trabalha em dois projetos autorais. Ainda esse ano, o artista pretende organizar uma exposição em conjunto com a fotógrafa Isadora Gomez, unindo fotografia analógica e ilustração. “Ainda estamos discutindo esse trabalho, decidindo como vai ser o formato e qual vai ser o melhor maneira de trabalhar essas duas linguagens juntas”, diz.

Para o ano que vem, o plano é publicar “O Filho de Soraia”, misto de fanzine, história em quadrinhos e ilustração. O roteiro ainda está em fase de elaboração, mas alguns estudos do personagem principal já podem ser vistos no site do artista.

Segundo Raom, a narrativa vai conectar várias histórias curtas em torno de uma viagem interior do protagonista, uma curiosa figura com características caninas e humanas. “É uma viagem, uma espécie de descobrimento. Esse trabalho vai dar vazão a um lado mais místico meu”, diz o artista, que não descarta a possibilidade de, no futuro, converter o projeto em um curta de animação.

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