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Entretenimento

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Augusto Bezerril
Do Blog ABZ Tribuna do Norte 
Os ventos do litoral norte movem os caminhos da tendência em arte, moda, cultura e estilo de vida. Se São Miguel Gostoso consolida um período de expansão iniciado há duas décadas, Galinhos e Cajueiro despontam como roteiro para viajantes chiques em busca de experiências culturais identitárias de raízes caiçaras. O mapa das tendências tem um porém semântico, os habitantes de São Miguel gostam de ser chamados gostosenses. Caiçara são os moradores da vizinha Caiçara do Rio dos Ventos. Enquanto isso, a Praia de Cajueiro discretamente atrai nomes poderosos da moda e design. 
Cajueiro mantém o ar de vila de pescadores, e mesmo com pouca estrutura hoteleira, é uma escolha que vale a pena
Os internacionalmente famosos irmãos Humberto e Fernando Campana foram vistos, sim, em Cajueiro desfrutando de experiência low tourist – que aqui significa baixo impacto ambiental –  nos arredores do quilômetro zero da BR 101. Marque o lugar antes de fazer qualquer descoberta a partir de Gostoso até a Ponta do Calcanhar.  
Conhecida por ser pura tranquilidade, a praia de São Miguel de Gostoso tem ganhado efervescência. Além das festas de réveillon grifadas, a praia é conhecida por receber bandas de reggae. Bandas como Rastafeelings cantam em espaços como Spaço Mix. O Bar da Praia tem programação de DJs. E rua da Praia da Xepa tem bares com música ao vivo. Refletindo um movimento que aconteceu em Pipa no litoral norte, a rua tem lojas de grifes. 
A  potiguar Sem Etiqueta atrai com moda regional, enquanto a Portfólio apresenta acessórios feitos em materiais sustentáveis. Por lá, é possível comprar Havaianas e multimarcas de grifes de moda praia. “É muito bom observar o crescimento de Gostoso”, diz Umberto, empresário italiano do ramo de gastronomia. O restaurante La Positano está localizado em circuito off burburinho. Se antes a praia era conhecida pelo burburinho do kitesurf, hoje a noite existe e ferve cada vez mais ao ponto de existir abaixo assinado contra som alto no município.
No sentido artsy, a Galeria Sol da Meia Noite reúne obras de Emanuel Neri, proprietário do espaço,e de artistas como Aguilar e Ricardo Prado Lima. O lugar abriga exposição do fotógrafo Rubens dos Anjos e foi cenário de um talk com o arquiteto Cleber Almeida sobre racismo. Carioca, Cleber é autor de espaços na Pousada dos Ponteiros, entre outros endereços nas badaladas praias do  litoral norte, a partir da influência crescente de Gostoso sobre turistas estrangeiros e paulistanos. O arquiteto faz bom uso dos elementos das construções típicas da paisagem caiçara potiguar, inclusive das possibilidades de paisagismo orgânico das plantas típicas da região da Mata Grande, onde está localizado o município de São Miguel de Gostoso. 
Ao despontar como modelo na mostra Pretas, Pretrinhos, Pretos, Pretinhas, com fotos de Rubens dos Anjos, em cartaz na Galeria Sol da Meia Noite em Gostoso, Joatan Silva descobriu a origem indígena da família paterna. “Segundo minha irmã por parte de pai, a tribo a qual meus avós fizeram parte é tapuia”, diz Joatan ao falar sobre o pai Gerôncio Bezerra de Souza.
Desempregado, o jovem gostosense tem curso de técnico em montagem de módulos solar e ao figurar na mostra sobre representatividade negra atraiu o olhar de ninguém menos que Paulo Borges, diretor da SPFW. As primeiras imagens do modelo foram diante das lentes do fotógrafo Ary Fran, conhecido pelo resgate da vida caiçara no litoral norte do Rio Grande do Norte.
Com o crescimento e urbanização de Gostoso, os turistas mais descolados começam a descobrir os refúgios da região conectada à tendência low, baseada em menos tecnologia e mais experiências tradicionais e humanizadas. A modelo Fernanda Tavares volta e meia é vista com Thay Paradise, um paraíso natural da cidade de Pureza.. Artista e cozinheira, Carol Coral foi responsável pelas iguarias servidas às margens das nascentes do rio Pureza. Mas optou por ficar na Praia do Cajueiro. A praia tem como charme ter pouca, muito pouca estrutura hoteleira. 
Com agendamento prévio, é possível o turista ter a sorte dos badalados Umberto e Campanha de comer peixe cioba – recém saído do mar – e pizza de camarão feitas por Carol Coral. “Eu uso o máximo de  ingredientes produzidos artesanalmente em nosso litoral”, diz Carol, que também é convidada para criar painéis artísticos, geralmente em casas de veraneio. Ao contrário de Gostoso, Cajueiro mantém o ar de vilarejo de pescadores.
Os moradores vivem da agricultura e pesca, especialmente de lagosta. Como a estrutura hoteleira é pequena, uma dica é alugar uma casa ou fazer o roteiro com empresa transfer. A dica é: reserve o maior tempo possível para desligar do agito, caso o desejo seja desfrutar do encanto de subir a duna da lagoa ou caminhar até o farol, de onde se avista o ponto zero da BR 101. 
Ao contrário de Cajueiro, Gostoso tem boas opções de hospedagem. A estilista carioca Elle Alves amou as casinhas de pescador transformadas na pousada Chalés de Moringa. Já o hostel  El Surfista, diz a estilista, acostumada a voltas por Paris, Londres e Japão, atrai gente descolada e promove o diálogo transcultural. “Sem falar que o atendimento é perfeito.Eu voltei para o Rio encantada, quero voltar. Amei Gostoso e quero conhecer Cajueiro e Galinhos”, diz. Uma das mais antigas de Gostoso, a  Pousada dos Ponteiros tem piscina, bar e loja. É conhecida por receber grupos de turistas que lotam os chalés. Hora de planejar estada durante a Mostra de Cinema de Gostoso, que acontece de 4 a 8 de novembro, na Praia de Maceió.
* Artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião da TRIBUNA DO NORTE, sendo de responsabilidade total do autor
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