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‘Enxergamos a oportunidade perfeita’, diz Daniel Castanho

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Ricardo Araújo
Editor
Numa transação que envolveu aproximadamente R$ 4,6 bilhões, a mais antiga e maior instituição de ensino superior privada do Rio Grande do Norte, a Universidade Potiguar (UnP), foi vendida. O novo dono é o grupo Ânima Educação, um dos gigantes do ensino no Brasil. Com a saída da Laureate, empresa norte-americana de gestão de entidades de educação que por anos administrou a UnP, o grupo Ânima realizou um sonho antigo, conforme detalhado na entrevista a seguir pelo presidente do Conselho, Daniel Castanho.

O valor da negociação contempla prédios, equipamentos de tecnologia da informação, laboratórios de cursos diversos, e os milhares de alunos incorporados à carteira da Ânima Educação. A partir de agora, com a fusão das empresas, são aproximadamente 330 mil estudantes e cerca de 18 mil educadores distribuídos em 12 Estados brasileiros. Com a compra da UnP, o grupo Ânima expande sua atuação no Nordeste com o valor da marca de uma das entidades de ensino mais respeitadas da região. Confira mais detalhes na entrevista.
Como se deu o processo de aquisição da Universidade Potiguar (UnP) pela Ânima Educação e quais os valores envolvidos?

Nós, da Ânima Educação, admiramos a Universidade Potiguar há bastante tempo. Sempre soubemos do ótimo trabalho desenvolvido pela instituição na educação superior de Natal, tornando-se uma referência para a região. Chegamos, inclusive, a visitar a Universidade Potiguar há alguns anos, mas na época a Ânima estava em um outro momento e o grupo Laureate acabou aproveitando a oportunidade e adquiriu a instituição. Com o passar dos anos, percebemos que além da Universidade Potiguar, as marcas sob gestão da Laureate combinavam com a Ânima, ou seja, o foco no ensino de qualidade com vistas à empregabilidade. Iniciamos as conversas com a Laureate com o intuito de fusão, mas por conta da crise econômica, agravada pela pandemia da Covid-19, o grupo americano dono da Laureate resolveu sair do país. Enxergamos a oportunidade perfeita para criar a organização educacional de ensino superior privado mais importante do Brasil e fomos extremamente ousados em decidir pela compra da Laureate, dona da Universidade Potiguar. A aquisição é considerada o movimento transformador na educação do país.
Presidente do Conselho de Administração e um dos fundadores da Ânima Educação
Por quais motivos a Ânima Educação decidiu adquirir a Laureate Brasil num momento tão instável da economia, em decorrência dos efetivos nocivos da pandemia?

Pelas razões anteriormente comentadas, como o fato das marcas da Laureate combinarem com as da Ânima. As duas instituições tinham muito em comum como a valorização da relação professor-aluno, uso da tecnologia, ensino voltado para o mundo do trabalho, ou seja, o mesmo posicionamento. A decisão de compra da Laureate já estava no nosso radar há muito tempo. Juntas, Ânima e Laureate, tinham as marcas mais valiosas do ensino superior privado. E com a aquisição da Laureate, estamos apostando alto de que a Ânima será uma das protagonistas na construção dessa nova sociedade do pós-pandemia. Estamos formando os profissionais que irão atuar neste momento de reconstrução da economia do país. Costumo dizer que se hoje os grandes heróis são os profissionais de saúde, no futuro muito breve serão os professores os maiores artífices da nova economia.
Quantos alunos a Ânima Educação passa a ter com a aquisição da UnP e qual a posição no ranking nacional de instituições privadas de ensino superior passará a ocupar? Qual a importância desse ranking para os negócios da empresa?
Como também sempre digo, um curso é tudo o que fica depois que ele acaba, ou seja, o valor de uma universidade está no impacto gerado na sociedade por meio do que os alunos aprenderam através do nosso ecossistema de aprendizagem. Esse é o verdadeiro valor de uma instituição de ensino, que é muito mais importante do que quantidade de alunos, é o que essa universidade agrega à sociedade. Para nós, da Ânima, importa o que aluno aprende dentro desse grande Ecossistema de Aprendizagem e de que forma isso será transformado em benefícios para a coletividade. Juntas, Laureate e Ânima, reunirão uma comunidade de aprendizado de mais de 350 mil pessoas, formada por mais de 330 mil estudantes e 18 mil educadores, distribuídos em 16 instituições de ensino superior, além de oito marcas que são referências em suas áreas de atuação e o Instituto Ânima. Com presença em 12 Estados nas regiões Sudeste, Sul, Nordeste e Centro-Oeste e quase 550 polos de ensino digital.
O senhor tem planos de modificar a estrutura física e de ensino montada ao longo dos últimos 40 anos pela UnP no Rio Grande do Norte? Quais serão as mudanças mais significativas?

Assim como a metodologia de ensino e uso da tecnologia são importantes, assim como o papel do professor é fundamental, os espaços de aprendizagem são essenciais para os alunos, colaborando com o protagonismo do estudante nesse processo. A Universidade Potiguar tem uma das melhores estruturas de ensino superior e uma excelência no Rio Grande do Norte, sendo referência na região, destaque entre as Instituições Privadas inclusive da região Nordeste. Vamos entender essa estrutura e o que for necessário adequar iremos fazê-lo para melhorar a experiência do estudante no seu processo de aprendizagem.
O que os alunos, professores e demais colaboradores da UnP devem esperar da gestão da Ânima Educação? Haverá o resgate da qualidade do ensino, tão criticado à época da gestão da Laureate Brasil?

Nosso principal objetivo é “Transformar o Brasil pela Educação”, por isso trabalhamos constantemente no aprimoramento de nossas metodologias de ensino e no desenvolvimento de nosso time docente. A integração com os ativos brasileiros do Grupo Laureate permitirá ganharmos uma escala ainda maior, atingindo mais pessoas com educação de qualidade e um intercâmbio cultural ainda mais assertivo para o desenvolvimento completo dos estudantes. Para a companhia, mais do que reconhecer a educação como o melhor caminho para mudar a realidade das pessoas, é preciso fazer parte dessa transformação todos os dias. Por isso, todas as movimentações estão alinhadas às melhores práticas mundiais de educação superior.
O interior do Estado deverá ser contemplado com mais Campi físicos ou Ensino a Distância? Por quê?

Neste momento é prematuro falar da ampliação de campi na capital ou no interior ou no ensino a distância. Hoje, a UnP conta com dois campi – um em Natal e outro em Mossoró – e mais quatro Polos: Caicó, Currais Novos, Pau dos Ferros e Limoeiro do Norte, que marca a presença da instituição no Ceará. A integração da Universidade Potiguar ao ecossistema Ânima Educação está no início e avaliaremos todas as oportunidades possíveis, com o objetivo de promover a máxima qualidade de educação aos nossos alunos. Sendo assim, por enquanto, não existe alteração e a instituição seguirá seus planos orgânicos de operação.
O professor Paulo de Paula é um filantropo e figura das mais respeitadas na região quando o assunto é educação. Visionário no momento em que fundou a Unipec – que mais tarde se tornaria a Universidade Potiguar – a instituição só é a referência educacional que é nestas quatro décadas em função da sua atuação. Não nos esqueçamos de que a UnP é a primeira e ainda única universidade privada do Rio Grande do Norte. E foi o professor Paulo que, há 40 anos, começou em Natal e concretizou o sonho de ter na região um ensino superior de qualidade. Ele continua presente em Natal e seu legado é inestimável. Mas uma atuação dele no ecossistema Ânima nesse momento não está prevista.
A UnP tem prédios próprios, alguns em desuso, e outros locados em Natal, como o da Av. Eng. Roberto Freire. O que será feito desses ambientes? Os contratos de locação foram renovados, por quanto tempo? E os prédios em desuso, serão reocupados, com quais ações?

Toda a estrutura está em estudo. Não só de agora, mas um ensinamento que esta pandemia da Covid-19 trouxe é a utilização eficaz e segura de todos os espaços. Neste momento, estão em análise todas as possibilidades. Mas como informei anteriormente é prematuro falar de cada prédio. A integração da Universidade Potiguar ao ecossistema Ânima Educação está no início e avaliaremos todas as oportunidades possíveis, com o objetivo de promover a máxima qualidade de educação aos nossos alunos.
Como o senhor avalia o atual cenário econômico nacional? Enxerga melhora dos índices sociais e econômicos num curto intervalo de tempo? Do que isso depende para ocorrer?

Desde 2020 estamos vivendo momentos muito difíceis. E, ainda vamos passar momentos muito complexos, sem dúvida nenhuma. De recessão, de desemprego. Acredito que as empresas precisam se unir e agir rapidamente para conter o desemprego nessa crise. Infelizmente, com o impacto na economia, estamos vendo pessoas desesperadas, passando fome. As grandes organizações precisam colaborar de alguma forma, seja distribuindo cestas básicas ou apoiando alguma instituição. Diante desse cenário, nós líderes precisamos criar planos de estruturação de longo prazo. Por enquanto, não dá para prever uma melhoria, mas se trabalharmos fortemente com apoio de outras organizações, poderemos sobreviver e voltar à normalidade.
Em relação à vacina contra a Covid-19, é favorável ou contra? Defende a compra por empresas privadas?

Sou totalmente a favor. Neste momento em que os hospitais estão lotados, chegamos a um ponto em que não dá mais para só esperar. Não tivemos agilidade para termos as vacinas antes e agora que conseguimos ter, temos problemas de insumos. Para conseguirmos nos estruturar e tentar voltar à normalidade, todos precisam se unir.

Quem 

Presidente do Conselho de Administração e um dos fundadores da Ânima Educação, Daniel Faccini Castanho formou-se em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo. Completou um curso de Educação Continuada na Harvard Business School, em Boston. É de uma família que tem o DNA ligado à Educação. A partir de uma pulsante veia empreendedora, foi também o fundador da incubadora de e-business Virtual Case, parceiro da franquia Subway, em Sorocaba (SP), e do restaurante Varanda Grill, em São Paulo. Em 2018, foi indicado ao Prêmio Milton Santos de Educação Superior, da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), na categoria “Gestor Empresarial” e foi vencedor na categoria “Notáveis 2018” na 3ª edição da Galeria de Notáveis, promovida pela “Money Report – Agenda de Líderes”.
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