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Era uma vez em… Natal

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Há exatos 40 anos, uma das coisas mais românticas da vida estudantil em 1982, além do sexo estimulado com cerveja, maconha e filmes europeus, era que a minha geração acreditava piamente que para “endireitar” o mundo teria que haver uma revolução pela esquerda. Nem foi preciso o general Figueiredo ameaçar prender quem negasse a democracia para que nós, armados de espírito público e hormônios privados, adotássemos os partidos esquerdistas.
Quando as legendas passaram a foice nos campi universitários, a grande colheita coube ao novíssimo Partido dos Trabalhadores, criado no frescor das greves operárias do ABCD Paulista (Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema). O general Golbery, mentor intelectual da redemocratização “lenta, gradual e segura”, a quem Glauber Rocha classificou de “gênio da raça”, teria sido também o fiel avalista do partido formado por aqueles grevistas paulistas.
E se o líder Lula era ou não obra do bruxo militar, naquela época isso não foi questionado pela moçada que sonhava tomar o poder ouvindo Ivan Lins, Milton Nascimento e as lacrimosas canções amorosas do engajado Gonzaguinha.
O PT daqui conseguiu formalizar um número mínimo de diretórios e comissões provisórias, e partiu para se organizar para a eleição, que prometia um duelo entre o mito Aluízio Alves e o jovem prefeito de Natal, José Agripino Maia.
Alves voltava da cassação e tinha o emocional do povo ao seu favor; Maia tinha feito uma boa administração e sobrava racionalismo na oratória. Era um páreo duro para o PT enfiar no meio um candidato operário ou intelectual. 
Com militantes sindicais, docentes e estudantis, o PT criou “pré-convenções”, uma forma de burilar o debate interno e livrar as convenções das possíveis polêmicas. Os núcleos de bairro e acadêmicos discutiam os rumos da legenda.
A maioria quase absoluta escolheu o jornalista Rubens Lemos como candidato a governador, por sua história de lutas, seus conhecimentos e uma incrível eloquência. O melhor nome para encarar um debate com Aluízio e Agripino.
Houve uma minoria questionando um candidato intelectual num partido de trabalhadores, o velho preconceito contra a produção não fabril. E colocou para o debate interno o nome do sindicalista rural Eliziel Barbosa, lá de Montanhas.
Democracia se faz de dentro pra dentro. E lá foi o PT orientar seus núcleos a discutirem sobre os nomes dos candidatos a governador, para que na convenção, marcada na Câmara Municipal, se chegasse a um denominador.
Havia núcleos em Mãe Luiza, Petrópolis, Rocas, Nova Descoberta, Quintas, Candelária e Cidade da Esperança, além dos universitários, docentes, secundaristas e de mulheres. Era muita militância e pouca mobilidade motora.
Dois professores da UFRN, de origens paulista e mineira, sem intimidade com a geografia natalense, se prontificaram a apanhar os “companheiros” do núcleo da Cidade da Esperança. Um a bordo de um Fiat 147, o outro num Fusca 1978.
Domingo de convenção, todos achando que o mundo aguardava a definição do candidato antiburguesia ao governo do RN. Os dois mestres tomando café na casa que era ponto para a partida para a Câmara, esperam chegar os filiados.
Quietos, mas curiosos, perguntam a alguns como está o núcleo. Se contentam em saber que são mais de 20 filiados no bairro e que duas vezes por semana se reúnem e discutem esmiuçadamente o estatuto e o programa do partido.
Mas, o grande interesse ali era saber sobre o principal ponto de pauta; se os companheiros já teriam uma definição sobre os dois nomes postos ao debate das eleições 82. Afinal, cada núcleo teria que definir seu candidato ao governo.
Foi aí que um dos visitantes quase deixou cair a xícara. Um filiado, o mais falastrão, empostou o peito e deu o veredito: “Companheiro doutor, nessa questão o PT aqui tá dividido, viu? Um lado quer Aluízio, o outro Zé Agripino”.
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