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Era uma vez (o cinema) no Oeste

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Ramon Ribeiro
Repórter

Sem saber que era impossível, uma turma de Mossoró foi lá e fez. Parafraseando o dramaturgo Jean Cocteau, foi na raça, praticamente sem orçamento, na base das parcerias, movidos sobretudo pelo desejo latente de fazer cinema – arte colaborativa em essência —, que nasceu o longa-metragem “Era Uma Vez Lalo”. Num cenário praticamente inexistente de produções audiovisuais em ficção, o coletivo Buraco Filmes estreou sua produção cinematográfica no último dia 22 de abril, no Multicine Cinema, no Partage Shopping Mossoró. Desde então mais de 600 espectadores já assistiram ao filme, nas três sessões realizadas até o momento. A quarta acontece no próximo domingo, encerrando a temporada de lançamento.

Trabalho de maquiagem, assinado por Joriana Pontes, da Cia Bagana de Teatro, foi bastante elogiado
Trabalho de maquiagem, assinado por Joriana Pontes, da Cia Bagana de Teatro, foi bastante elogiado

Segunda produção do coletivo – em 2014 eles lançaram “O Mundo de Ana”, também independente –, “Era Uma Vez Lalo” é um filme de aventura que aborda o universo circense com olhar lúdico, a partir da saga de um aprendiz de mágico que parte em busca de dinheiro. Com grande elenco, envolvendo artistas independentes e de companhias teatrais da cidade, a obra é resultado da união dedicada de profissionais de diferentes áreas, todos de Mossoró, que toparam participar da empreitada de maneira voluntária. A direção é da jovem Wigna Ribeiro, que também dirigiu “O Mundo de Ana”.

Wigna conta que foram dois anos de produção, contando desde as primeiras reuniões de roteiro até a edição final. O orçamento girou em torno de R$ 8 mil de recursos próprios, mais parcerias com empresas locais. Foram as parcerias que viabilizaram as filmagens em tantas locações diferentes, como Assu, Areia Branca, Tibau e Guaramiranga, no Ceará, além de Mossoró.

“Foi determinante para a realização do filme a confiança de todos em apresentar algo de qualidade. Eles sabiam que era possível. Por isso tanta gente boa topou participar do filme de forma voluntária”, diz a diretora de 24 anos. Ela lembra, por exemplo, o caso da atriz e maquiadora Joriana Pontes, da Companhia Bagana de Teatro, que usou seus materiais de maquiagem para garantir a caracterização dos personagens, um dos aspectos que mais chamam atenção no filme. Para o figurino, outra parceria, dessa vez com o diretor Marcos Leonardo, da Companhia Pão Doce. Vencedor do Prêmio Cenym de Teatro Nacional na categoria Adereços e Objetos, com o espetáculo “A Casatória c’a Defunta”, Marcos produziu os figurinos dos protagonistas do filme.

Filme conta história de um palhaço que busca uma vida melhor
Filme conta história de um palhaço que busca uma vida melhor

“Em Mossoró, tirando os trabalhos da faculdade, não se produz curtas e filmes. Não temos festival de cinema. É inexistente na cidade a produção audiovisual autoral”, comenta Wigna.

Ela é formada em Publicidade e Propaganda na UERN e soma cinco anos de experiência na TV TCM. Suas referência no cinema são os diretores Tim Burton e Quentin Tarantino. “De Tim Burton até que tem no filme. Mas Tarantino não”. Na pesquisa para “Era Uma Vez Lalo”, foram estudados os filmes “O Palhaço”, de Selton Melo, e “OZ: Mágico e Poderoso”, de Sami Raimi.

Wigna diz que seu interesse por cinema começou na faculdade. “Comecei com fotografia. Mas como as câmeras hoje filmam, dei meus primeiros passos, fiz uns curtas e tomei gosto”, recorda. Hoje, além do trabalho com o coletivo Buraco Filmes, a realizadora também trabalha com a produção de vídeos comerciais.

Diretora diz que filme é “um aprendizado”
A experiência da Buraco Filmes pode ser o ponta-pé inicial para que
Mossoró venha a desenvolver uma cena audiovisual. No que depender do
público local, há espaço. “A resposta dos Mossoroenses tem sido
positiva. Temos feito um trabalho de aprendizado. Do primeiro filme para
esse de agora dá para perceber o salto de qualidade”, avalia a
diretora. Para divulgar o lançamento de “Era Uma Vez Lalo”, durante três
semanas que antecederam a estreia, a equipe esteve com um espaço
montado no shopping com exposição fotográfica de cenas e figurino, onde o
público podia comprar o ingresso antecipadamente e tirar fotos.

Parcerias garantiram elenco, figurino e estrutura nas locações
Parcerias garantiram elenco, figurino e estrutura nas locações

Legalizar e circular
Depois
da sessão de domingo, a Buraco Filme vai atrás de dar entrada no
processo de legalização da obra, para que ela possa participar de
festivais e ser exibida em outros cinemas. Wigna afirma que até o fim do
ano o longa será lançado em Natal. Enquanto isso, durante o ano a
equipe estará reunida na produção da web série “Estações”. O elenco já
foi selecionado e as filmagens devem começar em breve. Com 10 episódios,
a obra será um drama juvenil e atual.

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