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Escandinavos descobrem bairro do Alecrim

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CASAL - Harry Barsk e Sanna Maliren aproveitaram as compras

O tempo do turismo de praia, sol, mar, e feiras de artesanato em lugares estratégicos está com os dias contados. Os turistas, principalmente os estrangeiros, estão migrando para locais antes pouco visitados, como o bairro do Alecrim. A novidade tem surpreendido inclusive os comerciantes, que precisam ‘se virar’ para se comunicar com os novos clientes.

Para comprovar a novidade, basta dar uma passada rápida pelo bairro, que é um dos mais antigos da cidade e sustenta um dos principais centros de comércio popular de Natal. Visitantes de todos os lugares do mundo se destacam dentre a população local, com o olhar curioso e atento às mais diversas manifestações culturais.

Ao contrário do que se estava acostumado a ver, eles também estão à procura dos produtos mais baratos. A famosa ‘pechincha’ é o principal motivo que leva os estrangeiros até à peculiaridade do mercado alecrinense. Motivo esse, comprovado pelo incremento no faturamento do comércio, que na alta estação chega a um percentual de aumento de 40%, conforme dados da Secretaria do Turismo de Natal (Sectur).

O sueco Tonny Tornkvist visita o Alecrim pela primeira vez impulsionado pela necessidade de comprar um presente para a filha de 15 anos. Ele conta que queria um par de brincos e foi aconselhado pela recepção do hotel a recorrer ao Alecrim por ser mais barato que os centros turísticos e os shoppings. “Estou gostando de conhecer o lugar, apesar de ter vindo apenas para comprar o brinco”.

A finlandesa Katri Verfainen também estava à procura de preços mais viáveis e descobriu o bairro através da Internet. O casal Harry Barsk e Sanna Maliren, também finlandês, estava com as sacolas cheias. Dentro delas haviam peças de artesanato e vestuário, tudo bem à brasileira: leve, conforme pede o verão.

Quem trabalha no comércio do Alecrim confirma a invasão turística dos últimos tempos. De acordo com a vendedora Kerlioneide de Lima Silva, que trabalha em uma loja de confecção do bairro há quatro anos, o fenômeno começou de maneira tímida há aproximadamente dois anos, mas tem se intensificado nessa alta estação. “Essa vinda dos estrangeiros é algo novo para nós, mas ao mesmo tempo muito bom. Eles sempre estão atrás de algo para comprar. Aqui por exemplo (se refere à loja) eles estão sempre atrás de roupas de banho e biquínis”, afirma ela, informando já ter havido um acréscimo estimado em 30% na quantidade de
estrangeiros no bairro durante este verão.

Os ambulantes estão contentes com a ‘migração’, mas ainda se sentem um pouco confusos em lidar com a nova clientela. “Tenho percebido a presença dos estrangeiros no Alecrim nos dois últimos anos. Mas nunca esteve tão forte quanto agora. Acredito que o preço seja o grande motivo de atração para eles”, opina a ambulante Anésia Caridade de Moraes, que trabalha no bairro há 10 anos, e confessa ter que fazer mímica para se comunicar com os visitantes.

O ambulante Robson Gomes de Medeiros confessa que nunca viu tantas pessoas de países diferentes no bairro em 20 anos de trabalho. “Está lotado. Nunca esteve tão cheio de estrangeiro por aqui. A gente tem que se virar para atendê-los. Eu escrevo no papel os valores dos produtos. Só não perco a venda.”
Chegada de turistas ao bairro é bem-vinda

Para o secretário municipal de Turismo, Fernando Bezerril, essa ‘invasão’ dos estrangeiros no Alecrim é positiva para a cidade. “Os turistas precisam conhecer a cultura e os costumes do nosso povo. É um turismo mais completo: eles vêem o outro lado também, pois não somos apenas sol e mar”, frisa.

Segundo ele, existe um trabalho realizado através de palestras com os guias de turismo para estimular a construção de roteiros que vão além das praias. “O Alecrim é um lugar peculiar, de feiras e comércio popular, um bairro histórico de Natal”, descreve o secretário, comemorando o fato de os estrangeiros estarem fazendo questão de manter um contato direto com a cultura e a população local.

CDL acredita que atração é pelo pitoresco

O presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), Ricardo Abreu, atribui esse maior interesse de estrangeiros no bairro do Alecrim ao acréscimo do número de turistas em toda a cidade. “O número de turistas aumentou tanto, que agora está sobrando para outros segmentos. O comércio do Alecrim de fato teve um aumento no faturamento, mas isso acontece porque os comerciantes de outras localidades, principalmente dos pontos turísticos, se abastecem no Alecrim, onde os produtos são mais baratos”, justifica.

Procura resultará em melhoria para o bairro

Para Abreu, o movimento de estrangeiros é grande em todos os lugares e o Alecrim atrai a atenção por ser um local curioso e pitoresco. Além disso, o preço mais acessível não é um atrativo exclusivo aos moradores. “Esse fenômeno no bairro acontece de uns quatro anos para cá e cresce a cada dia. O que é bom porque explora o potencial do comércio de um novo ponto.”

“Todo estímulo dado nesse sentido parte do guia de turismo, que é quem tem maior contato com o turista”, afirma a proprietária de uma agência de receptivos, Decca Bolonha. De acordo com ela, todo turista que compra o pacote para Natal inclui o passeio a vários pontos turísticos, e os estrangeiros, em especial, têm grande interesse em conhecer a cultura local. Mais até do que os próprios brasileiros. “O estrangeiro procura aprender a andar de ônibus para andar onde as pessoas da cidade costumam ir”, revela.

Para Decca, essa presença dos estrangeiros é bastante positiva, principalmente porque ajuda a melhorar o bairro, que passa a ter maior atenção dos gestores públicos. Como a melhoria de transporte, da parte urbanística, incentivo ao comércio. Pelo menos é o que esperam os comerciantes.

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