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Escola Agrícola já formou 50 mil alunos

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A busca por profissionais qualificados cresce no campo na proporção em que o setor agropecuário se moderniza. Desde as práticas de corte e cultivo da terra, georreferenciamento à experimentos e desenvolvimento de novas sementes e melhoria genética do gado, o campo nunca foi tão vasto em possibilidades e requer cada vez mais conhecimento específico e novas tecnologias.

Em  quase 60 anos de atividade, o foco em ciências agrárias têm sido o diferencial da Escola Agrícola de Jundiaí. Implantada em uma fazenda  na zona rural de Macaíba, a 23 quilômetros distante de Natal, a instituição já formou mais de 50 mil alunos e tem matriculados 1,4 mil, esse ano. “É o aprimoramento de técnicas e também de alternativas para o convívio com o clima semi-árido que impulsiona o setor”, assegura o diretor da Escola Agrícola de Jundiaí, Júlio César de Andrade Neto.
Jovens que estudam no ensino médio da Escola Agrícola de Jundiaí saem com uma profissão e são encaminhados para o mercado de trabalho
Integrar o ensino médio à educação profissionalizante é a saída para melhorar a qualidade da educação básica no país, de acordo com Júlio César de Andrade Neto, diretor da EAJ. “Agregar qualificação profissional e ter já uma ocupação ao final da vida escolar, eleva a qualidade das escolas e dos estudantes”, diz.

O ponto mais positivo dessa soma é que o jovem sai com uma profissão e encaminhado para o mercado de trabalho. A empregabilidade entre os egressos é superior a 90%, segundo acompanhamento feito pela EAJ. A maior parte é contratada para atuar em associações e cooperativas agrícolas, abrem o próprio negócio ou são aprovados em concursos para autarquias – como a Emater e Prefeituras do interior.

A procura por profissionais e estagiários é tamanha que a instituição não consegue dar vazão, o que colabora também para a valorização dos alunos. “Sequer conseguimos atender a demanda de agropecuaristas que buscam a instituição por estagiários e profissionais todos os dias”, conta o diretor.

O modelo de aprendizagem e conhecimento ganha reforço com o tripé: ensino, pesquisa e extensão.

Os projetos de pesquisa e extensão, desenvolvidos em laboratórios ou  no campo, envolvem equipe formada por bolsistas dos cursos de nível técnico, médio  e superior, entre estudantes  de graduação e pós-graduação oferecidos pela instituição.

A interação em vários níveis de escolaridade permite a partilha do conhecimento prático, seja em projetos ou em experimentos pontuais, esclarece o diretor – o que desperta os estudantes desde os primeiros anos para a iniciação científica. “Uma coisa é conhecer a teoria, outra é ver a aplicação e as várias formas de exercer o conhecimento adquirido em sala de aula”, afirma Andrade.

Ao todo, mais de 70 projetos de pesquisas estão em andamento com pesquisadores de todos os níveis de ensino.

Alternância

A Escola Agrícola de Jundiaí trabalha no sistema de pedagogia da  alternância, com o formato de  semi-internato e   internato. O modelo preconiza que  os estudantes intercalem um período de convivência na sala de aula a outro de atividades práticas. Ou seja, além das disciplinas regulares do currículo do Ensino Médio, há o conteúdo adicional de iniciação à agricultura,  zootecnia, agroindústria, informática e administração rural.

E participam de projetos, dentro e fora da escola, onde devem desenvolver projetos e aplicar as técnicas que aprenderam em hortas, pomares e criações.

Cerca de 70% dos alunos, de acordo com a direção, ainda são oriundas de famílias de agricultores e egressos da rede pública de ensino. Uma  parceria com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetarn) permite a inserção de filhos de agricultores e pequenos produtores na instituição, bem como a inserção no mercado.

Aberto há pouco mais de um ano, o curso de aquicultura  é um dos que mais atrai estudantes, como Suzana Sena, de 16 anos. A rotina da aluna do 1° ano do ensino médio integrado é diferenciada. As aulas são divididas entre laboratórios, salas de aulas e tanques de cultivo de tilápia.

Moradora de Lagoa Salgada, ela passa o dia na escola que mais parece uma pequena cidade do interior, com ruas, praças, igreja, padaria, residências estudantis e ginásios. As aulas começam às 7h30 às 11h e das 13h às 16h. E retorna no fim do dia para a cidade em que mora.

“O nível do ensino é muito melhor do que nas escolas da região, mesmo as privadas em que estudei. A gente tem uma formação completa”, diz a jovem que pretende cursar Direito.

De olho na universidade e no campo

Enquanto as mãos cuidam da terra, os olhares da maioria dos 650 alunos do ensino médio-técnico da Escola Agrícola de Jundiaí miram à Universidade. Apesar do foco ser o ensino profissionalizante, o ingresso na universidade é crescente. E, em geral, a preferência é por cursos ligados a ciências agrícolas.

“Apesar de não ter como objetivo simplesmente preparar para a entrada na universidade, o resultados nos surpreende”, analisa Júlio César, diretor geral da EAJ. Cerca de 42% dos alunos estão em cursos de nível superior.

A estudante  de agronomia Ana Alessandra da Costa, de 23 anos, é uma delas.  Filha de agricultores e moradora de Parnamirim,  ela chegou há seis anos para estudar no regime de internato durante os três anos de ensino médio integrado em agropecuária. Após concluir o curso, foi aprovada em concurso para o cargo de técnico em agropecuária da Escola de Jundiaí e também no vestibular para o curso de agronomia.

“O gosto pelo setor agropecuário, pela pesquisa, surgiu aqui e hoje já faço planos de seguir carreira acadêmica e, quem sabe, futuramente está no corpo docente da Escola”, revela Alessandra.

No laboratório de análise e qualidade de laticínios, a ex-aluna do subsequente, Idiana de Macedo, de 22 anos, hoje técnica de laboratório na instituição, supervisiona as novas turmas de ensino médio e técnico das áreas de alimentos e agropecuária. A análise da qualidade do leite, manipulação e processamento  de derivados (queijos, iogurtes e coalhadas) passa pelo crivo da técnica. Toda produção é destinada para consumo interno.

“Foi aqui que tive uma mudança de vida significativa, de abertura de novas perspectivas que sem o conhecimento não seria possível”, afirma.

O trajeto de dois  anos e meio de formação até atuação como profissional da área serve não apenas como suporte, como também de estímulo os novos alunos. Após concluir o curso em 2008, ela fez faculdade de gastronomia e planeja fazer especialização para ingressar na carreira docente. “A área de alimentos tem grande defasagem de pessoal qualificado e por isso tem boas ofertas de emprego”, afirma.

Ainda no ensino médio, o estudante de aquicultura Lucas Vinícius de Freitas, de 15 anos, diz que optou pelo curso devido as oportunidades de trabalho. “Como é um mercado novo e não há tantos profissionais, acredito que será fácil conseguir emprego na área. Com o nível de ensino, também conseguirei ser aprovado no Enem para jornalismo”, disse.

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