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Escolas ficam fechadas ou com turnos reduzidos

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O primeiro dia após o fim da greve dos professores da rede municipal de Natal foi igual aos dias de paralisação para centenas de estudantes, ou seja, sem aulas. A reportagem da TRIBUNA DO NORTE percorreu na manhã de ontem cinco unidades de ensino do Município, das quais duas estão funcionando em horário reduzido, devido à falta de merenda, e as outras três sequer iniciaram as aulas, por problemas de infraestrutura e carência de pessoal.

É o caso do Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Fátima Medeiros, em Nova Natal. A equipe de educadores sequer entrou em greve, mas até ontem não havia condições de iniciar as aulas. As pias de várias salas estão danificadas, sem as cubas, faltando torneiras e algumas caíram no chão, pondo em risco a segurança das crianças. Ao lado do pátio, uma cisterna é fechada com uma tampa removível e um professor tem de ficar ao lado da estrutura o tempo inteiro, para evitar acidentes. De acordo com os servidores, falta ainda material pedagógico, de limpeza e a merenda repassada foi insuficiente. O portão de entrada caiu, quase atingindo um funcionário, e agora está amarrado com cordas, sem qualquer garantia de que o problema não vá se repetir.

Enquanto não há previsão de retomadas das aulas, alunos como a pequena Karen Isabel, de 4 anos, aguardam pela chance de reiniciar os estudos. “A ‘bichinha’ está doida para estudar. Ela quer conhecer as crianças, brincar, ter aulas. Me disseram que iam começar hoje, mas pelo jeito nada. Por que será?”, questiona a avó da estudante, Maria de Fátima Campêlo.

No mesmo conjunto, o Cmei Maria Abigail também não iniciou as aulas. Ao invés de ficarem no portão da unidade, onde sequer há identificação do centro, os pais têm se concentrado nas ligações para a direção, em busca de informações. O telefone não para e a única notícia que os funcionários podiam repassar aos interessados, até a manhã de ontem, é de que algumas telhas foram deixadas no local, com vistas às obras.

No Maria Abigail será preciso mudar a cobertura de parte do prédio e ainda há problemas de infiltrações, mofo, banheiros com encanamento entupido, descargas e luminárias quebradas, além de goteiras nas salas e falta de materiais de ensino, higiene, limpeza e de expediente. Ainda assim, a direção acredita que os problemas possam ser sanados esta semana e as aulas retomadas o quanto antes.

O secretário Municipal de Educação, Walter Fonseca, afirmou que as obras “emergenciais” já estão sendo realizadas.

Foi autorizada uma ordem de serviço para a reforma de 28 CMEIs, cujo valor não foi especificado. As obras, executadas pela empresa AOS Construtora, serão iniciadas ainda esta semana em algumas unidades. A médio prazo, a reforma das escolas irá obedecer a vistorias técnicas. Para isso, a SME  abrirá licitação para contratação de empresa responsáveis por vistoria e obras.

Contratação

O Secretário destacou que a secretaria abrirá um processo seletivo para contratação temporária de professores, no intuito de suprir as carências.

“O Ministério Público já autorizou (a contratação temporária), mas por quatro meses no máximo, que é para concluirmos o semestre”, explicou.

Walter Fonseca declarou não ter ainda o número exato de vagas que serão abertas na seleção, porém o último levantamento divulgado apontava para a necessidade de 160 profissionais.

Dúvida – maior e mais novo Cmei ainda sem data para funcionar

Enquanto os futuros alunos do Cmei Arnaldo Arsênio de Azevedo passaram a manhã de ontem brincando de bola e de pipa pelas ruas do conjunto Leningrado, no bairro do Planalto, no prédio da unidade de ensino havia apenas dois cachorros da raça pitbull, fazendo a guarda do local. A “segurança canina” foi a solução encontrada pelo único vigia do estabelecimento, para impedir o roubo de estruturas do centro, mas virou motivo de preocupação das mães, com medo de que os filhos possam se aproximar do portão e serem mordidos. Este é o maior e mais novo Cmei da rede municipal, e ainda não tem data para entrar em funcionamento.

Falta de merenda reduz horário nas escolas de Natal

Na Escola Municipal Iapissara Aguiar, no conjunto Panatis, os alunos do turno matutino foram liberados ontem às 10h da manhã. De acordo com a direção, a medida teve de ser tomada diante da falta de merenda para os estudantes. Por conta do mesmo problema, o turno vespertino também funcionaria de maneira improvisada, somente até 16h.

A diretora, Aldeíze Pereira, confirmou que uma das salas, a de número 7, continua sem condições de receber os alunos, já que apresenta infiltrações e a rede elétrica está danificada, o que provoca alagamentos em dias de chuva e até a possibilidade de os alunos sofrerem choques nas paredes. As turmas estão sendo distribuídas nas outras salas. Representantes da Secretaria de Educação já teriam ido ao local, porém até a manhã de ontem a equipe de engenheiros não havia visitado o Iapissara.

No conjunto Nova Natal, o expediente da Escola Municipal Professor Amadeu Araújo foi ainda mais curto. Os alunos da manhã foram liberados às 9h e os da tarde ficariam apenas até as 15h30. “Isso é horrível para nós que somos donas de casa e temos muitas tarefas para fazer. Só dá tempo para deixar nossos filhos aqui e já temos de voltar para pegar”, critica Fátima Regina de Oliveira.

A diretora, Maria Rosilandy Feitosa, e a vice-diretora, Celina Amorim, confirmaram que a expectativa é de os recursos para a aquisição da merenda chegarem à escola nesta quarta-feira, o que possibilitaria a normalização dos horários a partir de amanhã. Porém, mesmo resolvida a carência de alimentos, o turno vespertino ainda sofre com a falta de professores. 

Um levantamento realizado pela direção, e que seria entregue ainda ontem à SME, apontava para a falta de 13 docentes ao todo, incluindo três de Matemática, dois de Português, dois de História, dois de Artes, dois de Ciências, um de Geografia e um de Inglês. Em ambas as escolas, mesmo com a falta de merenda os turnos noturnos estão funcionando normalmente, por se tratarem de alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

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