Ciaran Giles – Associated Press
Madri (AE) – Procurando um local novo para morar? A Espanha pode te oferecer algo mais do que apenas um presente de boas-vindas. Em uma tentativa de reduzir o estoque do país de imóveis não vendidos, o governo espanhol se prepara para conceder visto de residência permanente para qualquer estrangeiro que compre uma casa ou apartamento avaliado em mais de 160 mil euros. O país tem atualmente mais de 700 mil casas sem previsão de venda por causa do colapso, em 2008, de seu mercado imobiliário e ao seu mercado consumidor interno estagnado pela recessão econômica.
Além disso, o governo anunciou na quinta-feira outra medida que pode aumentar a população espanhola: um pacote de aceleração da nacionalização de judeus sefarditas cujos antepassados espanhóis foram expulsos da Península Ibérica há mais de cinco séculos. A estimativa é que haja mais de dois milhões de sefarditas no mundo e que milhares deles, concentrados, principalmente na Turquia e na América Latina, possam se beneficiar dessa medida.
O plano de estímulo imobiliário, revelado pelo secretário do Ministério dos Negócios, Jaime Garcia-Legaz, na segunda-feira, tem expectativa de ser aprovado nas próximas semanas. Seu alvo principal são os compradores chineses e russos. Apesar de destacar que o plano ainda não está finalizado, o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, afirmou que “a Espanha precisa vender esses imóveis” e que tirá-los do mercado poderia ajudar o país a reavivar seu devastado setor de construção.
A medida para aliviar o grande número de casas não vendidas foi anunciada na mesma época em que milhares de imóveis de inadimplentes foram recuperados pelos bancos e seus moradores acabaram despejados por não conseguirem pagar as hipotecas. Na semana passada, o governo aprovou um decreto que permite que despejos sejam suspensos por dois anos em casos específicos de necessidade extrema.
A oferta da Espanha para residência permanente pode superar, em termos de preço, outros países com medidas similares, como Irlanda e Portugal, que emitem vistos para estrangeiros que compram imóveis nos valores e 400 mil euros e 500 mil euros, respectivamente. Entretanto, a Letônia, na costa báltica, oferece um negócio ainda mais barato: compradores podem ser eleger para receber o visto com propriedades que custam 140 mil euros, no caso de imóveis localizados na capital do país, Riga, ou 70 mil euros, para casas no interior.
A Espanha passa por uma recessão de duplo mergulho – quando o país passa por uma crise, se recupera e é assolado por mais uma recessão -, com taxas de desemprego que beiram os 25%. Apesar disso, Rajoy afirma acreditar que uma implosão financeira foi evitada e que a economia deve voltar a crescer no final de 2013 ou em 2014. “Estou convencido de que o pior já passou”, disse ele a jornalistas após um encontro com a presidente Dilma Rousseff.
Dados do Banco Central espanhol divulgados na segunda-feira exemplificaram o estado delicado do mercado imobiliário do país. O nível de ativos tóxicos dos bancos atingiu taxa recorde em setembro, chegando aos 10,3% do total de empréstimos. Segundo o banco, a quantia totalizou 182 bilhões de euros, no 15º mês consecutivo de aumento. Em agosto, o valor era de 179 bilhões de euros.
Os outros 16 países que usam a moeda comum europeia concordaram em emprestar para a Espanha até 100 bilhões de euros em ajuda aos bancos, sobrecarregados pelos empréstimos e investimentos “podres”. Além do empréstimo, a Espanha está sob pressão para solicitar internacionalmente ajuda para remediar sua dívida e déficit
