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Espanha não deve pedir socorro à União Europeia

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Madri, (AE) – O primeiro-ministro da Espanha, José Luís Rodriguez Zapatero, afirmou nesta sexta-feira que não existe “absolutamente” qualquer chance de o país buscar um socorro da União Europeia. A declaração foi uma tentativa de acalmar os investidores e evitar que a crise de dívida soberana atinja a quarta maior economia da zona do euro.

Em entrevista a uma emissora de rádio, Zapatero disse que a economia do país já passou pelo pior e que tanto a reestruturação do setor financeiro quanto a redução do déficit orçamentário do governo estão sendo realizadas conforme o previsto. “Nós temos um plano para cortar o déficit que está sendo rigidamente implementado”, disse Zapatero. “Aviso aos que estão apostando contra a Espanha que eles estão errados”, completou.
Jose Luis Zapatero negou qualquer possibilidade da Espanha recorrer aos vizinhos para sanar crise
O pedido de calma por parte de Zapatero vem em meio a sinais de que um possível pedido de ajuda pela Espanha, que era uma possibilidade remota há alguns dias, está se tornando um risco mais urgente para as autoridades do país. Em comentários incomumente sinceros, José Luis Malo de Molina, economista-chefe do Banco da Espanha, alertou ontem que a dependência que o país tem de financiamento externo o torna particularmente vulnerável a uma disseminação da crise de dívida soberana.

Também ajudou a agravar as preocupações dos investidores uma reportagem de hoje do jornal alemão Financial Times Deutschland, afirmando que Portugal está sendo pressionado pela União Europeia a pedir um resgate. A informação foi negada por autoridades europeias, mas chamou atenção para a Espanha, que é vista como a próxima vítima da crise. Caso Portugal e Espanha peçam uma ajuda como a pedida pela Irlanda, os recursos da União Europeia serão reduzidos, o que poderá colocar em risco a própria zona do euro.

Na entrevista, Zapatero também descartou outro aumento no imposto sobre valor agregado do país, que foi elevado de 16% para 18% no início deste ano, e disse que um corte de 5% nos salários dos trabalhadores civis, já implementado, será suficiente para manter os gastos do governo sob controle sem a necessidade de reduzir a burocracia. O primeiro-ministro também descartou um aumento nas taxas educacionais para os estudantes, como está sendo feito no Reino Unido e na Itália.

“O plano de redução do déficit está sendo cumprido escrupulosamente, nós temos um dos sistemas financeiros mais sólidos, os bancos de poupança estão sendo reestruturados em uma boa velocidade e deverão estar consolidados até o final do ano”, disse Zapatero.

Os investidores se preocupam há bastante tempo com os bancos espanhóis de poupança, ou “caja”, os quais foram muitos expostos ao colapso do setor imobiliário espanhol. Atualmente, eles estão sob um processo de consolidação, marcado para ser concluído até o fim de dezembro.

A Espanha luta para se recuperar de quase dois anos de recessão, com uma taxa de desemprego ao redor de 20%, a mais alta da zona do euro.

Zapatero participa da 20ª Cúpula Ibero-americana

O primeiro-ministro espanhol, José Luís Rodriguez Zapatero, realizará uma viagem à América Latina esta semana, onde visitará a Bolívia e participará da 20ª Cúpula Ibero-americana em Mar del Plata, na Argentina. Zapatero chega à Bolívia na próxima quinta-feira, na primeira viagem de um chefe de governo da Espanha à La Paz em 12 anos. Ele terá uma reunião com o presidente boliviano Evo Morales, onde os dois discutirão a situação das relações bilaterais.

Além disso, deverão firmar um acordo que dará acesso às empresas espanholas ao lítio boliviano. Zapatero fará a viagem após as eleições regionais na Catalunha, neste domingo, onde as sondagens indicam que o partido socialista catalão, aliado ao Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) do premiê, poderá ser derrotado pelos nacionalistas catalães.

Zapatero também terá reuniões com empresários espanhóis que vivem na região andina e encontrará líderes da oposição boliviana. Zapatero faz a viagem a convite de Morales. A Espanha é o país que mais faz doações para o desenvolvimento da Bolívia, com um desembolso de 70 milhões de euros (US$ 92 milhões) em 2009. Durante uma visita recente à Bolívia, a chanceler espanhola Trinidad Jiménez anunciou que a Espanha doará US$ 445 milhões para projetos de cooperação entre 2011 e 2015. Após visitar a Bolívia, Zapatero irá a Mar del Plata, onde participará junto aos reis da Espanha da 20ª Cúpula Ibero-americana, cujo tema em 2010 é “A Educação para a Inclusão Social”.

Zapatero participará de sessões da cúpula, embora já estejam agendados dois encontros a portas fechadas com presidentes latino-americanos, com o equatoriano Rafael Correa e com o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. Lula passará a presidência do Brasil a Dilma Rousseff em janeiro.

Além dos debates da cúpula, a Espanha afirmou que poderão ser abordados temas como a crise econômica, segurança, narcotráfico, mudanças climáticas e também o futuro político de Honduras, cujo governo não foi convidado pela anfitriã Argentina para o evento.

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