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Especial Aluízio Alves: A volta com o PP e as lições da falsa paz pública

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Com a redemocratização do Brasil, Aluízio se lança candidato ao governo do RN e volta a pecorrer o EstadoAluízio Alves entrou para o Movimento Democrático Brasileiro-MDB, um partido de oposição criado em 1966 e patrocinou a eleição de seu filho  Henrique Eduardo Alves para deputado federal , em 1970, sua reeleição em 1974 e sua condução por duas vezes consecutivas à presidência do MDB no Estado. Ainda em 1974, conduziu ao senado o seu candidato Agenor Maria, derrotando Djalma Marinho, da Arena. Em 1978, Aluízio Alves disse, em entrevista à revista Veja, que sua ida para o MDB deveu-se ao fato do partido apoiar a luta contra o estado de exceção pelo qual o país estava passando. Para o programa do partido, recomendou a adoção de um novo modelo de distribuição de renda e a renovação do processo de representação da classe trabalhadora.

 Com os direitos políticos ainda suspensos, Aluízio Alves participou, em setembro de 1978, de dois comícios, um em Natal, outro em Mossoró, que marcaram sua volta à vida pública. No mesmo mês, publicou um manifesto de página inteira no jornal Tribuna do Norte, defendendo a candidatura de Jessé Pinto Freire ao Senado, pela Arena. Justificou essa atitude, mais tarde, afirmando que apoiara um candidato da Arena, porque o candidato do MDB, Radir Pereira, era apoiado por Dinarte Mariz. Manifestou-se também favorável a uma anistia ampla, geral e irrestrita. No mesmo ano, em novembro, comunicou seu desejo de voltar ao governo do Estado.

Com o fim do bipartidarismo em 29 de novembro do mesmo ano e a organização de novos partidos, ingressou no Partido Popular- PP, que era presidido pelo senador Tancredo Neves. Em setembro de 1981 anunciou sua candidatura ao governo do Estado, para enfrentar o candidato do Partido Democrático Social – PDS, sob o comando do ex-governador Tarcísio Maia. Conta-se que Aluízio Alves aceitou o desafio do então governador Lavoisier Maia que afirmava não haver condições do PP derrotar a estrutura do PDS.

 Em 1982, o PP foi incorporado ao MDB e Aluízio manteve sua candidatura para as eleições de novembro. Foi derrotado pelo seu oponente José Agripino Maia, do PDS. Respondendo a uma reportagem do jornalista Augusto Fontenele, Aluízio Alves afirmou: “Atribuí a derrota de 1982 (a ‘única’ em 50 anos de vida política, e não a ‘maior’, como disse o repórter) ao meu apoio, em 1978,à candidatura de Jessé Freire ao Senado, embora lutando pelos candidatos a deputado federal e estadual do PMDB. Se esse tivesse sido o motivo, o povo não teria dado a vitória a Jessé, no interior e em Natal.” 

E completou sua argumentação com sua aguda visão do tabuleiro político potiguar. O modo como os Maia queriam se perpetuar no poder, com uma seqüência de governadores nomeados pela ditadura, era para ele a caracterização de oligarquia. “Decidi, em protesto, ser candidato a governador. Pesquisa do Ibope me dava a vitória fácil. Recusei nova proposta para ser candidato único ao Senado; apoiando Agripino para governador, através de Magalhães Pinto, em nome do presidente da República. Até que, em plena campanha, o governo criou o ‘voto vinculado’. Só podia votar em governador o eleitor que também votasse nos candidatos  a vereador, prefeito, deputado estadual, deputado federal e senador do mesmo partido. O PMDB só contava com 13 prefeitos e menos de 40 vereadores. O resto era todo da Arena. Inverteram-se os números em nova pesquisa. Mantive a candidatura, sabendo que ia perder fragorosamente, para assegurar a eleição dos deputados federais e estaduais do PMDB, como ocorreu.” 

Em 1985, foi convidado a assumir o Ministério da Administração do governo José Sarney, onde permaneceu até 1989. Em 1990, Aluízio Alves lançou-se deputado federal pelo PMDB, ao lado do filho Henrique Eduardo, alcançando significativa votação. Tomou posse em 1991. Em 1992, licenciou-se para assumir o Ministério do Desenvolvimento Regional, no governo Itamar Franco. Foi nesse período que apresentou o projeto da Transposição das Águas do Rio São Francisco. Ficou no Ministério até 1994 e, no ano seguinte, reelegeu-se deputado federal, permanecendo na legislatura até 1998, quando decidiu definitivamente que não disputaria qualquer cargo eletivo, mas que iria permanecer fazendo política. Na presidência do PMDB, partido que ajudou a consolidar no Rio Grande do Norte como sinônimo de oposição ao regime militar e defesa da democracia, permaneceu até o ano passado.

Certa ocasião, falando sobre sua longa atividade política e apesar da idade (estava com 82 anos), disse: “Lembro de um programa de rádio que fiz em Mossoró, no qual era cobrado, por uma adversária, sobre afirmação que fizera, em 1965, referindo-me a Dinarte Mariz, de que deixaria a vida política quando começassem a me chamar de ‘velho’. Dei uma nova data: quando ela soubesse que o padre havia sido chamado para me dar a extrema-unção.”

A eleição de Tancredo e Sarney

O jornalista Aluízio Alves conhecia, como poucos, os bastidores do movimento iniciado em 1984 com a campanha Diretas-Já e que encerraria o ciclo de governos militares. Na véspera da internação de Tancredo Neves, escolhido pelo Congresso após a ditadura sepultar a eleição direta para presidente, Aluízio, acompanhado do irmão, Agnelo Alves, foi à casa do ex-governador de Minas Gerais.  Levava debaixo do braço cópia do discurso que Tancredo faria à nação.

“Tancredo leu e fez apenas uma pequena correção”, contou Aluízio no ano passado, ao relembrar os 20 anos da redemocratização do Brasil. “Na saída, Agnelo observou que Tancredo, durante a leitura do texto prévio do discurso, passava a mão na barriga. No dia seguinte foi internado”, lembrou AA.

A campanha das Diretas-Já foi responsável por um dos maiores comícios da história do RN. Durante a mobilização, Tancredo esteve duas vezes em Natal. Uma para participar do comício da Praça Gentil Ferreira, no qual estavam juntos o PMDB de Ulysses Guimarães e partidos de centro e de esquerda; a segunda foi na reta final da campanha para o Colégio Eleitoral, quando recebeu o apoio do então governador José Agripino.

Aluízio foi também um dos políticos que convenceram José Sarney a aceitar o convite do PMDB para ser vice de Tancredo. Foi numa conversa, no Hotel Glória, no Rio de Janeiro. “Ele nos revelou que não aceitaria, pois se considerava impedido pela gestão recente na presidência da Arena. “Embora nada tivéssemos contra o nome de Marco Maciel, achávamos que o nome de Sarney seria aceito com mais facilidade por causa das ligações dele com a UDN. Com a morte de Tancredo, Sarney assume e Aluízio é indicado ministro da Administração.

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