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Especial Aluízio Alves – Memória preservada

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Acervo foi reunido com doações de amigos, correligionários e admiradores da trajetória do jornalistaDocumentos, fotografias e gravações de áudio e vídeo que registram a trajetória de décadas, envolta de desafios, sonhos e caminhadas integram o acervo com mais de cinco mil peças do Memorial Aluízio Alves, em Natal, local onde o ex-ministro e ex-governador costumava ir sempre aos fins de tarde desde que o espaço foi inaugurado no dia 12 de agosto do ano passado.

A museóloga e responsável pelo acervo do Memorial, Rosemary Lins Barreto, diz que as últimas visitas de Aluízio Alves tiveram um caráter ainda mais especial. Uma satisfação descrita pelo jornalista e ex-ministro como imensurável porque era diante do acervo sobre sua vida que dividia as emoções de voltar no tempo sob a companhia de dezenas de estudantes.

Um dos locais preferidos do ex-governador, sempre que visitava o Memorial, era uma sala destinada às exposições temporárias. Lá, diante de enormes molduras com fotografias à época da “luta” pela reforma agrária ou das recordações em papel de quando esteve com o jornalista Fernando Morais na Bienal do Livro realizada em Natal, no ano passado, Aluízio Alves dizia voltar no tempo.

A última visita ao espaço idealizado durante quase 20 anos por um dos irmãos, José Gobat Alves, ocorreu há 15 dias. “Em suas últimas palavras, aqui no Memorial, ele disse que sentia muita saudade a cada fotografia”, disse a museóloga. Rosemary Barreto lembra que havia pouco tempo do início dos trabalhos voltados às escolas, com visitas de grupos de estudantes. A maioria crianças. “Ele dizia que gostava muito delas porque era naqueles meninos e meninas que estava o olhar para o futuro”, destacou.

No sábado completou um mês da última doação de livros feita por Aluízio Alves – três títulos do acervo particular – que sequer haviam sido catalogados. Aluízio Filho tomou a iniciativa de dar forma à idéia do tio José Gobat Alves e, no ano passado, achou que era a hora de fundar o Memorial Aluízio Alves. Boa parte das peças – fotografias, livros, documentos e material de campanha – chegou às mãos da equipe de especialistas do memorial através de doações dos admiradores e amigos que seguiram o ícone e maior líder político do Rio Grande do Norte.

O Memorial está dividido em ambientes que retratam a vida de Aluízio Alves em três momentos – jornalista, político e empresário – nos últimos 70 anos. Além dos fatos e curiosidades da vida do homem cujas idéias e ações estavam sempre voltadas ao futuro, o material exposto precisou ser minuciosamente escolhido para representar um momento da vida do jornalista – em uma fotografia na qual aparece redigindo a ata do Partido Popular, por exemplo, quando tinha apenas 11 anos de idade – até a vida enquanto governador e ministro por duas vezes.

Entre o vasto material, há uma  carta escrita por Juscelino Kubitschek, ex-presidente deposto pelo “regime militar”, ao ex-governador Aluízio Alves. No documento datilografado, disse não estar surpreso quanto ao desfecho das investigações proferidas pelos militares contra Aluízio Alves. Kubitschek cita “O Processo”, de Kafka, ao falar sobre a calúnia: “Ela cresce e nos esmaga”. “… a calúnia se desfez diante da rigidez impermeável do seu caráter”, afirmou o ex-presidente ao final da carta. Às crianças, em algumas das visitas ao Memorial, Aluízio Alves fez questão de manter a coerência dos discursos e ações ao falar sobre reforma agrária e da educação.

Responsável pela coordenação do trabalho na fase implantação do Memorial, Luiz Antônio Porpino lembra que a idéia de criar um local com essas características para preservar a memória de Aluízio Alves foi do falecido conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, José Gobat Alves. “Aluízio, sempre preocupado com as atividades como jornalista e político, não tinha ainda a preocupação de reunir o acervo que registrasse a história da vida dele”, lembra Porpino. Com a idéia consolidada, o próprio Aluízio e os quatro filhos entregaram a Porpino a tarefa de coordenar a equipe que trabahou na instalação do memorial.

“Fizemos um grande mutirão para o qual tivemos o apoio das doações de familiares, amigos, correligionários e até adversários”. Ele informa que o memorial tem peças com legenda em braile, música ambiente e exibe vídeos sobre a vida o ex-ministro. “Há caraterística inéditas que foram planejadas exclusivamente para o homenageado”, destaca Porpino.

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