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Especialista avalia que G20 está muito otimista

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São Paulo (AE) – É muito otimismo da parte das nações do G20 o objetivo de reduzir a dívida pública dos países à metade até 2013, na avaliação da vice-diretora do Centro de Competitividade IMD, na Suíça, Suzanne Rosselet. Em entrevista ao “AE Broadcast Ao Vivo”, a executiva destacou que os países europeus não têm um histórico sólido quanto ao cumprimento de metas nem quanto à realização de reformas quando a situação estava boa. “A meta de reduzir dívidas pela metade com medidas de austeridade, enquanto os governos estavam gastando muito além das suas possibilidades, acredito que é muito, muito otimista. Será muito difícil para que a população e empresários aceitem estas medidas difíceis”, acrescentou.

A executiva chama atenção para a ocorrência de protestos e revolta da população em reação à eventual implementação do ajuste para cumprir o que foi acordado no G20, no Canadá. Rosselet cita que o momento, que faz parte de uma sequência que foi a crise econômico-financeira e, agora, a crise de endividamento soberano, é muito difícil para que os governos lidem com as tão necessárias reformas estruturais.

O comunicado do G20 torna-se contraditório, na avaliação da executiva do IMD, instituição que ocupa a segunda colocação nos rankings de educação de executivos (MBA) em 2009 divulgados pela revista The Economist e pelo jornal Financial Times. Para Rosselet, o comunicado do G20 procurou dar segurança aos mercados, mas o crescimento econômico provavelmente vai ser comprometido. Ela adverte ainda que pode haver uma piora no cenário para a redução das dívidas se houver paralisação do crescimento econômico.

O comunicado do G20 estima que as dívidas estarão em trajetória declinante ou em início de estabilização até 2016. Para Rosselet, é muito difícil argumentar hipoteticamente que os países conseguirão alcançar um equilíbrio em tão pouco tempo. “Segundo nossas estatísticas, vemos um endividamento médio acumulado do G20 avançando dos 76%, registrados em 2007, para algo em torno de 106% neste ano.” Este resultado faz parte do teste de estresse das dívidas soberanas realizado pelo IMD para medir quando a relação dívida bruta/PIB dos membros do G20 atingirá um nível suportável, considerado de 60%. O resultado do teste indica que os países do G20 vão sofrer da “maldição das dívidas” por um longo período.

No caso do Japão, que integra o pior cenário do teste de estresse, será preciso cerca de 69 a 70 anos para o ajuste fiscal, “o que significa que o país não atingirá um nível suportável da dívida até 2084”. A situação do Japão é tão grave que até os membros do G20 entendem que a redução do endividamento do país deve caminhar de forma diferente das demais.

Meta de reduzir dívida dos EUA só deve ser alcançada em 2033

Suzanne Rosselet calcula que o nível suportável da relação da dívida bruta/PIB, tido em 60%, deve ser alcançado pelos Estados Unidos apenas em 2033, para a Itália em 2060 e para Portugal em 2037. A Grécia deve enfrentar um default e então caminhar para o nível suportável da dívida (60%) em 2031. Em oposição ao que é projetado para os países avançados, a executiva estima que a relação dívida bruta/PIB brasileira vai seguir uma trajetória de redução “confortável”, rumando de quase 63%, em 2009, para 60% em 2011 e chegando a 54% em 2015. Esta trajetória projetada, explica ela, depende da tendência do crescimento econômico e do nível do juro básico.

Rosselet também cita que o Brasil avançou quase 10 posições nas pesquisas de competitividade do IMD de 2007 a 2010. Neste ano, o País ocupa o 38º lugar entre 58 países estudados. Entre as quatro dimensões avaliadas – desempenho econômico, eficiência governamental, eficiência corporativa e infraestrutura – a pior colocação fica com esta última, e assim tem sido nos últimos anos.

A executiva cita que a capacidade de empreendedorismo das corporações no Brasil é um dos fatores mais fortes para a competitividade do País, enquanto um dos desafios a serem enfrentados é a habilidade de manter os ganhos da estabilidade, que mostraram avanços ao longo dos anos no nível macro e também na dimensão política. Também há espaço para melhora no ambiente regulatório. Avanços nesta área podem trazer mais investimentos ao País, diz ela. E há necessidade para comprometimento real com reformas tributária e da Previdência, por exemplo.

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