Rio – O Brasil tem opções mais baratas para o suprimento de gás natural do que o gasoduto que está sendo negociado com a Venezuela. A principal é a construção de fábricas de regaseificação. A avaliação é de dois especialistas no setor, que participaram do seminário “A energia e o desenvolvimento do Brasil”, realizado na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro.
O consultor do grupo Odebrecht, Abel Holtz, disse que essas fábricas podem ser construídas ao custo de US$ 400 milhões. Ele sugere a construção de cinco a seis unidades no Brasil, sendo pelo menos três no Nordeste. Para Firmino Sampaio, ex-presidente da Eletrobrás e consultor do grupo GP Investimentos, esses custos podem cair ainda mais se um grupo como a Petrobras entrar no jogo. “Com o poder de fogo que tem, a Petrobras consegue unidades por menos de US$ 350 milhões”, ponderou.
A construção de cinco fábricas custaria em torno de US$ 2 bilhões, enquanto o gasoduto demandaria mais de US$ 25 bilhões, pelas estimativas do governo brasileiro. Além de mais barata, essa opção é mais flexível, conforme os dois especialistas, em entrevista à Agência Estado, após o evento. “Você não precisa assinar contratos de take or pay de 20 anos. Você entra no mercado spot, localiza algum navio gaseiro no mundo e compra a quantidade que precisa”, disse Firmino.
Holtz considera que o Brasil tem a vantagem adicional de ter o inverno em período diferente da Europa e dos Estados Unidos. “Lá, eles usam o gás principalmente para o aquecimento no inverno. Aqui, nesse período, estamos com os reservatórios de água cheios. No verão deles é que o Brasil tem menos água e poderia lançar mão dessa opção”, complementou Holtz.