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Especialistas alertam para o consumo de alimentos processados

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O consumo de alimentos processados e ultraprocessados está crescendo em todo mundo, fazendo com que cientistas, nutricionistas e pesquisadores acendam o alerta sobre os crescentes prejuízos à saúde que isto pode acarretar. Esses produtos, feitos à base de fórmulas industriais diversas, são diretamente associados ao aumento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs), como obesidade, diabetes, hipertensão, colesterol alto, entre outras. Um editorial publicado em maio deste ano pelo respeitado British Medical Journal destacou o assunto, baseado nos estudos mais recentes sobre o tema.
Alimentos processados

Os novos estudos investigam aspectos sobre o risco de doenças cardiovasculares, mortalidade (facilitada por uma alimentação sem nutrientes), e influência direta sobre o peso, todos associados ao consumo crescente desse tipo de alimento. As últimas décadas confirmam o aumento de itens ultraprocessados  à disposição no mercado. Eles são populares, acessíveis, duráveis, e elaborados para cativar o paladar.

Atualmente esses alimentos são classificados de acordo com a extensão e o propósito de seu processamento industrial em quatro categorias: alimentos in natura e minimamente processados (arroz, feijão, hortaliças, frutas, ovos), ingredientes culinários processados (óleo, manteiga, azeite, sal, açúcar), alimentos processados (pão, queijo, compotas de frutas), e os ultraprocessados, os mais nocivos.

Os itens ultraprocessados são facilmente encontrados nas prateleiras e nas mesas. Entre os mais populares estão os enlatados, embutidos, congelados, preparações instantâneas, refrigerantes, salgadinhos de pacote, frituras, doces, gelatinas industrializadas, refrescos em pó, temperos prontos, margarinas, iogurtes industrializados, queijinhos tipo ‘petit suisse’, macarrão instantâneo (muito sódio), sorvetes, biscoitos recheados, achocolatados, embutidos (salsichas, linguiças, salame, mortadela, peito de peru), etc.

Fórmulas industriais

“Alguns cientistas afirmam que esse tipo de produto nem deveria ser definido como alimento, mas como ‘fórmulas industriais’,  o termo que eles consideram mais correto”, afirma Camila Moreira, professora do curso de nutrição e gastronomia da Unifacex. Essas fórmulas possuem ingredientes de baixo custo, com altos teores de sal, açúcar,  gorduras hidrogenadas, realçadores de sabor e texturizantes.
Produtos feitos à base de fórmulas industriais diversas são diretamente associados ao aumento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis

Os aditivos dão propriedades sensoriais atraentes à comida e fazem com que ela tenha baixo custo na produção. “Por isso eles são mais acessíveis financeiramente às pessoas, com maior praticidade pois na maioria das vezes já estão prontas para o consumo, e além disso tem a validade longa”, diz. Ela ressalta que o Ministério da Saúde, por meio do Guia Alimentar para a População Brasileira, orienta que se deve consumir preferencialmente produtos in natura e minimamente processados, enquanto os processados são ocasionais, e os ‘ultra’ realmente evitados.

Camila explica que há um consenso entre a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e o Fundo Mundial para a Pesquisa em Câncer que já alerta sobre o fato de que o consumo de alimentos ultraprocessados está diretamente relacionado ao desenvolvimento de diversos tipos de câncer, obesidade, e doenças crônicas não transmissíveis em geral. “Esses maleficios podem surgir a médio ou longo prazo, mas em alguns casos podem surgir de forma rápida, como o desenvolvimento de algumas reações alérgicas, devido aos corantes e outros aditivos”, diz.

Olho no rótulo
A conscientização sobre o consumo dos ultraprocessados deve vir da observação. Segundo Camila Moreira, uma estratégia é estimular o consumidor a ler mais os rótulos dos produtos que está comprando. Todo rótulo é obrigado a ter a descrição de todos os ingredientes presentes no alimento. A nutricionista  dá dicas a serem observadas, como o alimento ter uma lista de ingredientes muito extensa, e diversos nomes complexos, desconhecidos e químicos (como pirofosfato, sorbato, etc.). É preciso considerar também a origem do produto, e seu tempo de validade muito. “Há alimentos que duram até três anos fora da geladeira, sinal de que o nível de processamento foi alto”, afirma.

A nutricionista acredita que no futuro pode haver uma onda de conscientização semelhante a que houve com o cigarro, quando as pessoas ficaram cientes dos males do tabagismo, e o consumo e venda caíram. “Foi um processo longo com o cigarro, mas pode vir a acontecer com a comida também. Vale ressaltar que muitos empresários da indústria do tabagismo passaram a atuar na indústria alimentícia logo depois dessa decaída”, explica.

Equilíbrio

 A nutricionista Carla Cristina Monteiro alerta que os malefícios da alimentação ultraprocessada estão sujeitos a fatores diversos. “Depende da quantidade consumida. Ter uma alimentação saudável desde a infância é uma forma de prevenção. E o contrário? É observado em crianças o consumo de refrigerantes, de biscoitos, sanduíches.  Hoje em dia é muito grande o índice de crianças e adolescentes com obesidade. Cada vez mais surgem pessoas com intolerâncias e alergias alimentares”, diz.

Ela considera que ainda não é fácil, mas é possível promover uma reeducação alimentar. “A indústria é muito forte mas temos muita informação dos meios de comunicação sobre alimentação saudável, na atenção básica se trabalha muito sobre prevenção de doenças. Geralmente procuram o profissional quando já está doente. Tem que trabalhar com prevenção”, diz. Ela ressalta que todo produto passa por um processo de segurança antes de ser comercializado. Isso tem a ver se aquele alimento está apto para o consumo. Porém, o uso de aditivos químicos para conservar o alimento é que problematizou o processo.

Mais natural
“Saiu da terra, e não foi direto pra uma feira ser vendido, já é um alimento processado”, afirma a nutricionista Fátima Nunes. É comum as pessoas, em sua alimentação diária, misturarem um pouco de tudo – do orgânico ao transgênico. Fátima afirma que seguir por um caminho natural pode ser mais fácil. “Acredito numa dieta alimentar básico, diário, mas que seja saudável. Por exemplo, comer um ovo de galinha caipira e uma fruta da época no café da manhã, uma rodela de batata-doce, feijão com arroz numa salada de alface, jantar um inhame, etc. É possível evitá-los aos poucos”, diz.

 Sal, açúcar, gordura trans e o trigo branco são os “vilões” mais comuns nos processamentos. Fátima diz que as doenças vêm a longo prazo, sendo que o sistema imunológico de uma pessoa mal alimentada pelos ultraprocessados é muito mais frágil e apto a sucumbir às doenças. “Na hora que alguém pega uma gripe, mas tem uma alimentação mais natural e natural, sai mais fácil dessa gripe. Uma gripe pode virar uma pneumonia e levar à morte. Seu sistema imunológico vai reagir positiva ou negativamente dependendo da alimentação que você tem”, enfatiza.

Veganos e vegetarianos também não estão livres desse processo, ressalta Fátima. “Depende da conduta. Eles excluem a matéria animal, mas comem várias outras com conservante, acidulante, agrotóxico, etc. Conheço veganos que realmente fazem questão de consumir tudo orgânico e natural, mas outros se detêm apenas na questão da defesa animal e comem qualquer outra coisa. Bebem refrigerante porque não é animal. Então é muito relativa essa questão dos veganos se alimentarem corretamente”, conclui.

Camila Moreira, professora e nutricionista: “Alguns cientistas afirmam que esse tipo de produto nem deveria ser definido como alimento, mas como ‘fórmulas industriais’, o termo que eles consideram mais correto”

Carla Cristina Monteiro, nutricionista: “A indústria é muito forte mas temos muita informação dos meios de comunicação sobre alimentação saudável, na atenção básica se trabalha muito sobre prevenção de doenças. Geralmente procuram o profissional quando já está doente.”
Fátima Nunes, nutricionista: “Acredito numa dieta alimentar básica, diária, mas que seja saudável. Por exemplo, comer um ovo de galinha caipira e uma fruta da época no café da manhã, uma rodela de batata-doce, feijão com arroz numa salada de alface, jantar um inhame, etc. É possível evitá-los aos poucos”

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