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Especialistas apontam gargalos do setor eólico

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O atraso na instalação das linhas de transmissões, os chamados linhões, e as mudanças para obtenção de financiamentos que alteraram o crédito ofertado para os Estados do Nordeste pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB) foram apontados por especialistas como os principais gargalos enfrentados pelo setor de energia eólica no  país. O tema foi discutido na abertura da 3ª edição do Fórum Nacional Eólico – Carta dos Ventos, no Hotel Pirâmide. O debate ocorre  às vésperas da realização  do leilão A-5, previsto para 20 de dezembro, e busca viabilizar a definitiva inserção da fonte eólica na matriz energética e a regionalização da competitividade. O Brasil terá 7 mil megawatts de energia eólica contratados até 2014 – dos quais 3 mil megawatts no Rio Grande do Norte .

O diretor Norte e Nordeste da  Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) Pedro Cavalcanti  destacou que em virtude do atraso nas instalações dos linhões, muitos projetos executivos irão sofrer ajuste e poderá implicar no interesse de investidores para os próximos leilões.

“A fase aventureira da energia eólica já passou. Temos empresas que acreditam e investem de modo maciço no setor. Precisamos garantir que esta energia seja disponibilizada na rede de transmissão”, frisou Pedro Cavalcanti. No Rio Grande do Norte , 67% das obras licitadas para reforçar a rede e transmissão estão atrasadas.  Das nove em andamento no estado, seis estão fora do prazo, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

O gerente de planejamento e programação da Operação Elétrica da Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Arlindo Lins de Araujo Júnior afirmou que as obras para reforçar as redes de transmissão estão dentro do cronograma estabelecidos pelo governo federal, nos leilões de energia. “Existe especulações na mídia e por parte dos investidores. A informação que temos é que será entregue dentro do prazo”, afirma Arlindo Lins. A operação está prevista para iniciar em 2012, 2013 e 201, de acordo com o leilão,

Embora não reconheçam o atraso nas obras como oficial, o diretor de estudos de Energia da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) – responsável pela organização dos leilões de energia – José Carlos de Miranda Farias reconhece que as linhas de transmissão são o grande desafio da instalação na matriz energética. Isto porque a evolução do setor surpreendeu o planejamento elaborado para o período. Em 2003, explica ele, quando se começou a discutir os leilões, a perspectiva era de negociar a instalação de 1 mil megawatts. Em 2009, o primeiro leilão vendeu 2 mil megawatts, a R$ 5,64 o preço do mw/h. Em 2011, já são 4,5 mil megawatts. “É um potencial muito maior que o planejando e estamos tomando as medidas com licenciamento e infraestruura necessários para agilizar”, afirma. O potencial representa R$ 15 bilhões de investimentos diretos, ao longo de cinco anos.

Os leilões de energia que a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) programa para 20 de dezembro (A-5) – para começar a operar em janeiro de 2016 – conta com 296 projetos de parques  cadastrados, o que equivale a  7 mil megawatts a ser instalado, 70 dos parques no Rio Grande do Norte.

O A-5 e  A-3 e de reserva, previsto para o primeiro semestre de 2012,  prevê o salto na participação da fonte eólica dos atuais 0,9% dentro da matriz elétrica brasileira de hoje, para mais dos 5,4% já comercializados nos leilões de 2009, 2010 e 2011 que estarão operacionais em 2014.

Até lá, ressalta o presidente do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne), Jean-Paul Prates, o Rio Grande do Norte, deixará de ser Estado importador de energia para ser autossuficiente, com capacidade contratada e instalada equivalente a de países como Portugal e Dinamarca. “O Rio Grande do Norte é hoje um paradigma para o certo e para o errado do escrutinamento econômico do país em energia eólica”, afirma Jean Paul-Prates.

Bate-papo

» Pedro Cavalcanti, Diretor da ABEEólica

Qual o momento atual da energia eólica no país?

 Estamos deixando uma fase de romantismo, da ideia de precisar inserir uma energia limpa, de que a energia eólica é sempre positiva. A fase agora é de choque de realidade. Temos problemas de infraestrutura, conjunturais, de financiamento, de qualidade de projetos e execução projetos. Temos que ter serenidade para atravessar e corrigir essas diferenças e garantir prazos e execução dos projetos.

A saída dos financiamentos do BNB afetam como o setor? Isso pode ter contribuído para o RN não ter emplacado tantos projetos no último leilão?

Nós, da ABEEólica, não temos dados como empresa investidora, mas é muita coincidência que tenha ocorrido a redução da competitividade no volume do negócio dos Estados do Nordeste, quando ocorre a comunicação que o BNB não iria mais financiar projetos eólicos. Isso pode ter causado uma reestruturação, uma reanálise por parte dos investidores, que deverão captar outras fontes.

E quais seriam essas outras fontes? Há vantagens?

Seriam bancos privados, o próprio BNDES, e nessas outras fontes as condições para obter esses recursos, podem não ser iguais aos que BNB oferecia e isso tira a competitividade. Os projetos dos leilões anteriores ganharam sob a condição de ser financiado pelo BNB e aí em processo de aprovação, o financiamento é retirado. Eu acho que o governo deveria repensar e fazer frente a estes investimentos, que são importantíssimos para o Nordeste e para o desenvolvimento social.

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