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Especialistas debatem o uso do solo

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‘O solo demora para nascer, não se reproduz e morre facilmente”. A frase que sintetiza o ciclo de vida dos solos está escrita em um banner do 35º Congresso Brasileiro de Ciência do Solo. O evento ocorre no Centro de Convenções d Natal até o dia sete deste mês deve reunir cerca de 3 mil profissionais, como engenheiros agrônomos, florestais, geógrafos e geólogos.
Geológa e professora da UFV, Cristine Muggler, alerta para risco da impermeabilização do solo
Para esses especialistas, não é porque o solo está sob os nossos pés que tem pouca importância. Na verdade, ele é literalmente o alicerce da vida humana.“O solo é invisível porque ele está abaixo dos nossos pés, as pessoas não olham e não têm ideia das funções ambientais que o solo desempenha no nosso ambiente e na nossa sociedade”, evidenciou a professora Cristine Carole Muggler, geóloga e  professor do departamento de Solos da Universidade Federal Viçosa (UFV).

Além das funções óbvias (alicerce para construção de edificações e produção de alimentos), segundo a professora, o solo também é responsável por sequestro de carbono, filtrar e armazenar água, decomposição de  matéria orgânica (vegetais e animais mortos) dentre outras funções ambientais. “Tudo isso só acontece porque o solo é cheio de vida. Tem muito mais vida abaixo da superfície que acima, mas a gente não sabe, porque é microscópica e pouco conhecida”, explicou.

No estande da geóloga, há uma proporção de organismo que vivem sobre a terra e aqueles que estão abaixo dela. Para cada vertebrado (ser com ossos), há 100 lesmas, 3 mil minhocas e outros vermes, 10 bilhões de protozoários e 100 bilhões de fungos. Toda essa vida acontecendo abaixo dos seres humanos ainda não é devidamente respeitada segundo a docente. “É diferente quando você fala ‘cuida bem que é um ser vivo’, ou ‘cuida bem que é um objeto’”, comparou.

#SAIBAMAIS#Pela falta de noção da necessidade de preservação do solo, há uma série de atentados nas cidades e no campo contra esses micro-organismo fundamentais também para a existência do homem. A impermeabilização é o maior atentado contra os solos nos grandes centros urbanos. “As pessoas dizem ‘a cidade é assim’, mas não precisa ser assim em todos os lugares.. Se você tem uma casa, no quintal, é preciso deixar uma parte do solo exposto para a água infiltrar. É por isso que tem tanta enchente. Não tem onde a água infiltrar”, enfatizou. Mas não é só isso. Fazer uma calçada, passar asfalto ou cobrir todo o quintal também destrói todo um ecossistema no solo por falta de água, luz e oxigênio.

Desertificação
Toda a região com clima extremo tem um solo frágil. Esse é o caso do semirárido nordestino. No Rio Grande do Norte, 97% das terras estão nessa região quase deserta que vem sofrendo com o avanço dessa característica. Para a professora Muggler, o essencial para tentar manter minimamente o solo vivo é nunca deixá-lo sem nenhum tipo de vegetação, mesmo que não seja uma cultura voltada para alimentação. Essa vegetação funciona como uma espécie de chapéu que protege a cabeça do solo, a parte mais superficial.

“Na época que chove, chove muito concentrado. Se não tiver protegida a superfície, vai desagrega o solo e erode. Aí se perde a parte mais superficial, que é o mais rico, que ajuda a manter o solo coberto”, disse. Além disso, é necessário “observar o que a natureza fez durante milhões de anos para manter aquele ambiente. Não adianta importar um técnica de outro lugar e achar que vai dar certo”, finalizou.

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