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Especialistas evitam fazer projeções

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Mesmo quem acompanha o comportamento do dólar de perto não arrisca fazer projeções. “É difícil saber se o movimento de alta vai continuar”, afirma Eduardo Coutinho, coordenador do curso de Administração do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec).

Segundo o especialista, que também é professor do MBA de Finanças do Ibmec, ‘uma coisa é o dólar se ajustar. Outra coisa bem diferente é ele continuar subindo’. “Ainda não temos elementos suficientes para dizer se o dólar já se ajustou ou se ainda vai subir. O que podemos dizer é que a tendência de longo prazo é ele se estabilizar”, acrescenta Coutinho.

#SAIBAMAIS#A dificuldade em fazer projeções, segundo ele, está ligada ao fato da variação ser definida pelo próprio mercado. “E o mercado é complicado demais para predizermos o seu comportamento”.

Coutinho explica que a alta do dólar foi motivada, entre outras coisas, pela queda da oferta de moeda americana na economia, e ressalta que o governo federal tem tentado, sem sucesso, resolver localmente um problema que é global.

“Há fatores externos muito mais fortes do que qualquer política interna. A oferta de dólar caiu, porque a economia da China está desacelerando, o governo americano sinalizou aumento da taxa de juros, e a economia americana deu sinais de recuperação”, esclarece.

Bate-papo: Vinício de Souza e Almeida – coordenador do Programa de Especialização em Mercado de Capitais da UFRN


Por que o dólar está subindo tanto e tão rápido?

A causa vem fundamentalmente de medidas adotadas pelo Fed (espécie de Banco Central norte-americano). Há expectativa de que o Fed venha a reverter sua atual política de estímulo monetário. O banco ameaça reduzir a oferta barata de dólares, o que muda as expectativas de mercado em relação à oferta da moeda. Paralelamente, temos uma leve piora na avaliação de investidores  estrangeiros sobre as perspectivas da economia brasileira.  Ou seja, no mercado internacional, como um todo, temos uma mudança de expectativa em relação à oferta da moeda (para menos). No Brasil, temos piora nas expectativas sobre atividade econômica, o que na prática se reflete em menos dólares para investimento. As duas situações levam a menor oferta de dólares. Com menor oferta, o preço sobe.

Qual é a tendência? Esse movimento de alta deverá se manter?

Como está havendo um esforço oficial por redução, a expectativa é que o movimento de alta seja interrompido. O governo ainda tem cartas na manga como mudanças no recolhimento compulsório sobre posições vendidas em dólar e mudanças no IOF sobre operações de crédito no curto prazo no mercado internacional. O quanto esses ou outros mecanismos serão utilizados é uma incógnita. Não é possível afirmar ainda que este patamar atual vai se estabilizar.

Por que as medidas tomadas pelo Governo Federal não conseguem conter a alta do dólar?

As medidas adotadas até agora foram pontuais. As medidas estão aliviando levemente a pressão, mas não têm a magnitude da fuga de dólares pelos fatores internacionais (do Fed, especialmente) e domésticos (piora de expectativas).

O dólar voltará para patamares inferiores a R$ 2 ou ainda é cedo para fazer uma afirmação como essa?

Não é possível fazer essa previsão. Pesam negativamente o pessimismo de mercado quanto à inflação, combinado com crescimento econômico baixo e perspectiva de afrouxamento na política fiscal.

Num Estado como o RN, quem ganha e quem perde com a alta do dólar?

O movimento de alta beneficia os exportadores, uma vez que vão receber mais reais pela mesma quantidade de dólares. Por outro lado, a alta prejudica os importadores, que terão que pagar mais reais pela mesma quantidade de dólares previamente acertada. Esse efeito para os importadores pode pressionar os preços (para cima), dificultando a tarefa do Banco Central em atingir sua meta para inflação.

Como agir diante dessa alta? Que recomendações você faria para importadores, investidores, exportadores, viajantes?

Importadores podem entrar em contratos futuros de dólar para reduzir potenciais perdas no futuro, caso se vislumbre que a alta vai prosseguir. Exportadores podem aproveitar o momento para acelerar produção e vender mais. Não recomendo que viajantes alterem seus passeios a depender do movimento da taxa de câmbio, a não ser em momentos de choques muito fortes, como foi o caso de 2008. O movimento atual é certamente mais suave. Investidores têm que escolher em quem acreditam mais. Na piora das condições de mercado (Brasil incluído) ou na força do governo para reverter o atual quadro.

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