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Esperança de vida aumenta no RN

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SOCIAL - Naldaci de Moura relembra a visão machista da sociedade brasileira até bem pouco tempoA transformação da estrutura familiar no Rio Grande do Norte acompanha as mudanças que vêm ocorrendo no Brasil, conforme aponta a Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o caso da taxa de fecundidade total – número médio de filhos que uma mulher teria no final do período fértil -, que em 2001 era de 2,5 filhos e entrou em processo de declínio, passando a 2,3 filhos em 2007.  No Brasil, essa taxa era de 2,54 filhos há dez anos e atualmente o índice é de 1,95 filhos. O SIS é uma análise das condições de vida da população brasileira, que no Rio Grande do Norte mostrou, também, uma redução da taxa bruta de natalidade (nascimentos/1000 habitantes) que em 2001 era de 22,9% e passou no ano passado para 18,6%. Outro dado importante apontado na SIS é o aumento da esperança de vida total ao nascer (66,7 anos) em 2001 para (70,4 anos) em 2007.

O supervisor de Disseminação de Informações do IBGE no Estado, Ivanilton Passos de Oliveira, explica que o crescimento da  esperança de vida ao nascer, aliado com a queda no nível de fecundidade, contribui para o aumento da população idosa (60 anos ou mais. “A população está envelhecendo e vai necessitar de uma política social, principalmente a previdência, voltada para os idosos”, alertou ele.

Oliveira ainda explicou, com relação ao dado de que 52,2 % das pessoas em idade potencialmente inativa precisam ser mantidas pelas pessoas potencialmente ativas, “são em sua predominância os jovens”, com idade entre zero e 14 anos, já que as pessoas com mais de 64 anos, já tinham atuado no mercado de trabalho e em grande parte estão aposentadas.

O estudo do IBGE  mostrou que a razão de dependência, como indicador demográfico importante para avaliação do mercado de trabalho em relação a 100 pessoas em idade potencialmente ativas, tem menor índice em Santa Catarina (41,4%) e o maior no Acre (66,5%). Com o índice de 52,2%, o Rio Grande do Norte possui a segunda menor razão de dependência do Nordeste,  superado só por Sergipe (50,8%).

 O SIS ainda aponta que continua em declínio a taxa de mortalidade infantil do RN, passando de (37,5%) em 2005; 2006 (36,1%) para (34,8%) em 2007. A referida taxa, apesar do declínio, continua em um patamar alto, acima da taxa de mortalidade do Brasil (24,32%). O Rio Grande do Sul foi o Estado que apresentou a menor taxa de mortalidade infantil (13,50%) e Alagoas com (50,0%) apresentou a maior taxa do país.

Mulheres passam a ter menos de dois filhos

Rio (AE) – A taxa de fecundidade total (número médio de filhos que uma mulher teria ao final do seu período fértil) foi de 1,95 filho em 2007, segundo mostra a Síntese de Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada ontem. “Tal valor traduz o resultado de um processo intenso e acelerado de declínio da fecundidade ocorrido na sociedade brasileira nas últimas décadas”, segundo o texto da pesquisa. Em 1997, segundo a Síntese, a taxa era de 2,54 filho. Há também comparações com outros países que mostram que, na Itália, a taxa está estabilizada em 1,38 filho, enquanto na Índia chega a 2,81 filho por mulher.  A pesquisa confirma que sobram mulheres em relação aos homens no País. A razão de sexo no Brasil foi de 95,3 homens para cada 100 mulheres em 2007 e os técnicos atribuem a diferença, principalmente, à mortalidade maior masculina.

A menor diferença populacional entre os sexos no ano passado, entre as regiões metropolitanas, estava em Curitiba (95,3 homens para cada 100 mulheres, como na média nacional), enquanto a maior estava no Recife (87,8 homens para 100 mulheres). Em São Paulo, havia 91 homens para cada 100 mulheres. A pesquisa destaca, ainda, o que os técnicos avaliam como “um considerável aumento” da população de 70 anos ou mais de idade, que eram 8,9 milhões de pessoas, ou 4,7% da população total, em 2007. Em 1997, essa faixa etária correspondia a 3,6% da população total. De acordo com a Síntese, o aumento da população idosa no Brasil é conseqüência do crescimento da esperança de vida ao nascer combinado com a queda do nível geral da fecundidade. A esperança média de vida ao nascer no País era de 72,7 anos de idade em 2007, ou 3,4 anos maior do que a apurada em 1997. 

A Síntese aponta ainda que 2,1 milhões de crianças brasileiras de 7 a 14 anos, embora matriculadas na escola, eram analfabetas. O dado coloca 7,4% dos jovens dessa faixa etária na condição de “iletrados escolarizados”, representando 87,2% do total de 2,4 milhões de crianças desse grupo de idade  que não sabem ler nem escrever. A proporção de analfabetos na escola sobre o total de analfabetos caía à medida que subia a idade: 90,8% dos estudantes estavam com 7 anos; 92,4% com 8 anos; 89,6% com 9 anos; 85,6% com 10 anos.

Educação precisa de políticas de maior impacto

A coordenadora de projetos do Instituto de Desenvolvimento da Educação (IDE), Cláudia Santa Rosa, diz estar acompanhando  os indicadores educacionais, mas acha que o quadro no Rio Grande do  Norte e no Brasil precisaria de politicas de maior impacto, “para obter avanços mais acelerados, porque a população já não suporta aguardar tanto”.Segundo ela, os dados mostram e vem confirmar até outros, que já indicam que a maioria da população está na escola  básica pública, enquanto nas universidades acontece praticamente o inverso.

Ela não acredita que o sistema de cotas e o Prouni (programa de bolsa de estudos do governo federal) tenham contribuído para o acesso dos alunos da escola pública ao ensino superior. “Ainda não dá para a gente pensar que solucionou essa questão, a  predominância é de alunos que vêm da rede privada”, disse ela, que ainda admitiu: “De fato vivemos um momento muito positivo na educação, o país parece que começa a acordar no sentido de trazer a educação para essa discussão”.

Donas-de-casa assumem o comando

Outra mudança significativa na organização das famílias residentes em domicílios particulares do Rio Grande do Norte é a evolução da mulher como pessoa de referência da família, passando em 2001 de (25,17%) para 2007 (35,53%). Funcionária dos Correios há mais de 30 anos, Naldaci de Moura Ferreira se enquadra perfeitamente nesse perfil, como principal mantenedora de sua casa, num conjunto de apartamentos na Zona Sul de Natal.

Para ela, passou aquele tempo em que a Receita Federal, quando pedia informações para o Imposto de Renda, colocava o homem como chefe e mantenedor da família. Segundo ela, essa era “uma visão machista dos nossos antepassados”, que não admitia que a mulher compartilhava da administração familiar, quando na verdade já há algum tempo a mulher ajudava no orçamento doméstico, às vezes com a maior parte dos recursos financeiros: “Isto não vinha a público”.

Agora, segundo ela, isso já passou e os homens admitem partilhar a administração da casa, com a mulher sendo a chefe de família.Naldaci Ferreira também disse que optou por ter apenas dois filhos, porque assim teria condições de colocá-los em escola particular, coisa que os pais não tiveram condições de oferecer a ela e mais nove irmãos. “Hoje os dois estão se formando”, disse ela, em Letras, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Ela também demonstra uma certa preocupação com o envelhecimento da população brasileira, embora não seja contra que um casal tenha no  máximo dois filhos. “Alguma coisa tem de ser feita”, diz ela, porque a continuar aumentando a população idosa, vai chegar o dia em que não se tem jovens para cuidar deles ou, por exemplo, enfrentar o mercado de trabalho: “Soube que a Petrobras está recrutando geofísicos aposentados porque não existe jovens no mercado de trabalho”, exemplificou. Segundo o IBGE, as mulheres do RN têm apresentado nos últimos anos várias mudanças no seu comportamento social, tais como redução da fecundidade e crescente participação no mercado de trabalho.

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