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“Espero que Rosalba jogue na especial”

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Mesmo sem ainda ter o status de esporte olímpico por questões políticas – falta de entendimento entre o Comitê Olímpico Internacional e a Fifa -, o futsal continua crescendo e se popularizando no Brasil. E no Rio Grande do Norte não é diferente. Em entrevista a TRIBUNA DO NORTE, o presidente da Federação Norte-rio-grandense de Futsal, Clóvis Gomes da Costa Filho, 51 anos, fala do crescimento do futebol de salão no Estado, sobre mais um ano positivo do futsal potiguar e revela uma surpresa para 2011: “Além de Potiguar e Baraúnas, em Mossoró, que vai voltar a fazer parte dos quadros da Federação, poderemos ter ABC e América, em Natal. Artuzinho (eterno técnico rubro) está batalhando um patrocínio para o América e eu soube que a diretoria do ABC pretende investir também no futsal ano que vem”. Responsável pela interiorização do futsal no Estado, Clóvis está há nove anos à frente da FNFs e tem mais dois anos para cumprir o atual mandato.

O poder público investe muito pouco ou quase nada no esporte. Veja a situação das quadras e ginásios de esporte em Natal, disseQual o balanço da temporada 2010 do futsal no RN?

Positiva. Graças a Deus, a cada ano a gente observa uma evolução no nosso futsal. Participamos de todos os campeonatos brasileiros, de clubes e seleções estaduais, no masculino e feminino. E nossas competições das categorias de base contam com uma quantidade muita boa de clubes, a maioria formado por associações de bairros. Foi um grande salto porque saímos da dependência exclusiva das escolas, como acontece com o esporte amador no RN. As escolas, agora, têm a Federação de Desporto Escolar. Isso não impede, no entanto, que um time de escola possa participar das competições da Federação, mas terá que cumprir o calendário, as datas dos jogos marcados pela FNFs.

A temporada 2010 foi boa mesmo com o licenciamento do ABC/Art&C?

O licenciamento do ABC/Art&C foi ruim para o nosso futsal, mas não é por isso que vamos dizer que a temporada foi um fracasso. O ano foi muito bom. Há uma evolução natural. A cada ano, a gente observa um crescimento. Ano que vem, por exemplo, vamos ter o retorno de Mossoró, que deve receber a fase final da Copa RN de Futsal 2011, em parceria com a Prefeitura de Mossoró e a TCM (emissora de TV local).

E Mossoró conta, agora, com a dupla Potiba (Potiguar e Baraúnas)…

Isso. E esperamos que, além de Potiguar e Baraúnas, em Mossoró, possamos contar com ABC e América, em Natal. Artuzinho (eterno técnico de futsal do América) está batalhando um patrocínio para o América e eu soube que a diretoria do ABC pretende investir no futsal ano que vem. Aliás, em fevereiro de 2011 tem a Superliga em Betim/MG e o ABC, por ter sido campeão da Liga Nordeste, é o representante do Rio Grande do Norte. Vou procurar o ABC para ver se eles vão participar ou não. Se o ABC não for, vai Moira Bonita/SE, vice-campeão do Nordeste. Mas, isso será muito ruim para a Federação e para o futsal potiguar. Olhe aí mais uma prova do bom ano de 2010: o ABC conquistou o título da Liga do Nordeste. Para disputar a Superliga em Betim, a CBFS paga R$ 15 mil para cada clube. Dá para o ABC ir. É só querer.

A interiorização deu resultado? É a saída para o futsal do RN?

A interiorização do futsal é muito importante. Como o pessoal da maioria dos municípios do RN sente uma carência pela falta de futebol, o futsal acaba preenchendo essa lacuna. Os ginásios lotam em jogos no interior e há um ciclo entre os clubes. Numa temporada surge uma região querendo investir, na outra aparecem equipes de outras regiões e assim vamos movimentando o interior. Nos últimos anos, estamos realizando etapas e até o estadual inteiro de algumas divisões das categorias de base, como a Sub-20, por exemplo, em cidades do interior. E, agora, com o retorno de Mossoró a tendência é o crescimento ainda maior do futsal no RN.

Macau, que herdou a vaga do ABC na Taça Brasil, é um símbolo da interiorização?

Macau fez uma grande festa por ter sido o representante do Estado numa competição nacional tão importante e tradicional do calendário da Confederação Brasileira de Futsal. Os jogadores estão realizados. Jogaram contra os principais craques do futsal nacional, apareceram na TV, com os jogos sendo transmitidos ao vivo pela Sportv. Foi muito bom para estes jogadores, que nunca tinham saído daqui. Uma vitrine.

O Assu Open, que começou na última segunda-feira (6), também é mais uma prova deste crescimento do futsal no interior?

Sem dúvida. É uma competição muito forte, de nível alto e está sendo realizada em parceria com a Federação, que cedeu os árbitros e está dando total apoio.

 O que aconteceu com os clubes de Natal? ABC, América e AABB, por exemplo?

O ABC estava na ativa, graças a um excelente trabalho de Rubinho (Rubens Lemos Filho) e Arturo (Câmara, publicitário). Licenciou-se de novo, mas acredito que possa voltar no ano que vem. O América só entra em competições para ganhar e como o ABC investiu alto e contava com jogadores acima da média do Estado, ficava difícil para o América superá-lo. Espero que os dois voltem ano que vem em igualdade de condições para equilibrar o clássico. Já a AABB, o problema é de gestão. É como no interior, quando entra um prefeito que gosta do esporte, ele investe no futsal.

Por falar em investimento de Prefeitura, o que você espera do próximo governo no RN?

Espero que Rosalba Cialirni (governadora eleita) jogue na especial (divisão), assim como Djalma Maranhão e Silvio Pedroza, que investiam no esporte. O resto é tudo de quarta divisão, só prometem. O poder público investe muito pouco ou quase nada no esporte. Veja a situação das quadras e ginásios de esporte em Natal. Todos deteriorados, sem condições de uso. É lamentável. Fico me perguntando, às vezes, porque a classe política não investe no esporte, que é fundamental para a saúde e a educação. Vamos ver se com a Copa do Mundo e as Olimpíadas do Rio de Janeiro este quadro muda. Acho difícil, mas vamos ficar na torcida. Se não mudar agora, não muda mais nunca.

O ginásio Machadinho se enquadra neste “quadro negro” do esporte amador?

É o principal exemplo de falta de manutenção e mau uso dos equipamentos esportivos públicos. Construir é muito fácil, difícil é manter. Aliás, não vai fazer diferença nenhuma à demolição do Machadinho, se Natal for mesmo sede da Copa de 2014 e construírem o tal Estádio das Dunas. O Machadinho é o retrato do descaso do poder público. E o Nélio Dias (ginásio recém-inaugurado na Zona Norte de Natal), se não tiver cuidado, vai ficar igual ao Machadinho ou pior.

Qual a solução para estas praças esportivas?

A solução é investir mais no esporte, ter uma atenção especial, por todos os benefícios que o esporte traz e que todos nós estamos cansados de saber: educação, disciplina, saúde , etc… Outra alternativa seria a de entregar esses ginásios para as federações administrarem. Tenho certeza que seria bem melhor administrado e só quem ganharia era o esporte do Estado.

Mudando um pouco de assunto, a Federação já tem a programação para 2011?

Já sim. Vamos ter dezessete campeonatos ano que vem, mas nenhum de porte nacional, porque a Confederação faz rodízios pelo Brasil e Natal não foi contemplado em 2011. Vamos participar da Taça Brasil nas categorias Sub-15, Sub-17, Sub-20 e Adulto, todos no masculino e feminino; ainda terá o Campeonato Brasileiro de Seleções Sub-17, masculino e feminino, e o Sub-20 feminino; vamos ter ainda a Liga Nordeste, a Copa RN, o Campeonato Estadual e os Estaduais das categorias de base (Sub-9, Sub-11, Sub-13, Sub-15 e Sub-17). A agenda está bem movimentada. E se tivermos as participações de ABC, América, Potiguar, Baraúnas e mais os times do interior tem tudo para ser uma temporada muito boa. Tem tudo para ser.

E a arbitragem? Tem árbitro no quadro da FNFs para tantos jogos?

Foi muito bom você ter tocado neste assunto. Vamos iniciar um curso de arbitragem para formar novos árbitros, agora, a partir do dia 12 de dezembro. Charles Eliont, nosso diretor técnico da FNFs, coordena o curso, que será realizado em três fins de semana no Colégio Imaculada Conceição (CIC). Precisamos formar novos árbitros, estamos com essa carência. O volume de competições é muito grande.

E, afinal de contas, quanto o futsal vai se tornar esporte olímpico?

Essa é uma briga política entre a Fifa, que comanda o futsal agora, e o Comitê Olímpico Internacional. A Fifa quer fazer com o futsal nas Olimpíadas o mesmo que faz com o futebol, com jogadores até 23 anos e apenas dois ou três jogadores com idade acima dos 23 anos, profissionais. Isso porque se liberar para todas as seleções jogarem com seus times principais pode apagar um pouco a Copa do Mundo, que acontece de quatro em quatro anos, igual ao futebol. O Comitê Olímpico Internacional, por sua vez, quer a participação das seleções principais. Espero que esta celeuma seja resolvida para que o futsal entre de vez nos Jogos Olímpicos. Isso vai dar uma visibilidade ainda maior para o futsal, que já é popular em quase todo o mundo. Com o futsal inserido nas Olimpíadas, a nossa Confederação também poderá receber mais recursos, através do Comitê Olímpico Brasileiro. E isso seria muito bom para o crescimento do futsal.  

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