O Rio Grande do Norte perdeu 11.790 vagas de emprego em somente em 2016. É o que aponta o relatório do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Em outubro, o estado fechou 736 empregos com carteira assinada, o pior saldo para o mês desde 2003 e em 12 meses o corte chega a 16.693 vagas. O sinal de alerta segue sendo para as áreas de serviços, comércio e construção civil, que mais uma vez puxam o aumento da taxa de desocupação. Este ano, só estes setores já somam 11.496 pessoas sem trabalho.
Os dados de outubro de 2016 são piores do que o mesmo período de 2015. No ano anterior, foram criados 12.173 postos de trabalho, com 12.643 desligamentos, o que contabiliza uma queda total no número de empregos de 470. Neste ano, foram geradas 10.795 vagas, com outras 11.531 fechadas. Na prática, isto implica em 736 empregos a menos.
Segundo o relatório da Caged, a redução nos postos de trabalho em outubro foi de 0,17%, tomando como base deste cálculo a diferença entre contratações e demissões. O número coloca o RN como sexto estado da região Nordeste que percentualmente mais perdeu empregos ao longo do último mês, só perdendo para o Piauí (-0,62%), Bahia (-0,33%), Pernambuco (-0,28%), Paraíba (-0,21%) e Ceará (-0,18%).
No acumulado nos últimos 12 meses, o Rio Grande do Norte con-seguiu diminuir a queda no número de demissões em todos os setores: 159.531 em 2016, contra 188.675 no mesmo período do ano passado. Porém, a geração de empregos também caiu, esta ainda mais se comparado com mesmo cálculo em outubro de 2015: 142.838 em 2016 e 178.282 em 2015. Ou seja, há menos postos de trabalho no Rio Grande do Norte.
Os números são puxados para baixo, sobretudo, pela construção civil. O setor gerou 1.150 empregos em outubro, mas teve 1.865 desligamentos, o que dá uma queda de 715 vagas, equivalente a menos 2,04%. No acu-mulado em 2016, já são 5.141 vagas a menos.
Na sequência, está o setor do comércio, que perdeu 3.843 vagas, seguido pelos serviços (2.512), e indús-tria e transformação (1.892). Segundo Ivanilton Passos, analista do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no RN, uma série fatores ajuda a explicar o problema crescente na geração de empregos no estado. Para ele, ainda não indício de recuperação econômica.
“O terceiro trimestre foi um dos piores da série histórica em nível de Brasil, o que indica que não está havendo recuperação da economia. Nós tivemos a crise financeira internacional, que contribuiu para isso. Com as medidas adotadas a partir do segundo semestre de 2014 (por parte do Governo Federal), tivemos uma nova crise econômica, gerando um novo desiquilíbrio fiscal. Tivemos as grandes empreiteiras envolvidas em escândalos de corrupção em todo país. Até agora não conseguimos nos recuperar. E o mercado de trabalho foi duramente atingido, principalmente mulheres e jovens”, afirmou.
PERDAS EM UM ANO
QUEDA GENERALIZADA
O saldo de empregos foi negativo, nos últimos 12 meses, em todos os estados do Nordeste. O saldo é a diferença entre contratações e desligamentos. Quando está negativo significa que mais trabalhadores foram “desligados” do que contratados, mostrando, na prática, quantas vagas foram perdidas. Veja os números da região, abaixo:
LOCAL SALDO
BA -74.843
PE -54.895
CE -45.782
MA -20.731
RN -16.693
PI -15.110
SE -15.101
PA -12.230
AL -8.842
BRASIL -1.500.467
NORDESTE -264.227
RITMO NEGATIVO
Dados abaixo mostram a variação do “estoque” de emprego, ou seja, da quantidade total de empregados no estado com carteira assinada. A comparação toma como referência os estoques de outubro e do mesmo mês do ano anterior, ambos com ajustes.
LOCAL VARIAÇÃO %
PI -4,96
SE -4,92
MA -4,24
BA -4,19
PE -4,10
CE -3,77
RN -3,73
PB -2,92
AL -2,39
NORDESTE -3,96
BRASIL -3,71
ATIVIDADES NO RN
O saldo de empregos em 12 meses
SETOR SALDO
Extrativa mineral -171
Indústria de transf. -2.870
Serv. in. de util pública +38
Construção civil -7.176
Comércio -3.882
Serviços -3.997
Administração pública -25
Agropecuária +1.390
Total -16.693
