Um taxista de 52 anos passou por momentos de apuros na tarde de ontem (20) em Natal. Durante uma corrida, o profissional foi vítima de uma tentativa de latrocínio, praticada pela passageira que transportava, no conjunto Parque dos Coqueiros, zona Norte da capital. O detalhe é que a cliente estava longe de qualquer suspeita – uma adolescente de 14 anos, vestida com farda escolar, mas armada com uma faca. A Polícia Militar confirmou a ocorrência. O episódio, por pouco, não terminou em tragédia, pois o motorista conseguiu desarmar a jovem enquanto ela tentava golpeá-lo. A suspeita é que a menor queria subtrair o dinheiro para comprar maconha.
Apesar da escalada de insegurança vivenciada na capital potiguar, em 22 anos de atividades, o taxista Raimundo Miranda, morador do bairro Golandim, São Gonçalo do Amarante, nunca havia passado por situação parecida. Ele demora a crer que foi vítima de alguém incapaz de suscitar desconfianças. Miranda afirma que embarcou a passageira, que retornava da escola, em frente a um supermercado na Avenida Presidente Bandeira (antiga Av.2), no Alecrim.
A adolescente, que estava vestida com farda escolar, atacou o taxista com uma faca de mesa
“Eu aguardava uma cliente que fazia compras quando a menina chegou até mim e pediu uma corrida para o Parque dos Coqueiros. Liguei para a cliente que estava no supermercado que eu faria uma corrida e depois retornaria para buscá-la. A jovem disse que iria para a casa de uma parente”, relata o taxista.
Durante o trajeto, na Avenida Tomaz Landim, a menor alegou que havia mudado de ideia e que iria visitar uma amiga, quando pediu ao taxista que entrasse em uma rua anterior aos principais acessos do conjunto. No momento em que o motorista estacionava o veículo no local indicado, a adolescente puxou uma faca de mesa em direção ao abdômen da vítima.
“Ela não chegou a anunciar assalto. Antes mesmo de parar o carro, ela já meteu a faca. Por sorte o cinto impediu que o golpe fosse mais profundo. Daí eu segurei a mão em que estava a faca e tentei fazer com que ela soltasse”, relembra Miranda.
A luta corporal foi presenciada por transeuntes, que pensaram se tratar de uma briga de casal, conforme o taxista. Ainda com o veículo em movimento, em baixa velocidade, a jovem passou a desferir socos no rosto da vítima, que ficou com o nariz inchado devido às investidas. Em um dos golpes, Raimundo Miranda conseguiu segurar a outra mão e, para se defender, mordeu um dos dedos da menor, que largou a faca.
“Ela temeu que eu revidasse. Eu disse que não faria nada e perguntei o porquê dela ter feito aquilo. A menina disse que queria levar o dinheiro para usar maconha”, afirma o motorista.
Um dos pedestres que passava pelo local, ouviu os gritos do taxista, foi até o veículo para auxiliá-lo e acionou a Polícia Militar, que atendeu a ocorrência e encaminhou a jovem à Delegacia Especializada de Atendimento ao Adolescente Infrator (DEA). Por temer represálias, o taxista decidiu não registrar queixa.
Embora os ferimentos tenham sido superficiais, Raimundo Miranda passa a carregar as marcas da violência. “Ela bateu com muita força, mas estou comemorando por estar vivo. Foi um milagre”, relembra, emocionado.
Porém, ele afirma que não vai se afastar da profissão que atua há mais de duas décadas. “Tenho contas a pagar e tenho que trabalhar. Como é que nós, com tanto impostos que pagamos, vivemos numa situação dessas? Estamos à mercê de bandidos, e de bandidos que não esperamos. Uma passageira de 14 anos, que está voltando de uma escola, você trata como se fosse o seu filho”, lamenta.
