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“Eu já fui o último da fila”

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RETORNO - O ator Eri Jonhson volta a Natal depois de quatro meses

Alguém já imaginou o ator carioca Eri Jonhson fazendo papel de vilão no teatro? Mas fez. Tudo bem que foi há muito tempo, na década de 80. Numa época em que, como ele mesmo diz, “eu era o último da fila no elenco da peça”.
 
A experiência, pelo menos, serviu para descobrir que o caminho era a comédia. “Foi uma cagada grande. Na hora mais tensa do espetáculo, quando era para eu fazer todo mundo chorar, disse o texto e o público começou a rir muito. Foi uma merda”, recorda.  
Vinte e seis anos depois, muita água passou por debaixo da ponte dele: do último lugar na fila, Eri Jonhson pulou para a dianteira. Na filosofia crua do amigo Romário, é como se o ator tivesse conseguido um lugar “na janela do ônibus”.

Em cartaz há 14 anos com o espetáculo “Aluga-se um namorado”, Eri volta a Natal depois de quatro meses como a grande estrela do elenco — que tem ainda Gilberto Marmoros (ao lado de Eri, também está desde o início da montagem), Isabela Lobato, Paulo Serra, Lugui Palhares e Beth Erthal. A direção é de Carlos Magalhães.

Nesta entrevista ao VIVER, Eri Jonhson falou da peça, da carreira, da família, do teatro e de muito futebol.

Você está em evidência por conta do trabalho na televisão e o espetáculo “Aluga-se um Namorado” gira em torno do seu personagem. Como funciona isso dentro do elenco?
ERI JOHNSON: Na verdade não é em torno do meu personagem, mas da personagem da Isabela Lobato que vem de uma família conservadora judia e resolve alugar um namorado judeu. Na peça, me chamo Alex Schneider e não sou nada daquilo do que eles pensam. Em quatro minutos o público descobre isso e uma série de coisas vão acontecendo.     

Mas você é o primeiro nome…
EJ:  Mas eu também já fui o último da fila. Não fui a vida toda o Eri Jonhson que as pessoas vêm na televisão. E não vejo problema com isso, o elenco é também não. Agora, eu sei da minha responsabilidade. Em cada cidade que a gente passa com o espetáculo, o trabalho começa, para mim, quando desço do avião. Num autógrafo que me pedem, numa entrevista como essa… a responsabilidade aumenta. Essa é a diferença. 

Hoje o público associa tua imagem à comédia. Sempre foi assim? Você já foi vilão?
EJ:  Fiz uma vez, em 1980. A peça era “O Marginal” e foi uma cagada grande. Na hora mais tensa do espetáculo, quando era para eu fazer todo mundo chorar, o público começou a rir. Foi uma merda…

E parou por aí…
EJ:  É, em relação a vilão foi, mas em “Aluga-se um namorado” tem uma hora que faço o público chorar. Dentro de toda essa coisa da comédia, quando conto a história do personagem, que não tem família, das dificuldades, procuro tocar o coração das pessoas. Não é que vão chorar, mas é um momento de reflexão importante.

Então não é comédia pastelão…
EJ:  Absolutamente. Fala de uma coisa fundamental hoje em dia que é a família. A questão dos pais e filhos, essa relação. Embora não estejam vivos, meus pais, que por sinal eram nordestinos, sempre impunham respeito dentro de casa. E a peça fala disso.    

Seus pais chegam a “entrar no palco” com você?
EJ: Se eu pensar nos meus pais quando estou em cena pode esquecer que não sai nada. Peço licença e não faço. Minha família é importante demais e não dá para misturar as coisas.

Quando você participou do programa “Provocações” na TV Cultura há alguns anos, o Antônio Abujamra perguntou quem era sua referência e você respondeu Glória Peres (diretora de novelas da Globo). Na semana seguinte, com outro entrevistado, ele fez a mesma pergunta mas disse que você tinha usado o programa dele para conseguir um papel na novela das 8. Como foi isso? 
EJ:  (Risos). Não lembro disso não. Nem me falaram nada. Você lembra do programa? O Abujamra me provocou muito aquele dia e foi difícil. Mas ele é um cara fantástico. O maior elogio que recebi na carreira foi ele quem fez. Tem umas coisas que você fica sem saber, né? O Zeca Pagodinho disse que depois que viu essa peça ia levar a família sempre ao teatro.

O que o Abujamra falou?
EJ:  Pô…, essa mesma peça (“Aluga-se um namorado”) estava em cartaz e ele foi ver. Aí depois me escreveu uma carta dizendo que eu não sabia nada, mas conseguia fazer o que todos os outros artistas cheios de teorias acadêmicas tentam e não conseguem, que é ter o público na mão, brincar com isso. Na assinatura, ele foi diminuindo a letra e colocou `orgulhosamente muito obrigado, Antônio Abujamra´. Quando chegou no nome dele não dava para ler nada de tão pequeno. Foi uma das minhas maiores emoções na carreira.
 
Você é amigo da maioria dos jogadores da Seleção Brasileira que fez um papelão na Copa do Mundo. Dá para explicar o que ocorreu?
EJ:  Encontrei o Adriano numa churrascaria no Rio segunda-feira e o que posso te dizer é que se foi ruim para a torcida, foi muito pior para eles. Na Copa de 2010 a gente vai estar torcendo para uma outra seleção e a maioria desse jogadores não vai estar lá. Ficou feio para eles como ficou horrível para o Zidane depois do que ele fez… 
 
E o futebol dos clubes brasileiros? Dá para acreditar numa virada dos cariocas, por exemplo, com essa final entre Flamengo e Vasco na Copa do Brasil?
EJ:  Calma aí que eu sou vascaíno (risos). Mas sou do tempo do Roberto Dinamite. Acompanhei futebol com prazer até 1997, quando o Edmundo fez um ano maravilhoso e o Vasco foi campeão brasileiro. Hoje, o futebol mundial está na mão de qualquer um. Não é só o Flamengo e o Vasco. O Chico Anísio disse uma vez o que o Brasil tem tudo para ser uma potência. Por isso que não era. Se não tivesse esse “tudo”, talvez fôssemos um país muito melhor.    

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