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Euclydes em Natal – fim

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Vicente Serejo

canudos

A segunda e importante presença de Euclydes da Cunha nesta Natal é simbólica: a conferência de Gilberto Freyre. A terceira é o livro de Umberto Peregrino ‘Euclides da Cunha e outros estudos’, edição Record, Rio, 1968. General do Exército, Peregrino olha ‘Os Sertões’ como história militar. No segundo ensaio, analisa o autor de ‘Os Sertões’ nas suas características morais, quando os estudos já caminhavam, nos fins dos anos sessenta, para a visão sociológica.

Claro que não se pode negar ao conflito de Canudos a feição de guerra, e de uma guerra que há de ter sido o maior conflito civil-militar ocorrido no Brasil. Mas, Canudos foi, sobretudo, uma guerra social, nascida de uma deformação brutal: mesmo eivada de um inegável e forte misticismo, não foi um movimento contra a proclamação da República, como explorou o então governador da Bahia, Luiz Viana, o pai de Luiz Viana Filho, que também governou o Estado.

Os estudos mostram, a partir do próprio Euclydes da Cunha. O primeiro Euclydes foi aquele que viu Canudos como correspondente do jornal ‘O Estado de S. Paulo’; o segundo, e definitivo, e mais infinitamente consistente e profundo, é o de “Os Sertões”. A diferença está bem analisada no livro “No Calor da Hora”, da socióloga Walnice Nogueira Galvão, e depois na análise erudita de Roberto Ventura, mesmo um livro inacabado diante da sua morte precoce.

Do ponto de vista da vida literária, a segunda presença de Euclides em Natal, esta que é também simbólica, foi a conferência de Gilberto Freyre na Escola Doméstica, nos cinquenta anos da morte do autor de “Os Sertões”, proferida a convite do Grêmio Literário Euclydes da Cunha. Daí ter sido a revista “Bando” seu órgão de divulgação e com uma vida editorial de dez anos – 1949 a 1959, em dois formatos. Foi a nossa mais importante revista cultural no Século XX.

Quem estava à mesa da conferência? Câmara Cascudo. E na platéia? Oswaldo Lamartine. E o que documenta esta presença é seu exemplar de “Perfil de Euclydes e outros perfis”, edição da ‘Coleção Documentos Brasileiros’, volume 41, Rio, 1948, ilustrações de Cândido Portinari e Thomaz Santa Rosa. Tem a dedicatória do próprio Gilberto, datada de 1948, assim: “A Oswaldo Lamartine com um abraço e a muita simpatia do seu companheiro de estudos, Gilberto Freyre”.

É uma pequena singularidade que um colecionador, mesmo de província, não pode deixar de registrar, sob pena de ferir a vaidade de tê-lo: no centro da folha de guarda, Oswaldo colou uma fotografia de Gilberto lendo a conferência e na qual aparece o rosto de Câmara Cascudo.  Um exemplar encadernado em couro por Oswaldo Lamartine – “quando arrumava os teréns para tomar um ita no Norte”. Escrito e assinado com tinha vermelha. Fica o registro. Com todo gosto.

AVISO – Aos paladinos das declarações peremptórias: qualquer entidade poderá ir à Justiça se algum impasse for insuperável nos debates do Plano Diretor. E, indo, o caminho será demorado.

GATO – Para alguma dondoca aflita com seu bichano de estimação vivendo os últimos anos de vida: uma empresa de Pequim, China, faz uma clonagem perfeita por míseros R$ 145 mil reais.

AINDA – Se o bicho de estimação for um cão, e não um gato, o gosto fica por qualquer coisa em torno de R$ 256 mil reais. Em dólares, cerca de uns U$ 53 mil. A uma dondoca não é tão caro.

AVISO – Já tem título, e forte, o livro do empresário Paulo de Paula: “Eu sou, eu posso”. Com um subtítulo que diz assim: “A impressionante jornada ao universo da mente”. Já vai aos prelos.

AINDA – Com dois detalhes que revelam busca de força editorial: será lançado por uma editora de magnitude nacional e com um prefácio do mago Paulo Coelho, uma marca hoje internacional.

LEGADO – Saiu finalmente o livro que é um verdadeiro legado da professora Maria Bezerra (1931-2011) – “Emancipação Política da Mulher Potiguar”. Vasto documentário do Século XX.

LUTA – O livro abre a coleção dos Amigos da Pinacoteca que tem como diretor executivo Iaperi Araujo. A professora Isaura Rosado e o deputado Beto Rosado foram seus dois realizadores.

REAÇÃO – Alguns conselheiros ativos e aposentados continuam insatisfeitos com a decisão do TCE de não pagar o reajuste de 16% retroativo a janeiro. Pensam em buscar a grana na Justiça.

UVA– Fonte ligada à educação cobra desta coluna, por e-mail, uma informação definitiva sobre o termo de parceria com a Universidade do Vale do Acaraú, do Ceará. A coluna aguarda o parecer da Assessoria Jurídica da Secretaria de Educação e do Conselho Estadual de Educação.

POSIÇÃO– A coluna publicou a posição da direção do Ibrapes, gestor administrativo da UVA no Estado, como é devido para a garantia de sua palavra no mesmo espaço. Só retornará ao tema quando souber a posição oficial. Não cabe ao governo nem a ninguém afirmar sem informação. 

INFERNAL– Por uma inciativa da Cooperativa Cultural, UFRN, chegou a edição brasileira do ‘Dicionário Infernal’, de Collin de Plancy, de 1818 – “dos seres, dos personagens, dos livros, dos fatos, das coisas que concernem aos espíritos, demônios e bruxos e ao comércio do inferno”.  

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