Everaldo Lopes – Repórter e pesquisador
Eugênio Flávio, norte-rio-grandense, 44 anos vestiu a camisa alvi-rubra do América durante 13 anos (de 1981 a 1994), sendo o segundo profissional americano a disputar o maior número de partidas pelo clube, perdendo apenas para o ex-ala direito Ivan Silva. Além do América, jogou no Ceará, Potiguar/M e Fluminense/BA, assumindo depois a função de treinador de goleiros, inicialmente no Potiguar e desde 2002 presta seus serviços ao ABC. Esta a ficha técnica daquele que é considerado o último grande goleiro nascido no Rio Grande do Norte. Depois dele, ABC, América, Corinthians, Potiguar, Alecrim e Baraúnas – todos já campeões estaduais, nenhum desses clubes contou com goleiro titular feito no RN, após sua aposentadoria.
Antes da presença do ídolo Eugênio, o próprio América, ABC, Alecrim, os mossoroenses Potiguar e Baraúnas tiveram seus grandes goleiros. O clube rubro num passado bem distante teve o acrobático Nené, cognominado pela imprensa carioca quando ele passou pelo Fluminense, de “o homem voador”. Posteriormente, outro “monstro” substituiu a Nené, que foi Rossini, titular absoluto durante 10 anos ininterruptos, até chegar a vez de Gerin, também com passagem bastante longa na defesa americana. Com a ascensão de Eugênio fechou-se o ciclo dos grandes goleiros feitos nas escolinhas do clube. Eugênio, inclusive, acumula os títulos de campeão infantil, juvenil e profissional, todos no clube rubro.
No ABC, os ídolos “debaixo dos paus” também foram poucos: num passado muito distante surgiu a figura de Jônatas (anos 20 a 30), sucedido por Edgar (de 40 a 50), até chegar de Areia Branca o ágil Ribamar, uma presença no arco alvinegro durante muitos anos. O baixinho (baixinho, mesmo) Erivan, outro a quase se eternizar com a camisa de titular, com alguma ameaça de Floriano, de bem maior estatura, mas não deu sorte porque disputava o posto com o ídolo Erivan, este adorado pela “frasqueira”. Com o adeus do baixinho, os “oriundos” tomaram conta da posição: Hélio Show, Carioca, Lulinha, Capelane, André Dias, Oscar, Schumacher, Sadi e Adriano, todos “feitos” fora do RN.
Com Eugênio, após os 10 anos de vitórias com a camisa americana, foi-se o último grande goleiro lapidado nas bases do clube americano. Recentemente, o América chegou a dar algumas oportunidades a Rodrigo, mas lhe faltou uma maior estatura para o posto. A explicação para tal fenômeno é difícil, a não ser que o detalhe da altura exigida para quem quer fazer sucesso com a camisa um, atrapalhe os planos. Goleiro, hoje, que pretender ir mais longe no futebol e nessa posição não pode ter menos de 1m90. Salvo se tiver impulsão suficiente para contrabalançar a deficiência na altura.
Na ficha técnica de Eugênio consta que ele disputou 248 jogos pelo América em vários Estaduais, 45 jogos disputando o Campeonato Brasileiro, 23 amistosos, 11 pela Copa do Brasil, totalizando 337 partidas jogadas, nas quais sofreu 254 gols, o que dão a média de menos de um por jogo.
Eugênio diz ser difícil apontar qual o melhor time do América nos muitos em que foi o titular absoluto. Cita dois: o de 1988 com ele, Baeca, Edson, Romildo e Soares, Baltazar, Dalmo e Dedé de Dora, Baíca, Silva e Severinho, treinado por Ferdinando Teixeira. Outro foi o campeão de 92, com ele, Tiê, Pedro Diniz, Gito e Mingo, Carioca (Erivonaldo), Lico e Biro Biro, Paloma, Souza, Bebeto (Baíca). Baltazar era o treinador.
Eugênio costuma dizer que espera, um dia, ser justiçado pelos dirigentes do América, pois até hoje é o goleiro que mais vezes vestiu a camisa do clube rubro. Deixando a modéstia de lado, acha que merece um dia ser homenageado por esse feito. A curiosidade na história desse ex-ídolo americano é que ele foi o único goleiro a deixar o veterano Hélio Show no banco dos reservas. Hélio sempre repetia que, o dia em que ficasse no banco para outro goleiro largaria o futebol. (colaborou o pesquisador Newton Alves).