Cláudio Oliveira
Repórter
A nova onda da pandemia da covid-19 está em queda no Rio Grande do Norte. Porém, a recomendação continua sendo pela suspensão de eventos de massa e manutenção das medidas preventivas. Neste sentido, os maiores municípios do estado informaram que estão monitorando os números, mas ainda sem previsão de flexibilizar tais medidas e liberar os eventos públicos. De acordo com o Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN), o estado passou pelo platô da transmissão na última semana de janeiro, muito embora a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap/RN) considere que ainda é cedo para essa conclusão e que é preciso esperar até o final dessa semana para poder confirmar isso.
No levantamento do LAIS, que faz a análise dos microdados da pandemia no estado, as informações apontam que o RN chegou ao pico dos novos casos diários nesta nova onda em 26 de janeiro de 2022 e dois dias depois chegou ao pico dos pedidos por internações. “No dia 26 de janeiro, o RN registrou mais de 4.800 novos casos diários na média móvel de sete dias. Esse foi o pico dos novos casos. Desta data até hoje o número de novos casos diários está caindo de forma sustentada. Exatamente dois dias após o pico dos novos casos diários, no dia 28, passou pelo pico dos pedidos por internações em leitos covid-19. Neste dia registrou na média móvel 82 pedidos para internar pacientes em leitos covid-19”, explicou o diretor do Lais, Ricardo Valentim.
Em ambos os registros, Valentim avalia que há uma redução sustentada por mais de 15 dias. “Isso é um dado muito importante, pois demonstra que já saímos do pico causado pela variante ômicron”, disse ele. Em 15 dias, a redução foi maior que 50%. Ontem (16) a plataforma Regula RN chegou a registrar a fila de espera zerada para leitos críticos e clínicos. Apenas dois hospitais, entre os 18 da rede, estavam 100% lotados, enquanto que há duas semanas quase todos estavam nesta situação. Já a ocupação estava ontem em 59%.
“Esse indicador – pedidos por internações – é um dos mais importantes para medir a desaceleração da pandemia, pois ele não tem atraso no dado e também não tem subnotificação. Esse dado é registrado sempre que uma unidade de saúde pede um leito para um paciente. É instantâneo. A queda de mais de 50% dos pedidos por internações neste últimos 15 dias já começa a demonstrar sinais de redução na pressão por leitos de UTI”, avalia Ricardo Valentim.
A subcoordenadora de vigilância epidemiológica da Sesap/RN, Diana Rego, também confirma que a pandemia está novamente em queda no estado. “Nós percebemos nesta semana uma redução de casos notificados comparados à semana passada, no entanto, é importante perceber que vivenciamos no final de janeiro o maior pico desde o início da pandemia e, embora estejamos com número de casos diminuídos, é preciso ficar atentos ao número de óbitos mantidos, porque não percebemos diminuição”, disse ela.
De acordo com o boletim diário divulgado pela secretaria, o número de óbitos em fevereiro nos primeiros quinze dias de fevereiro somaram somaram 118, enquanto nos quinze dias anteriores (últimas semanas de janeiro) totalizaram 49. “Isso se deve à questão da vacinação em relação a 3ª dose que muitas pessoas não estão aderindo”, destacou a subcoordenadora de vigilância epidemiológica.
Leitos críticos
O Rio Grande do Norte está com a fila por um leito crítico covid zerada. O indicativo consta no boletim Regula RN, e significa que não há pacientes aguardando a regulação de um leito exclusivo para o tratamento da infecção nesta quarta-feira (16).
De acordo com a plataforma, 106 leitos críticos estão ocupados por algum paciente com covid-19, o que significa 59,22% de ocupação. Outros 15 pacientes ocupam leitos para pacientes com outras síndromes respiratórias. O estado conta com 53 leitos disponíveis.
Já em relação aos leitos clínicos, 109 pacientes estão internados (40% de ocupação) e 121 outros leitos estão disponíveis. Dois pacientes aguardam regulação por um leito dessa natureza.
Municípios sem previsão de flexibilizar medidas
Mesmo com o cenário melhorando em relação à onda da variante ômicron da covid-19, os municípios mantêm os decretos com restrições visando diminuir a transmissão do novo coronavírus, como a suspensão de eventos de massa e o cancelamento do carnaval. A orientação da Secretaria Estadual de Saúde (Sesap/RN) continua sendo esta.
“Embora tenha diminuído, o número de casos ainda é muito superior a novembro do ano passado, o que demonstra que a transmissibilidade continua alta. Portanto, é importante falar da manutenção das medidas restritivas e uso de máscaras”, recomendou a subcoordenadora de vigilância epidemiológica da Sesap/RN, Diana Rego.
Em Natal, a Prefeitura informou que o carnaval permanece cancelado. “Outras medidas precisam ser estudadas. Não há nenhuma reunião marcada ainda para tratar dessas questões. O carnaval está cancelado”, comunicou por meio da Secretaria de Comunicação.
Da mesma forma, a Prefeitura de Parnamirim mantém eventos suspensos e sem data para reavaliar as medidas, porém, disse que está acompanhando os números da pandemia. São Gonçalo do Amarante vai renovar o decreto vigente e acompanhar as orientações do Governo do Estado, com eventos proibidos dentro do município.
No Seridó, o município de Caicó também suspendeu o carnaval, evento tradicional no calendário da cidade. “Estamos reavaliando, para ver se haverá necessidade de um novo decreto. O que posso adiantar é que os eventos públicos e privados seguem suspensos” afirmou o prefeito Dr. Tadeu.
Em Tibau do Sul, onde está a badalada Praia da Pipa, a Prefeitura também continua com a proibição de festas públicas durante o período de carnaval. “Conforme Decreto 02/2022. Eventos privados são liberados, porém, previamente autorizados pela gestão municipal, com todas as medidas de prevenção sanitária atendidas. No período de maior visitação, a Prefeitura vai reforçar as orientações para o público em geral quanto ao uso de máscara e distanciamento social, inclusive solicitando o reforço policial nas ruas de Pipa”, informou.
Recomendações
O diretor do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN), Ricardo Valentim, reforça que, mesmo com a queda significativa dos pedidos por internações no mês de fevereiro, ainda é preciso cautela e prudência, devido o número de novos casos diários que, apesar de estarem reduzidos, continua alto. “Chegamos a menos de 100 casos diários no RN nos meses subseqüentes ao pico da segunda onda. Portanto, os eventos carnavalescos que irão ocorrer na próxima semana deverão manter medidas rigorosas de proteção à saúde, exigir que todos estejam completamente vacinados, inclusive com a terceira dose (se já estiver no prazo)”, disse ele.
Outra recomendação é para os organizadores dos eventos avaliarem a exigência de testes negativos com 48 horas de antecedência. O uso de máscaras em lugares com aglomeração e em lugares fechados, especialmente transportes públicos devem ser mantidos. “Por fim, se essa tendência se mantiver é provável que até o final do mês de fevereiro ou final da primeira semana de março de 2022 o RN tenha um cenário bem melhor com relação os novos casos diários e também dos pedidos por internações. Neste momento, pré-carnaval o RN deve reforçar a vacinação, principalmente a D2 e a dose de reforço e trabalhar forte para ultrapassar até o início de março de 2022 os 50% das crianças entre 5 e 11 anos com a primeira dose”, sugere o diretor do LAIS.
