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Evo reforça a popularidade

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AMÉRICA LATINA - Evo Morales distribui recursos com crianças das escolas públicas

La Paz, Bolívia (AE) – O presidente boliviano, Evo Morales, encontrou um modo simples e eficiente para convencer a população dos benefícios da nacionalização do setor de gás e petróleo: ele distribuiu parte do dinheiro arrecadado com o aumento das taxas impostas sobre as petrolíferas estrangeiras para mais de 1 milhão de crianças da escola primária, dentro de um programa de combate à evasão escolar.

O programa foi chamado de Bolsa Juancito Pinto, em homenagem a um menino de 12 anos, espécie de corneteiro do Exército na guerra contra o Chile (1879), que combateu junto aos soldados de seu país quando as tropas começaram a ficar debilitadas. Cada aluno recebeu 200 bolivianos (US$ 25) no final do ano, sem que fosse necessário praticamente nenhum tipo de contrapartida (a não ser estar na escola). Pode parecer pouco, mas se considerarmos que o salário mínimo é de US$ 75 – e em algumas regiões muita gente não ganha nem isso -, dá para entender por que o programa teve grande efeito na popularidade de Evo.

Mais rápido do que se o dinheiro tivesse sido investido na melhoria das escolas, todos ficaram agradecidos com o presidente. “O objetivo principal do programa é eleitoreiro”, disse ao Estado o sociólogo Roberto Laserna, do Centro de Estudos da Realidade Econômica e Social, em Cochabamba. “Se a meta fosse combater mesmo a evasão escolar, o dinheiro poderia ser aplicado no ensino médio, onde esse problema é maior.”

Segundo analistas, porém, a capacidade de Evo de manter seu apoio com projetos sociais assistencialistas como esse é muito mais limitada que a de seu aliado, o presidente venezuelano Hugo Chávez. “O modelo adotado por Evo para conseguir popularidade é uma espécie de chavismo falido, com menos recursos financeiros e dependente de ajuda externa”, disse o cientista político Carlos Cordero, da Universidade Mayor San Andrés.

Dois dos principais projetos na área de saúde e educação recebem financiamento da Venezuela e capital humano de Cuba. Médicos cubanos teriam atendido, segundo fontes oficiais, mais de 3 milhões de pessoas (um terço da população boliviana) nos últimos dez meses e, dentro da “Operação Milagre”, teriam feito 52 mil operações de catarata.

O método cubano “Yo Sí Puedo” de alfabetização também começou a ser adotado no interior do país em 2006 e hoje atenderia mais de 300 mil pessoas. “Os resultados dos programas são interessantes, mas passam longe do que o governo vende: aprender a decifrar letras, por exemplo, não é o mesmo que saber ler”, diz Laserna. “Além disso, como aqui não há recursos, eles dependem de ajuda externa, o que pode não ser sustentável.”

Com as taxas impostas sobre o setor de petróleo e gás, o governo obteve em todo o ano passado uma receita de US$ 1,6 bilhão. É o mesmo que a empresa anglo-holandesa Unilever lucrou só nos primeiros três meses deste ano vendendo artigos como sabonete, sorvete e chocolate.

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