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Ex-ditador é preso no Uruguai

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Ariel Palacios – AGÊNCIA ESTADO

Buenos Aires (AE) – Pela primeira vez na história do Uruguai, um ex-ditador é preso por acusações de graves violações aos direitos humanos. Na sexta-feira de manhã, Juan María Bordaberry, presidente constitucional entre 1972 e 1973 e ditador entre 1973 e 1976, entregou-se em Montevidéu à Justiça uruguaia. Na noite da véspera, o juiz Roberto Timbal havia ordenado sua captura pela acusação de ser o responsável dos seqüestros e assassinatos de dois parlamentares uruguaios e dois militantes do movimento de esquerda “Tupamaros” em 1976.

O juiz também havia ordenado a captura do ex-chanceler de Bordaberry, Juan Carlos Blanco, que foi detido horas antes do ex-presidente. O juiz indicou que Bordaberry não será enviado à uma prisão especial. O ex-ditador e o ex-chanceler ficarão na Prisão Central de Montevidéu. Analistas indicavam que os advogados de Bordaberry pediriam que seja colocado em prisão domiciliar por causa de sua saúde fraca e idade (78 anos)

Os militares e policiais que cometeram violações aos direitos humanos durante a ditadura (1973-85) foram beneficiados em 1989 com a Lei de Caducidade Punitiva do Estado (lei de anistia). No entanto, ela não contempla os crimes cometidos por militares no exterior (vários oficiais foram extraditados por crimes no Chile, enquanto que outros aguardam a extradição por crimes realizados na Argentina) nem pelos civis, que é o caso de Bordaberry e o ex-chanceler. Mas, só houve clima político favorável para a revisão dos crimes da ditadura após a posse do presidente Tabaré Vázquez, de centro-esquerda, em 2005.

Vázquez não escondeu sua alegria: “a Justiça falou e a Justiça foi feita”. O juiz acusa o ex-presidente de co-autoria de homicídio agravado dos senadores Zelmar Michelini (na época, um dos principais líderes da oposição) e Héctor Gutiérrez Ruiz, além dos tupamaros Rosario Barredo e William Whitelaw.

Os assassinatos ocorreram em Buenos Aires, dentro do “Plano Condor” (plano de cooperação entre as ditaduras do Cone Sul). Um dos filhos de Michelini, o senador Rafael Michelini, celebrou a prisão de Bordaberry. O ex-presidente do Chile, o socialista Ricardo Lagos, que visitava Montevidéu, também festejou.

Bordaberry, um civil integrante do partido conservador Colorado, foi eleito presidente em 1972 nas urnas, no meio da crise econômica e do surgimento da guerrilha dos Tupamaros. Em 1973, apesar da guerrilha já estar praticamente derrotada, decidiu dar um autogolpe, dissolveu o Congresso, eliminou as liberdades civis e colocou militares nos principais postos do gabinete.

No entanto, seu governo ditatorial foi caótico, pois a crise econômica agravou-se e as tensões políticas dentro de seu governo aumentaram. Em 1976 foi deposto pelos próprios militares. A ditadura assassinou 32 uruguaios dentro do Uruguai. Outros 132 foram mortos fora do país, por meio do Plando Condor.

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