Michelle Ferret – repórter
“Nosso destino foi traçado na maternidade”. A canção composta por Cazuza e Ezequiel Neves talvez tenha sido uma previsão. Qualquer bobagem para se explicar coincidências são meras distrações. Contudo, a paixão cruel, desenfreada e exagerada de Cazuza se calou há 20 anos atrás, num chuvoso 07 de julho no Rio de Janeiro. No mesmo dia, hoje, depois do meio dia e embaixo de forte chuva, o produtor e parceiro de Cazuza, Ezequiel Neves, deixou o mundo.
Internado na Clínica São Vicente desde janeiro, ele sofria de cirrose e convivia com um tumor benigno no cérebro, vindo a morrer por falência múltipla de órgãos.
Ezequiel Neves foi o produtor que acreditou na carreira de Cazuza, ajudando-lhe a ser revelado Brasil e mundo afora. Além da produção do Barão Vermelho na década de 70, o produtor e jornalista foi considerado o crítico de música mais influente do Brasil. Conhecido como “Zeca Jagger”, ele foi além da simples convivência com Cazuza entre produtor e músico e deixou sua marca em canções como “Codinome Beija-Flor”, “Por que que a gente é assim?” e “Exagerado”, clássicos de Cazuza.
O último registro da amizade foi o filme “Cazuza – o Tempo não para” e Ezequiel deixou ainda há dois anos a biografia do Barão Vermelho em parceria com o jornalista Rodrigo Pinto. Ali, nos registros e nos desejos, eles pediam mais uma dose, dizendo que a noite nunca tinha fim. E talvez não tenha mesmo.