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Exames que salvam vidas

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Rosa Lúcia Andrade – repórter

Se você é daquelas pessoas que  não procura um médico há mais de cinco anos por não sentir dor nenhuma e só vai ao atendimento de urgência quando está com uma virose, cuidado! Não se trata de alardear doenças, mas se existe um acompanhamento de taxas de glicose, colesterol e triglicérides há chances de não se fazer parte de estatísticas como a do Censo da Diabetes. O último realizado em 1989, mostrava um quadro no qual 50% das pessoas entrevistadas e examinadas não sabiam e tinham a doença.

Dosagens são feitas através de amostras de sangue analisadas em laboratóriosApesar do Ministério da Saúde não ter realizado mais nenhum outro censo deste tipo nos últimos anos, estima-se que os 7,6% da população brasileira que tinha diabetes há 20 anos já deve ter chegado a índices bem piores atualmente: 12%. Tudo isso por falta de uma visita ao médico para saber se está tudo bem. Não que se vá procurar doenças, mas muitas delas são silenciosas e podem ser descobertas tardiamente, podendo apenas se combater suas complicações, como é o caso da já citada diabetes.

Existem outros exames considerados de rotina e de extrema importância para a saúde, como o papanicolau, para as mulheres a partir da idade fértil, além do de mama – seja auto-exame, ultra-sonografia mamária ou mamografia. Para os homens, acima de 40 anos, realizar a dosagem de PSA para ver se há indícios de câncer de próstata sem sintomas. Embora os médicos alertem que o câncer geralmente apresenta sintoma, e alterações no colesterol, triglicérides e glicose podem levar a infarto, Acidente Vascular Cerebral e diabetes sem que se saiba o que está ocorrendo até se investigar o ocorrido.

O que fazer, então? Que médico procurar? A primeira consulta deve ser a um clínico geral que deverá passar exames para ver essas dosagens. Dependendo ainda do histórico familiar, se houver casos de infarto, diabetes e pressão alta na família, principalmente entre pais e avós, o médico estabelecerá a frequência de visitas ou ainda, se necessário, encaminhar a um especialista que pode ser um cardiologista ou um endocrinologista.

Outro alerta dos médicos é quanto ao estilo de vida que as pessoas vêm levando, com maus hábitos, verificado há pelo menos 20 anos. Come-se mal, faz-se pouco exercício físico e trabalha-se muito, elevando assim o nível de estresse. A Sociedade Brasileira de Diabetes afirma que os resultados dos testes de nível de estresse acima de 300 pontos apontam para cerca de 70% de chance da pessoa desenvolver alguma doença séria em pouco tempo. E fica o alerta.

Comportamento  deve-se a mudanças recentes da medicina

A maioria das pessoas ainda não tem o hábito de visitar um médico periodicamente para verificar como andam as taxas de glicose, colesterol e triglicerídeos. E dentro dessa maioria os homens são os maiores responsáveis. Por que toda essa resistência? Um quadro global de uma medicina apenas curativa até bem pouco tempo, principalmente aqui no Brasil, levou os brasileiros a este comportamento. A palavra prevenção demorou a fazer parte do vocabulário nos consultórios médicos e ainda é rara entre os pacientes.

E como começa esse distanciamento dos pacientes dos consultórios? No primeiro ano de vida dos bebês as mães têm o cuidado de levá-los às consultas de rotina. Talvez ainda com o hábito das visitas mensais durante o pré-natal, como observam alguns médicos. Já no segundo ano de vida pode-se observar a baixa frequência e a partir daí poucas mães se preocupam em fazer consultas de rotina, mesmo que seja uma vez por ano. A não ser que seja observado algum problema de saúde que precise um acompanhamento mais rigoroso. E assim se segue a vida de milhares de brasileiros. Se não se sente dor nem há motivos aparentes para preocupação, por que, então, procurar um médico?

O problema observado pelos médicos é que muitas doenças, geralmente as que mais matam, são silenciosas. Não se trata dos devastadores cânceres. Trata-se da diabetes, a mais perigosa por não apresentar sintomas, além da hipertensão e das doenças decorrentes dos níveis altos de colesterol, como as coronarianas.

Como proceder

Geralmente, como observa o professor da cadeira de Endocrinologia do curso de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Josivan Gomes, quando uma pessoa chega ao quadro formado da diabetes é porque não fez acompanhamento adequado e daí por diante o tratamento, além de tentar manter limites de glicemia, se volta para evitar as complicações crônicas, como a cegueira, por exemplo.

Ele cita o censo da diabetes que mostrou em 1989 que 7,6% dos brasileiros tinham a doença – hoje, estima-se que se chegue aos mais de 12% -, e desse percentual, a metade afirmou desconhecer que tivesse qualquer problema.

Um quadro preocupante dentro da diabetes, refere-se às crianças e adolescentes que estão desenvolvendo cada vez mais a doença de forma mais grave, dependente da insulina, além de outras doenças consideradas de adultos, como a hipertensão. 

Além de não haver uma preocupação com a verificação de como anda a saúde, pais e responsáveis parecem não enxergar problema  algum em crianças e adolescentes com sobrepeso e sedentários. As brincadeiras, como todos já sabem e reconhecem suas conseqüências maléficas à saúde, se resumem a partidas de jogos eletrônicos cada vez mais. As bicicletas, os patins e as bolas raramente entram em cena. E esse comportamento gera o hábito para toda a vida.

A grande dificuldade vista entre os pacientes que apresentam problemas de saúde devido às taxas desreguladas é ter que enfrentar o exercício físico acompanhado de uma mudança alimentar. O professor Josivan Gomes cita uma pesquisa realizada na Inglaterra na qual observou-se que os pacientes, divididos em grupos de três, apresentaram resultados diferentes nos tratamentos. Um grupo recebeu apenas medicação; outro recebeu orientação e acompanhamento nutricional e de personal trainer; e o último apenas recebeu a informação de que deveriam mudar hábito alimentar e fazer exercício físico. Dos três, o que teve melhor resultado foi o segundo grupo. Embora, ao final da pesquisa por dois anos, os pacientes tenham voltado à condição de risco um ano depois.

Saiba mais

www.diabetes.org.br

www.cardiol.br

www.endocrino.org.br

Entenda o que dizem as taxas

Alterações têm que ser confrontadas ainda com estado geral do paciente para se chegar a um diagnóstico mais completo pelo médico

• Colesterol total

Material: sangue

Objetivo do exame: Avaliação do risco aterogénico. O risco de contrair doença cardíaca coronariana, aumenta paralelamente ao aumento do colesterol total. Para obter índices indicativos de risco é necessário definir um perfil lipídico, com os valores de colesterol total, LDL colesterol, HDL colesterol e triglicérides.Confiabilidade do exame: Altamente confiável.Tempo gasto para realização do exame: 15 minutos.Preparação do paciente: Jejum de 12 horas. Não consumir, antes do exame, drogas que estejam relacionadas ao aumento do colesterol como, por exemplo: ACTH, esteróides anabólicos, corticoesteroides e anticoncepcionais orais.Tempo necessário para obter os resultados: Entre 24 e 48 horas após a realização do estudo.Valores normais:Valor desejado: <200 mg / dl.

• Glicemia de Jejum

Objetivo: é o exame mais comum para medir o nível de glicose no sangue.

Material: sangue

Tempo gasto: 15 minutos.

Valores normais:  70 até 110 mg/dl. Se o resultado ficar em torno de 110 a 125 mg/dl, o indivíduo é portador de glicemia em jejum inapropriada. Assim, torna-se necessário à realização do exame conhecido como “Teste Oral de Tolerância à Glicose”. Ocorrendo um resultado igual ou acima de 126 mg/dl, em pelo menos dois exames consecutivos, fica então confirmado o diagnostico de Diabetes Mellitus.

•Triglicérides

Material: sangue

Tempo gasto para obter os resultados: 5 a 8 minutos.

Finalidade: determinar o excesso de gordura no sangue. Identificar o tipo de alteração do metabolismo dessas gorduras. Determinar risco de patologia coronariana. Geralmente é avaliado conjuntamente com o colesterol.

Preparação prévia: Jejum de pelo menos 12 horas. Evitar a ingestão de álcool, pelo menos 24 horas antes do exame.

Resultados:

Valores normais máximos: Variam segundo a idade.

0 a 9 anos – 140 mg/dl30 a 39 anos – 150 mg/dl40 a 49 anos – 160 mg/dl50 a 59 anos – 190 mg/dl

Tempo necessário para obter resultados: alguns minutos de trabalho no laboratório.

Confiabilidade dos resultados: boa.

•Tiroxina (T4)

Material: sangue

Tempo gasto para obter os resultados: 5 a 10 minutos.

Finalidade: avaliar a função tireoideana, ajudar na confirmação do diagnóstico do hipotireoidismo e hipertireoidismo.

Preparação prévia: não é necessária.

Resultados:

Valores normais: T4: 5 a 13,5 microgramos / dl.

Tempo necessário para obter os resultados: aproximadamente 2 dias.

Confiabilidade dos resultados: boa.

•Papanicolau (citologia vaginal)

Objetivos do exame: este teste detecta 95% dos cânceres cervicais.

Material a ser analisado

Realizado durante o exame ginecológico. Usando uma espátula de madeira, uma escovinha ou uma esponja de algodão, o médico raspa a superfície do colo do útero, para obter células, e também consegue amostras de dentro do canal cervical, introduzindo um tipo de cotonete longo. Confiabilidade do exame: altamente confiável

Valores

Um resultado negativo significa que o colo é normal.

Um resultado positivo significa que aparecem células anormais. Deve-se realizar uma avaliação mais profunda.

Boa nutrição e exercícios são aliados

A frequência de idas ao consultório depende de vários fatores a serem observados pelos médicos. Quando existe um histórico familiar de diabetes, cardiopatias ou de hipertensão, dependendo ainda dos hábitos do paciente, é provável que se indique novas avaliações a cada seis ou até três meses. Mas quando não existe sinal de sobrepeso, mas com casos dessas doenças na família, pode-se fazer acompanhamento com prazos bem mais elásticos.

O endocrinologista Josivan Gomes afirma que apesar de haver uma maior abertura para alimentação mais saudável hoje em dia, mesmo com uma parcela considerável de preferência de muitos por fast food e comidas regionais gordurosas, o maior problema enfrentado ainda é o sedentarismo.

Hoje em dia, principalmente para os nordestinos que não tinham muito acesso a leguminosas e grãos que favorecem às taxas, as opções postas em feiras e supermercados são muitas. O próprio acesso a nutricionistas também aumentou, principalmente com a adesão de planos de saúde e de programas governamentais voltados para a população de baixa renda. Um ponto a favor para quem está preocupado com a saúde.

Mas a vida sedentária de quem trabalha muito tempo sentado e se sente esgotado para enfrentar uma caminhada que seja, eleva o índice dessas doenças e preocupa cada vez mais os médicos. Isso sem contar a parcela dos adolescentes que não gostam de se exercitar.

O sedentarismo é ruim para todas as pessoas. Os exercícios físicos aeróbicos, aqueles de longa duração e com baixa intensidade, como andar de bicicleta, correr, nadar ou caminhar aceleram o funcionamento do corpo inteiro, que, para obter energia, consome a gordura que está sobrando.

Além do cuidado com a alimentação e praticar uma caminhada, que seja, obedecendo as orientações de 150 minutos por semana e sendo dividido em, no mínimo, três vezes por semana, fazer exames de sangue são fundamentais.

A taxa de glicose vai observar os níveis de açúcar no sangue para saber se estão dentro de parâmetros saudáveis, fornecendo, desta forma, dados para investigação, diagnóstico e monitoramento da hiperglicemia (glicose elevada no sangue), hipoglicemia (glicose diminuída no sangue), diabetes e pré-diabetes.

A observação do colesterol avalia o risco de mudanças nas artérias. O colesterol é necessário ao organismo, mas em excesso, prejudica as artérias com formação de placas de gorduras nas paredes internas.  O risco de contrair doença cardíaca coronariana, aumenta paralelamente ao aumento do colesterol total. Para obter índices indicativos de risco é necessário definir um perfil lipídico – de gorduras -, com os valores de colesterol total, LDL – colesterol ruim -, HDL – colesterol bom – e triglicérides. O índice baixo do colesterol bom associado ao aumento do triglicérides pode significar risco de infarto.

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